Senado da Colômbia barra reforma trabalhista em meio a protestos a favor de Petro

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Em nova derrota para um presidente politicamente enfraquecido, senadores da Colômbia rejeitaram nesta terça-feira (18) a proposta de uma reforma trabalhista defendida com unhas e dentes por Gustavo Petro.

O projeto, que segundo o governo visa melhorar as condições dos trabalhadores e expandir proteções, foi barrado depois que 8 dos 14 senadores de um comitê estabelecido para analisar o tema votaram para arquivá-lo. A reforma já havia sido apresentada outras duas vezes no Congresso -o mesmo grupo a rejeitou em 2023, forçando o governo a trabalhar com um texto mais enxuto, porém ainda insuficiente para aprová-lo.

Políticos de direita e associações empresariais são contra a reforma com o argumento de que as mudanças aumentariam os custos trabalhistas, o que poderia desestimular investimentos. Mas o projeto foi uma das principais promessas da campanha de Petro, que continua decidido a emplacá-lo.

O presidente convocou para esta terça atos em todo o país como uma forma de pressionar os congressistas. Cidades como Bogotá, Medellín, Cali, Barranquilla e outras capitais, registraram manifestações, e milhares de pessoas foram às ruas com bandeiras e cartazes pró-reforma.

“O Congresso da Colômbia está dando as costas ao povo. Não somos escravos, não somos servidores do poder, somos seres humanos”, afirmou Petro em um dos atos, em Bogotá, ainda antes da votação.

A derrota de Petro já era esperada. Congressistas opositores assinaram na semana passada um parecer para arquivar o projeto. O presidente, por sua vez, critica o que chama de bloqueio institucional -o governo não tem maioria no Congresso colombiano. Na véspera, o líder ainda decretou um “dia cívico” para permitir que os servidores públicos participassem da jornada de protestos. Em vão.

Após a sessão no Senado, Petro disse que convocaria uma consulta popular sobre o tema. E subiu o tom contra os “oligarcas e donos do dinheiro”. “Os oligarcas, os donos do dinheiro, os que matam e assassinam já saíram para gritar contra a consulta popular porque eles têm medo do povo”, disse. “O povo deve se rebelar com a maior força possível. Não aceitamos tiranias.”

O líder de esquerda assumiu o poder em 7 de agosto de 2022 com o apoio do Congresso, que aprovou uma reforma tributária para aumentar os impostos sobre os mais ricos. Mas, depois disso, a lua de mel terminou e, desde então, o presidente vem apelando aos seus apoiadores para mostrar apoio aos seus projetos no Legislativo.

A oposição afirma que a convocação para uma consulta popular é, na verdade, o início de uma campanha governista de olho nas eleições presidenciais de 2026, das quais Petro não poderá participar por lei.

A cerca de um ano das eleições presidenciais, Petro faz movimentações em tentativas de aprovar reformas importantes. No mês passado, por exemplo, ele pediu a renúncia dos seus ministros para fazer uma reforma ministerial.

Além das mudanças trabalhistas, outra bandeira importante que o governo tenta emplacar é uma reforma na saúde, com a qual quer reduzir a participação do setor privado no sistema. Não há perspectiva para aprovação.

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