Suspeito de participar da morte do ciclista Vitor Medrado é preso em SP

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FRANCISCO LIMA NETO E DIEGO ALEJANDRO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Um suspeito de participar da morte do ciclista Vitor Medrado, 46, ao lado do Parque do Povo, no Itaim Bibi (zona oeste), foi preso temporariamente na manhã desta quarta-feira (19) em São Paulo.

De acordo com Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Jeferson de Souza, 28, é o piloto da moto usada no crime ocorrido em 13 de fevereiro. Ele é conhecido como Gordo da Paraisópolis. Ele foi encontrado em Paraisópolis durante uma operação da 1ª Delegacia de Roubos e Latrocínios. Ele tem passagens anteriores por tráfico de drogas e receptação, e confessou o crime, de acordo com a Polícia Civil.

A reportagem não conseguiu contato com advogado de Souza até a publicação deste texto.

Segundo o delegado Ronaldo Sayeg, responsável pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), foi necessário uma análise minuciosa de câmeras de segurança para identificar o suspeito preso hoje. “Notamos as características físicas dele, percebemos que era um homem mais forte. Depois, acompanhamos toda a rota realizada por essa moto, que saiu lá de perto do parque, onde o Vitor foi morto, até a comunidade de Paraisópolis”, explicou.

Os policiais conseguiram os dados pessoais e o endereço do investigado. Com as provas, a Justiça expediu o mandado de prisão. Jeferson foi surpreendido pelas equipes nas primeiras horas da manhã, enquanto ainda dormia.

“Na casa dele foi apreendida uma arma, possivelmente usada no latrocínio contra o ciclista. O item foi encaminhado à perícia. Conforme os investigadores, o suspeito possui passagens criminais por tráfico de drogas e receptação”, afirmou a SSP.

Erick Benedito Veríssimo, 20, suspeito de atirar no ciclista, já havia sido preso em flagrante em 8 de março, segundo a SSP, mas a informação não tinha sido divulgada. Ele estava roubando celulares na zona oeste quando foi preso pela Polícia Militar, que apreendeu com ele uma arma com a numeração raspada e uma moto furtada. O piloto da moto fugiu.

Segundo Derrite, o atirador afirmou que a arma apreendida foi a mesma usada para matar Vitor Medrado. Os investigadores já sabiam da participação de Erick no crime e, por isso, passaram a monitorá-lo. Jeferson já havia confirmado que o crime havia sido praticado pelos dois.

De acordo com Sayeg, a prisão do atirador não foi divulgada para não atrapalhar as investigações contra o piloto da motocicleta. “Acredito que se ele soubesse da prisão do atirador, o outro envolvido daria um jeito de fugir, então atrapalharia uma ação nossa que já estava sendo planejada”, explicou.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Erick.

Uma câmera de monitoramento gravou a dinâmica do crime. Por volta das 6h10, Vitor Medrado, conhecido como Vitão ou Mineirinho, estava parado na calçada da rua Brigadeiro Haroldo Veloso e aparentava mexer no celular, quando dois homens chegaram em um moto e o abordaram.

A ação durou poucos segundos. Antes mesmo de a pessoa que estava na garupa descer da moto, o ciclista caiu no chão. O homem ainda revistou a vítima, e depois subiu na moto e fugiu.

Segundo a polícia, Vitor foi atingido na região do pescoço. O caso foi registrado como latrocínio —roubo seguido de morte no 14º DP (Pinheiros).

A Polícia Civil investiga se a dupla de ladrões é a mesma que baleou outra vítima em uma rua a cerca de três quilômetros de distância, por volta das 11h. A ligação com o caso do ciclista se dá pelo fato de a placa da moto usada nos dois crimes ser a mesma. De acordo com as investigações, a placa é clonada, registrada na cidade de Dourados (MS), de modelo e cor diferente da usada pelos bandidos.

Vitor era personal trainer e dava aulas de ciclismo. Ele costumava pedalar na região do Parque do Povo, onde o crime foi cometido. Também treinava na ciclovia da marginal Pinheiros e em outras espalhadas pela cidade. No momento em que foi atingido por um tiro no pescoço, o instrutor esperava uma aluna para o treino do dia.

Em 18 de fevereiro, Derrite afirmou que a polícia paulista prendeu a chefe de uma quadrilha de assaltantes que atua em bairros ricos da capital e estaria envolvida no crime que causou a morte do ciclista Vitor Medrado.

De acordo com o chefe da pasta, ela foi identificada como Suedna Barbosa Carneiro, 41. A suspeita não apresentou defesa. Segundo a polícia, ela negou em depoimento que fomente a quadrilha, mas admitiu que armas e outros objetos apreendidos com ela são roubados.

“Chegamos às informações de uma quadrilha, e a chefe dessa quadrilha mora e atua em Paraisópolis. Ela fomenta, contrata essa rede criminosa de assaltantes, que cometem esses assaltos e levam os produtos para ela, para que ela fomente essa cadeia. Hoje, as operações cumpriram diligências em Paraisópolis e levaram à prisão da chefe dessa quadrilha. É uma mulher de apelido Mainha do Crime”, afirmou.

Suedna já respondeu por porte ilegal de arma e receptação, segundo Derrite. Com ela foram encontrados três armas, 18 celulares, R$ 21 mil, computadores, motos e joias, entre outros itens como capacetes e bolsas de entrega usadas por criminosos que se passam por entregadores de aplicativos.

“É uma vergonha uma pessoa, conhecida como Mainha do Crime, presa em 2023 por porte de armas estar livre pela fragilidade da legislação brasileira”, afirmou Derrite nesta quarta-feira.

A investigação que levou à prisão de Suedna teve início com a morte do delegado Josenildo Belarmino de Moura Júnior em Santo Amaro, na zona sul da capital, em meados de janeiro. Policiais começaram a analisar imagens de câmeras de segurança nas ruas tanto do programa municipal Smart Sampa quanto outras que integram a rede de segurança estadual para rastrear o trajeto feito pelos assaltantes.

O monitoramento apontou que os integrantes da quadrilha, de moto, saíam e voltavam para a região de Paraisópolis. De lá, iam para bairros como Campo Belo e Santo Amaro para os assaltos.

De acordo com o delegado Marcel Druziani, titular do 11º DP (Santo Amaro), a prisão de um suspeito de envolvimento no caso de janeiro ajudou nas investigações.

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