Empresas reciclam sucessos para a Páscoa e apostam em barras de chocolate

JÚLIA GALVÃO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Consumidores que se preparam para as compras da Páscoa de 2025 devem encontrar tanto sucessos consolidados quanto opções econômicas de chocolate. Com a alta do cacau, que no ano passado atingiu o maior aumento dos últimos 50 anos, os fabricantes recorrem a soluções mais acessíveis para atender ao público.

Segundo a Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas), 803 tipos de produto estarão disponíveis, com 94 lançamentos no setor. Ao todo, 45 milhões de ovos de Páscoa serão produzidos.

“Os lançamentos reforçam esse caráter democrático da Páscoa. Quando você oferece uma quantidade ampla de produtos, dá uma liberdade de escolha muito grande para o consumidor. Nesse momento em que se discute bastante questões relacionadas a preço, essa é uma preocupação válida e importante”, afirma o presidente da Abicab, Jaime Recena.

Iris Ferraz, gerente de produtos da Cacau Show, afirma que a fabricante tem 78 produtos dedicados à Páscoa. Os ovos dos Ursinhos Carinhosos, sucesso do ano passado que até esgotaram antes da data, voltam a ser vendidos com outras figuras conhecidas, como Snoopy, Bob Esponja, Harry Potter e Looney Tunes.

Sabores frequentemente buscados pelo público, como os ovos de pistache, também estão de volta.

Segundo Iris, a empresa espera crescer cerca de 30% em relação ao ano passado, apenas nesta data.

Quanto à alta dos preços, Iris diz que foram feitos investimentos nos setores de tecnologia das fábricas para reduzir custos sem diminuir a qualidade dos produtos. “A qualidade é algo que grita para a gente, e não vamos mexer nisso, mas fomos buscando formas de otimizar o processo fabril para repassar a menor ordem de grandeza possível de aumento de preço ao consumidor”, afirma.

A gerente de Páscoa da Nestlé e Garoto Camila Hadaya diz que a empresa busca um recorde de vendas para este ano. “Nós tivemos uma grata surpresa com o Caribe no último ano, foi uma última ótima realização de resultados, então para esse ano a gente triplica o volume de Caribe, a pedido dos consumidores”, explica.

Outra novidade da marca será o Charge, chocolate criado na década de 80, que também ganhará uma versão em formato de ovo de Páscoa. O Chocotrio, produto que une biscoitos com chocolates, também terá versão em formato de ovo.

Pela primeira vez, a Ferrero Rocher oferece tabletes de chocolate para seus consumidores. Segundo Fábio Pessoa, diretor de marketing para América do Sul, esse é o portfólio mais completo da história da marca, já que, além das barras, a marca oferta também os clássicos bombons e ovos.

A Kinder Ovo, marca que faz parte do grupo Ferrero, tem versões de ovos de 150 g e 100 g e também opções de Marsha e o Urso e dos Minions. Aqueles que preferirem também terão acesso a produtos menores, como o Kinder Bueno e o Kinder Tronky.

A Arcor aposta nos produtos conhecidos do grupo, como a linha Tortuguita. A empresa também espera um crescimento de vendas com produtos da linha adulta, como a Inspiration e a marca Bon o Bon, além de barras de chocolate e bombons.

ALTA DO CACAU

O preço da tonelada do cacau ultrapassou os US$ 11 mil em 2024. Segundo Jaime Recena, presidente da Abicab, atualmente, o valor começa a se estabilizar em torno de US$ 8.500. Antes da crise, no entanto, o preço médio era de cerca de US$ 2.500.

Para os preços de chocolates em barras e bombons, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registrou uma inflação de 11,99% nos 12 meses de 2024. Em fevereiro deste ano, a inflação para os produtos foi de 4,63%.

Entre os motivos que explicam a alta nas cotações estão as colheitas ruins na África Ocidental em 2023, principalmente na Costa do Marfim e em Gana, países que produzem cerca de dois terços do cacau mundial.

Com o baixo volume de chuvas e doenças nas plantas, o produto passou por uma escassez que afetou o mercado global da fruta e de seus derivados. A expectativa para este ano é de que as colheitas nos dois países sejam melhores.

“Outro desafio que a gente tem com relação a questões climáticas é o fato de o chocolate ser um produto sensível ao calor. A indústria tem buscado alternativas junto aos pontos de venda para que o produto esteja em condições adequadas”, diz Recena.

PEQUENOS PRODUTORES

A alta do cacau afeta também os pequenos produtores, que costumam contar com maiores porcentagens de cacau em seus chocolates. Tuta Aquino, presidente da Bean to Bar e CEO da Baianí Chocolates, diz que, neste momento, as marcas buscam se adaptar, com mudanças que vão desde o tamanho dos produtos até a criação de outros modelos.

“A questão climática tem afetado a produção de uma forma muito rápida, com mudanças imprevisíveis e muito impactantes”, afirma o especialista.

Apesar dos efeitos climáticos na produção do produto, Aquino é otimista com relação ao espaço que a produção de cacau ainda pode ter no Brasil. “A gente consome muito mais do que a gente produz. Então, a gente tem muito a ganhar”, diz.

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