O PIB de Lula 3 perde para Sarney e Figueiredo

Exatamente 80 anos atrás, a 19 de março de 1945, Adolf Hitler decretou a derrubada de todas as construções ainda de pé em Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Grécia, Holanda, Iugoslávia, Noruega e Polônia. Ainda bem que não foi obedecido pelo encarregado da destruição, o ministro de Armamentos e Produção de Guerra, Albert Speer.

Por mais que o governante se considere forte, mesmo estando com o pescoço à espera da lâmina, uma hora o frio na pele vira corte na carne. É o que está ocorrendo com o presidente Lula, numa ótima forma de comemorar os 40 anos da redemocratização. O pesadelo parece tamanho que a decrepitude de que escapou na cadeia o está carcomendo na gestão.

Os amigos perderam o medo de dizer que o governo permanece fazendo água. Em vez de tapar os rombos nos cascos, prefere fingir que está com eles no chão. O advogado e articulista deste Poder360 Kakay, o ex-ministro José Eduardo Cardozo e outros amigos de Lula mostram que o rei está nu com a mão no bolso do pagador de impostos. Criou o maior Imposto de Valor Agregado do planeta.

Mandou ao Legislativo a proposta de isentar quem ganha até R$ 5.000 por mês e quer supertaxar quem produz R$ 50.000. A facada será de R$ 27 bilhões, segundo a Fazenda. Caberá ao Congresso, inclusive a bancadas favoráveis ao novo programa social, impedir o assalto à classe média. Entre Speer e Hitler, quem manteve a sanidade tem a obrigação de desobedecer à ordem manifestamente ilógica.

Lula conta com a principal força, que não é alguma das armadas, mas a da caneta, advinda do plebiscito de 1993 sobre o sistema de governo. Na década seguinte, estreei no Senado pedindo a convocação de assembleia para substituir a contraditória Constituição de 1988, feita para o parlamentarismo, que o eleitor preteriu ao presidencialismo.

Nos meus tempos de Congresso, convivi com o ex-presidente José Sarney, que se ressentia muito de não ser reconhecido como garantidor do período democrático. A que pretendi executar não saiu do intento, porém Sarney conseguiu a Constituição durante seu mandato, encurtado por ela, não acrescido, como se supõe equivocadamente.

Tancredo Neves, com Sarney de vice, vencera a eleição indireta para 6 anos no Planalto. Morreu antes e quem ficou sobreviveu aos trancos e barrancos. Sarney herdou a equipe de Tancredo e a inflação dos militares –não se sabe o que foi pior, todavia em danos nada superou a economia. Agiu como Lula está repetindo agora, tentando tudo para melhorar os índices, e nada funcionava. No fim, o que alcançou de bom, como a própria Constituição e manter os generais nos quartéis, creditou-se a Ulysses Guimarães, e o de ruim pespegou-lhe no prestígio.

A democracia à brasileira resistiu à inflação de 1.973% em 1989, último ano de Sarney, o que fez muita gente se arrepender dos xingamentos a João Figueiredo com seus “míseros” 215% de 1984. A ditadura dá um baile em Sarney e no PT em termos de Produto Interno Bruto.

Figueiredo pediu à população que o esquecesse, todavia é bom lembrar que o PIB em 1979 cresceu 6,8%; o seguinte, 9,2%. Veio a hecatombe mundial de 1980, quando os Estados Unidos reviveram a crise de 1929, e o PIB brasileiro caiu 4,3%, no prenúncio da década perdida. Mesmo assim, Figueiredo entregou com 5,4%, bem melhor que Lula 3 em 2024, com 3,4%. O próprio Sarney, com inflação na estratosfera, fechou 1989 com PIB subindo 3,2%, superando os 2,9% de Lula em 2023.

Nunca estivemos perto das atrocidades de Hitler e a atual fase bate recorde de estabilidade democrática. São 4 décadas sem sequer ameaça de ditadura. Como o que importa continua sendo “a economia, estúpido”, acende a luz amarela de nova década perdida. Até a Argentina, dada por morta e enterrada, ensaia voo e o Brasil padece tipo fênix sem asas e o contrário dos asiáticos. Cingapura, Coreia, a China comunista e a caótica Índia exibem números estupendos.

Parei na letra C num continente em que o Vietnã vive bons dias. E nós, aqui, pererecando, andando de lado igual a caranguejo, crescendo tipo rabo de égua, cavando buraco igual a tatu.

O documento apocalíptico expedido por Hitler foi batizado de Decreto Nero, homenagem equivocada a quem o monstro austríaco supunha ter incendiado Roma. Alguém, em algum momento, baixou um Decreto Nero para acabar com as fábricas no Brasil. Esse foi obedecido, pois a desindustrialização viceja, a formação profissional ganha das políticas públicas atenção inversamente proporcional à das ações populistas e os tributos subiram a tal ponto que estão ao lado dos gastos do governo e de lá veem os escombros do que já foi o país do furto, opa!, do futuro.

O Decreto Nero está em vigor. O presidente da República não se importa de quebrar os últimos ramos ainda em alta no Brasil, como o agronegócio, desde que favoreça a sua reeleição.

Novamente, cabe relembrar a 2ª Grande Guerra. Dietrich von Choltitz era o governador militar de Paris em agosto de 1944 quando Hitler o mandou arrasar a cidade-luz. Destruir todas as edificações. A Torre Eiffel deveria se tornar um monte de ferros retorcidos espalhados pelo chão. Von Choltitz desobedeceu e o monumento de aço recebeu em 2024 o mesmo número de turistas estrangeiros que vieram ao Brasil.

Quando vir as listas de votações no Congresso, confira sempre quantos Choltitz e Speer se negam a destruir esta terra que insiste em ser tão maravilhosa. E democrática.

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