Iguanas viajaram 8.000 km em “jangada natural” rumo a Fiji

Cientistas dizem que os lagartos provavelmente flutuaram até Fiji através do Pacífico há milhões de anos em uma jangadas de vegetação.Richard Sowersby/Alamy

Milhões de anos atrás, iguanas possivelmente chegaram a Fiji após uma jornada extraordinária iniciada na América do Norte sobre vegetação flutuante, diz estudo divulgado nesta segunda-feira (17).

Pesquisadores analisaram os genes de 14 espécies, descobrindo que esses répteis podem ter se deslocado por cerca de 8.000 km sobre uma “jangada natural” formada por árvores e plantas desprendidas, cruzando o vasto Oceano Pacífico.

A pesquisa, publicada no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, sugere que a resistência à desidratação e a capacidade de se alimentar durante a viagem foram fundamentais para que os animais alcançassem ilhas tão distantes, além de contribuírem para sua colonização em locais como as Ilhas Galápagos e o Caribe.

A inusitada rota de migração

Cientistas há muito se perguntavam como iguanas, que habitam principalmente as Américas, conseguiram alcançar ilhas tão remotas quanto Fiji.

Inicialmente, especulava-se que eles poderiam ter migrado pela Ásia ou Austrália, mas a nova evidência aponta para uma travessia de vegetação flutuante.

Esse método inusitado, considerado o percurso recorde entre vertebrados terrestres, demonstra que as condições ambientais milhões de anos atrás foram decisivas para a sobrevivência e expansão desses répteis.

Segundo informações do The Guardian, especialistas reforçaram a robustez dos resultados apresentados.

Kevin de Queiroz, biólogo evolutivo do Smithsonian National Museum of Natural History, afirma que “considerando o que sabemos agora, o resultado deles é, de longe, o mais fortemente respaldado.”

Além disso, Simon Scarpetta, da University of San Francisco e autor do estudo, observou: “Se você tivesse que escolher um vertebrado para sobreviver a uma longa viagem de jangada pelo oceano, as iguanas seriam a escolha.”

Conservação e legado evolutivo

Atualmente, muitas espécies de iguanas em Fiji encontram-se ameaçadas, agravadas pela presença invasora da iguana-verde.

Compreender as origens e os mecanismos de dispersão desses répteis poderá fornecer subsídios essenciais para estratégias de conservação, ajudando a preservar não só essas espécies, mas também os delicados ecossistemas insulares.

A pesquisa lança luz sobre as surpreendentes habilidades adaptativas dos animais e reforça a importância de estudos que investigam as rotas migratórias e a evolução natural dos répteis.

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