Vergonha, mas nem tanto…

charge supersalários

Imagine a cena: três engravatados de cartola e charuto caminham com sorrisos largos e… línguas entrelaçadas. Estranho? Só até percebermos o que está por trás disso tudo: os famosos supersalários do serviço público brasileiro.

Um deles diz, com um ar dramático: “Eu fico muito constrangido por ganhar tanto dinheiro!”. O outro responde: “Eu também, nobre colega”. E o terceiro, com um toque de ironia: “Devemos aumentar por conta dessa vergonha que nos fazem passar?”.

O humor ácido revela uma realidade que parece piada, mas é seríssima. Supersalários são vencimentos que ultrapassam o teto constitucional do funcionalismo público (R$ 44 mil mensais, hoje), somados por meio de penduricalhos como gratificações, auxílios e indenizações que, no final, fazem o contracheque parecer um bilhete premiado.

Em 2024, a Câmara dos Deputados até aprovou um projeto para coibir essa farra, tentando limitar esses artifícios e dar mais transparência aos vencimentos. Mas, como vemos na cena, quem se diz “constrangido” com tanto dinheiro muitas vezes está apenas buscando um novo motivo para engordar ainda mais o bolso — afinal, nada mais desconfortável do que ganhar demais sem um bom pretexto, não é?

No fundo, a vergonha não está no valor do salário… está mesmo é na cara de pau.

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