Número de pedidos em aberto para poda de árvore em São Paulo cresceu 832% em 2024

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LUCAS LACERDA, DIEGO ALEJANDRO, CRISTINA CAMARGO E FÁBIO PESCARINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Seguindo uma tendência dos últimos anos, os pedidos para que a Prefeitura de São Paulo avalie a remoção ou a poda de árvores em calçadas e praças da cidade tiveram novo crescimento em 2024 na comparação com os registros de 2023.

O ano passado chegou a 77.625 solicitações, ante 73.497 no período anterior. O levantamento da reportagem considerou as informações mais recentes das solicitações do SP156 publicadas no portal de dados abertos da gestão Ricardo Nunes (MDB).

Com isso, o número de solicitações em aberto sobre o assunto teve um crescimento de 832%, saltando de 2.062 no fim de 2023 para 19.215 ao final de 2024.

Segundo o glossário da prefeitura, a solicitação só é finalizada após o órgão competente analisar a demanda feita pelo cidadão e enviar uma resposta, o que não significa necessariamente que a árvore foi removida ou podada -os técnicos municipais podem decidir que nenhuma ação é necessária, por exemplo. Também pode haver múltiplas solicitações para o mesmo endereço.

Os dois últimos anos ficaram marcados por diversos temporais na cidade, como desta quarta-feira (12), que deixou uma pessoa morta e 340 árvores caídas. Segundo a Defesa Civil, os ventos chegaram a 101 km/h durante a chuva. A estimativa ficou acima dos 61 km/h registrados em estações do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e da FAB (Força Aérea Brasileira) na cidade.

A cidade tinha, na manhã desta quinta-feira (13), 63 vias interditadas por árvores caídas por causa da chuva. Mais de 129 equipes atuavam em corte e remoção para liberar os locais.

O CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas) da Prefeitura de São Paulo voltou a declarar estado de atenção para alagamentos na tarde desta quinta-feira (13), embora a chuva não tenha chegado perto da intensidade da tarde anterior. A previsão de temporais continua ao menos até domingo (16), segundo o Inmet.

Após a chuva de quarta, 176 mil clientes da Enel, concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica na capital e na Grande São Paulo ficaram sem luz. Na tarde desta quinta-feira, 50 mil ainda aguardavam a retomada do serviço de energia elétrica, como era o caso da psiquiatra Luiza Marques de Oliveira, 35.

Moradora de Perdizes, na zona oeste de São Paulo, ela disse que o problema é costumeiro após temporais e que a energia caiu logo após o início da chuva desta quarta.

Uma árvore caiu na rua Caiubi, na altura da esquina com a Ministro Godói, e atingiu a fiação, interrompendo o serviço em várias partes do bairro.

Segundo a médica, o primeiro chamado para a Enel foi aberto às 17h45 de quarta, e foram acionadas Defesa Civil e prefeitura. “Nesse tempo todo, já estávamos sem energia e, para deixar a situação ainda pior, por volta das 18h30, era possível ouvir barulhos de explosão pelo contato da árvore com os fios, o que deixou muita gente apavorada, principalmente as grávidas, uma mãe com um recém-nascido e as crianças que estavam no prédio.”

Equipes da Enel estiveram no local à 0h57 e permaneceram por quase duas horas na rua, mas a energia não foi restabelecida. Na manhã desta quinta, funcionários da prefeitura aguardavam no local por equipes da concessionária, que chegaram às 13h30 com um veículo não apropriado para o serviço e precisaram voltar às 14h30. Até as 17h, ainda havia dois postes tortos na rua, segundo a médica, e a energia ainda não havia voltado.

A árvore bloqueou uma garagem e as 24 horas sem luz causaram transtornos como alimentos estragados, segundo Luiza.

A Enel confirmou que equipes estiveram na quarta na rua Caiubi para atender os chamados para uma árvore de grande porte que destruiu cabos e equipamentos elétricos. Afirmou que a fiação está desenergizada e que o local foi isolado.

“Cerca de 190 unidades consumidoras estão desligadas no momento, 6% do total afetado no endereço durante a chuva. Hoje, equipes de obras pesadas da companhia apoiam a Defesa Civil nos trabalhos de remoção da árvore, para iniciar a reconstrução da rede.”

Para o botânico e paisagista Ricardo Cardim, a cidade precisa investir em equipes qualificadas e com profissionais exclusivos para monitorar e tratar as árvores. “É fazer um acompanhamento periódico dessas árvores. E quando falo em periódico, é você visitar, dividir essas equipes por região e essas equipes monitorarem essas árvores, pelo menos a cada seis meses.”

Em nota, a gestão Nunes afirma que coordena ações de manejo de árvores na cidade ao longo de todo o ano. “Todas as demandas de poda e manejo de árvores registradas na Central SP156 são avaliadas tecnicamente e atendidas conforme as condições de cada exemplar, priorizando situações de risco e urgência.”

Cada uma das 129 equipes, detalha a administração, tem cerca de dez colaboradores supervisionados por um engenheiro agrônomo, e o número desses profissionais cresceu de 239 em 2021 para 394 atualmente.

“Com esse esforço, foi possível reduzir para cerca de 30% o estoque de pedidos para poda e remoção de árvores, que, em 2017, era de 81 mil ordens de serviço. Somente em janeiro e fevereiro de 2025, a prefeitura podou 23.590 árvores e removeu 2.835.”

A prefeitura afirma ainda que a poda ou remoção de árvores que estejam em contato com a rede elétrica só pode ser realizada após intervenção da Enel.

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