Graduanda do curso de medicina veterinária pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Ana Caiuiá Suiá Trumai é nascida na aldeia Pavu, na região central do Xingu, no norte do país, mas que mudou-se para outras comunidades devido ao trabalho do pai. Hoje em Goiânia, a estudante conta em podcast do Centro Audiovisual (CAud), unidade do Museu/Funai de Goiânia, sobre a tentativa de resgate da língua falada pelo pai e que foi classificada como “isolada”.
O sobrenome Suiá, conta, vem da mãe e Trumai, do pai. “Meus pais são de povos diferentes eles falam línguas diferentes, por exemplo a minha mãe fala uma língua de um grupo linguístico, que é o g, e o meu pai fala uma língua que é classificada como isolada, então eu estou no processo de resgatar essa língua”, revela. Por outro, Ana teve mais contato com a língua falada pela mãe, além de um registro com mais detalhes sobre suas raizes.
Durante a conversa, ela falou sobre a família, a vida na aldeia, as dificuldades que os jovens indígenas enfrentam para estudar e trabalhar na cidade, sobre sua atuação como ativista do Movimento das Mulheres Indígenas do Território do Xingu (MMTIX), entre outros temas.
Ana nasceu no Território Indígena do Xingu e foi morar em diferentes locais acompanhando os pais. Mas mudou-se sozinha para Goiânia, cidade onde faz graduação. Em paralelo às adversidades comuns aos jovens que chegam sozinhos a uma cidade grande, Ana Trumai teve de enfrentar o preconceito. “Falta muito acolhimento ao diferente, um mergulho real nessa dimensão que é a cultura indígena”, relatou.
Além da passagem por Goiânia, Ana participou de trabalhos voluntários durante a graduação como a conservação de tartarugas marinhas. Sobre a vida acadêmica, Trumai conta passou pelo manejo de animais de pequeno porte, mas a área silvestre tornou-se a favorita. “Penso muito sobre saúde pública também, que é essencial e muito importante e a professora Ana Maria, de sanidade de aves que sempre teve interesse em me escutar e hoje estudamos um projeto para autar dentro do território”, diz.
Ana Trumai disse que sua família está abrindo uma nova aldeia e precisa de apoio para suprir questões básicas, uma delas é o acesso à água. Sílvia Mattos perguntou se procede a informação de que as nascentes que nascem fora do Território Indígena do Xingu têm sido contaminadas por agrotóxicos e ela confirmou: “não podemos mais consumir a água do rio Xingu”.
A respeito de sua atuação no Movimento das Mulheres Indígenas do Território do Xingu, fundado em 2019 para articular e unir as mulheres indígenas visando sua participação nas decisões políticas, tanto dentro como fora de suas aldeias, Ana contou que ingressou no Movimento no final de 2024 e está aprendendo com aquelas que vêm atuando há mais tempo. “O movimento é fundamental para as mulheres e meninas dentro do território, pois permite sentar com os homens para conversar sobre os assuntos que nos afetam”, esclarece.
Ela contou também que tem participado das discussões sobre a construção do Plano Museológico do Museu/Funai.
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