IBGE reduz estimativa, mas ainda prevê safra recorde de grãos em 2025

LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) reduziu a sua estimativa mensal para a safra de grãos em 2025, mas ainda prevê um recorde para este ano.

Conforme a projeção de fevereiro, divulgada nesta quinta (13), a produção do país deve alcançar a máxima de 323,8 milhões de toneladas neste ciclo. O número esperado é 2,3% maior do que o recorde registrado até o momento, que ocorreu em 2023 (316,4 milhões de toneladas).

A nova previsão (323,8 milhões de toneladas) supera em 10,6% a safra obtida em 2024 (292,7 milhões de toneladas), quando as lavouras sofreram com o clima adverso, mas ficou 0,5% menor do que a expectativa de janeiro para 2025 (325,3 milhões de toneladas).

As informações integram o LSPA (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola). A série histórica do IBGE reúne dados desde 1975.

A soja, o milho e o arroz são os três principais produtos investigados. Em conjunto, representam 92,9% da estimativa de safra.

O IBGE afirmou que a soja tende a alcançar o recorde de 164,4 milhões de toneladas neste ano. A perspectiva para o grão é de aumento de 13,4% em relação ao ano passado.

A semeadura passou por atraso, mas as chuvas de outubro a dezembro permitiram o bom desenvolvimento das lavouras na maioria das regiões, disse o instituto.

A previsão, contudo, teve declínio de 1,3% ante a estimativa de janeiro. Conforme o gerente da pesquisa do IBGE, Carlos Barradas, a queda está associada ao quadro da soja no Rio Grande do Sul.

A estiagem e as altas temperaturas prejudicaram o desenvolvimento da cultura no estado.

“Houve perdas registradas no Rio Grande do Sul, por conta da falta de chuvas neste início de ano”, disse o técnico em nota divulgada pelo instituto.

Quanto ao milho, a estimativa de produção no país é de 124,8 milhões de toneladas. O patamar cresceu 0,5% em relação à previsão de janeiro para 2025. Também sinaliza alta de 8,8% ante o volume de 2024.

A produção brasileira de milho deve ser a segunda maior da série histórica, perdendo somente para 2023, afirmou o IBGE.

Já a estimativa para o arroz é de 11,5 milhões de toneladas. Isso indica um crescimento de 0,7% em relação à previsão de janeiro e de 9% ante a safra de 2024.

“Os preços e a rentabilidade da cultura encontravam-se atrativos para o produtor, incentivando o aumento da área na época do plantio. O aumento das áreas de arroz é um fator importante para o país, pois há alguns anos a cultura vem perdendo espaço para lavouras mais rentáveis como a soja e o milho”, disse o IBGE.

Para o feijão, a estimativa, considerando as três safras, é de 3,4 milhões de toneladas. O número sinaliza um declínio de 1,2% em relação a janeiro e um crescimento de 9,6% ante 2024.

Segundo o instituto, a produção deve atender ao consumo interno brasileiro em 2025, não havendo necessidade de importação do produto.

CONAB TAMBÉM PROJETA RECORDE

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) também divulgou nesta quinta a sua nova estimativa para a safra de grãos. A estatal prevê agora uma produção de 328,3 milhões de toneladas.

O volume projetado indica aumento de 10,3% frente ao obtido no ciclo anterior. Caso o número se confirme, será um novo recorde na série histórica.

O cenário, afirma a Conab, reflete o avanço da área plantada e a recuperação da produtividade média das lavouras.

O órgão, ao contrário do IBGE, elevou a previsão para a safra em 0,8% na comparação com o número divulgado no mês anterior (325,7 milhões de toneladas).

SAFRA PODE ALIVIAR INFLAÇÃO

Segundo analistas, a produção de grãos pode gerar algum alívio para a inflação dos alimentos, que virou dor de cabeça para o governo Lula (PT).

A carestia da comida é apontada como uma das principais razões para a queda da popularidade do presidente.

Em busca de uma redução dos preços, o governo promete zerar a alíquota de importação de produtos como carne, café, milho, óleos e açúcar.

Associações de produtores, por outro lado, afirmaram que a medida é inócua em razão da ausência de fornecedores competitivos.

Na quarta (12), o IBGE apontou que a inflação do grupo alimentação e bebidas desacelerou a 0,7% em fevereiro, após marcar 0,96% no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de janeiro.

Ainda assim, o segmento acumula alta de 7% em 12 meses. É a maior entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados no IPCA.

Questões climáticas prejudicaram a safra em 2024, causando impactos na inflação dos alimentos, segundo analistas. Enchentes de proporções históricas no Rio Grande do Sul e períodos de seca em diferentes regiões fizeram parte da lista de problemas.

O dólar alto também foi visto como um fator de pressão sobre os preços da comida.

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