Prefeitura de Salvador ‘fecha portas’ para debate sobre espigões

A construção de dois prédios de luxo na praia de Buracão, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, permanece no centro dos debates sobre preservação ambiental e destruição dos espaços naturais da cidade. Em entrevista ao Portal A TARDE, o presidente do SOS Buracão, organização que luta contra a obra na região, Miguel Sehbe, afirmou que a Prefeitura de Salvador tem fechado as portas para o dálogo com os moradores. Segundo Miguel Sehbe, o secretário de Desenvolvimento Urbano da capital, João Xavier, não respondeu aos pedidos recentes de audiência para debater o tema. Ele frisou que a população não tem sido escutada nas discussões, e que em 2023, antes mesmo de confirmar a construção dos prédios, a gestão municipal já havia dado o alvará para a Odebrecht.”Zero diálogo. Pedimos audiência com o João Xavier, que é o funcionário da Sedur, não houve sequer resposta. Ouvidos à população é zero. A rua lá tem mais de 300 moradores, e por parte da Prefeitura, eles deram anuência. Vai ter que passar por cima de 300 pessoas”, afirmou.Um dos danos ambientais com a construção dos espigões é a criação de uma sombra que cobriria toda a faixa de areia, o que é proibido por lei. Os prédios terão, caso saiam do papel, cerca de 70 metros para quem está na praia. O Cristo Redentor, principal cartão postal do país, tem 38 metros.Especialistas alertam que algumas consequências da construção, como a trepidação do solo, podem prejudicar o ambiente marinho, uma vez que a região é conhecida pela desova de tartarugas.”O alvará foi dado em outubro de 2023 […] São 54 metros acima do nível da rua, mas para quem está com o pé na praia são 70 metros. O Cristo Redentor tem 38 (metros). É uma loucura, eu não entendo como arquitetos renomados assinam uma bárbarie dessas. Não adianta, vai dar sombreamento, e consta como proibição federal, estadual e municipal”, disparou Miguel.Durante a traidicional festa de Iemanjá, em fevereiro, o grupo realizou um cortejo em protesto ao empreendimento de luxo, que contou com a párticipação de políticos como os deputados estaduais Robinson Almeida (PT), Olívia Santana (PCdoB) e Marcelino Galo (PT), e dos vereadores Marta Rodrigues (PT) e Hamilton de Assis (Psol).
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