Tyler Wright expõe dificuldades enfrentadas por mulheres, e denuncia agressões e desigualdade no esporte.

Tyler Wright

[media-credit id=21232 align=”alignnone” width=”3840″][/media-credit] Tyler durante o MEO Pro Portugal 2024, Molhe Leste, Peniche.

Um estudo conduzido pela University of Technology Sydney revelou que, apesar dos avanços recentes na equidade de gênero no surfe, as mulheres ainda enfrentam barreiras estruturais e culturais significativas dentro do esporte.

A pesquisa, liderada pelas doutoras Ece Kaya e Leila Khanjaninejad, incluiu entrevistas com campeãs mundiais, ex-profissionais e membros de clubes de surfe, destacando os desafios enfrentados pelas surfistas em um ambiente predominantemente masculino.

A matéria, publicada pelo site The Inertia, que abordou as conclusões da pesquisa e relatos de surfistas profissionais sobre o tema. A bicampeã mundial (2016/2017) Tyler Wright compartilhou sua experiência, relatando episódios de agressões físicas e verbais dentro d’água.

[media-credit id=22033 align=”alignnone” width=”3840″][/media-credit] Tyler abre o leque no Margaret River Pro 2024, Main Break, Austrália.

“Já fui atacada por homens na água, levei golpes na cabeça, fui xingada, gritaram comigo”, revelou Wright.

Para a surfista, os lineups não são apenas passivamente perigosos, mas podem ser ativamente intimidadores e pouco acolhedores, especialmente para aquelas que ainda estão se inserindo no ambiente do surfe.

Ainda de acordo com o Inertia, os pesquisadores apontam que, embora a Liga Mundial de Surfe (WSL) tenha implementado a equiparação da premiação entre homens e mulheres e o governo australiano tenha investido AUS$ 1 milhão criação de 50 novos clubes femininos de surfe, ainda há desafios sistêmicos a serem enfrentados.

Entre os obstáculos mencionados estão as táticas de localismo agressivo dentro e fora da água, que continuam a afastar mulheres do esporte.

[media-credit id=21727 align=”alignnone” width=”3840″][/media-credit] Tyler venceu o Pipe Pro 2025.

“Sinto que, como comunidade, por muito tempo aceitamos esse comportamento agressivo como algo normal, mas não acho que seja”, disse Wright. “O surfe, de forma geral, ainda é um esporte muito exclusivo.”

A surfista também criticou a hipersexualização das mulheres no surfe, lembrando que em sua geração prevalecia a ideia de que “sexo vende”.

“Não éramos realmente autorizadas a ser artesãs do nosso próprio esporte. Precisávamos ser percebidas de uma certa maneira, muitas vezes ligadas à sensualidade. Se não nos encaixássemos nesse padrão, enfrentávamos dificuldades financeiras e falta de oportunidades”, acrescentou.

[media-credit id=22034 align=”alignnone” width=”3840″][/media-credit] Tyler concede entrevista no Margaret River Pro 2024, Main Break, Austrália.

A Dra. Kaya reforçou que muitas mulheres relatam sentir que precisam provar seu valor a cada vez que entram no mar e que frequentemente se sentem aterrorizadas pela hostilidade dos homens no lineup. “O surfe é um esporte patriarcal”, afirmou Kaya.

“A cultura do surfe na Austrália tem sido dominada por homens há muito tempo. O oceano é para todos. As mulheres devem se sentir seguras e apoiadas, e não intimidadas na água.”

O estudo também indicou que eventos específicos para mulheres no surfe têm potencial para gerar mudanças positivas na indústria.

[media-credit id=20591 align=”alignnone” width=”3840″][/media-credit] Tyler dá uma rabetada durante o MEO Pro Portugal 2024, Supertubos, Peniche.

Além disso, destaca três áreas que necessitam de mais pesquisa: a análise da dinâmica de patrocínios, a eficácia da implementação de políticas inclusivas e a avaliação de iniciativas culturais para transformar o ambiente do surfe.

Os pesquisadores pedem um apoio contínuo das entidades governamentais, patrocinadores, clubes locais e da comunidade do surfe como um todo para fomentar mudanças concretas e duradouras no esporte.

Fonte The Inertia

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