Jackson Costa recita autores consagrados em espetáculo na Caixa Cultural; confira entrevista com ator

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Por Luiz Claudio Ferreira

Nos próximos dias 21 e 22 de março, a Caixa Cultural recebe o espetáculo “Sarau do Poeta”, protagonizado pelo ator e diretor baiano Jackson Costa. 

A montagem é uma imersão que harmoniza música e poesia em um espetáculo de 1h10. A obra traz luz a canções e versos do cotidiano baiano, nordestino e brasileiro. 

O espetáculo é gratuito, acontece no Teatro da CAIXA Cultural, na sexta-feira e no sábado às 20h. Os ingressos podem ser retirados na bilheteria do espaço, duas horas antes do show.

Em entrevista à Agência Ceub, o artista celebra a oportunidade de realizar um sarau interpretando poesias de autores que são referências para ele. Jackson recita e canta obras dos poetas Gregório de Mattos, Castro Alves, Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto.

“A dificuldade e a facilidade em compreendê-los e dizê-los é do mesmo tamanho. A minha busca em sabê-los é constante”, disse o ator na entrevista

Confira abaixo

Agência Ceub – Jackson, o que significa pra você apresentar um espetáculo como esse, que é sempre de casa cheia, com ingresso gratuito?

Jackson Costa – Acho muito importante projetos que paguem o artista para que o público tenha acesso à sua arte de forma gratuita. 

Claro que é importante que o público, que tem condições financeiras, pague pelo trabalho do artista. É uma das maneiras de reconhecimento do seu trabalho, mas todo ser humano deve ter acesso à arte, e a Caixa Cultural poder garantir esse acesso, é gratificante, é maravilhoso! Fico feliz! 

Agência Ceub – Quanto tempo de ensaio e preparação para um trabalho de ator como esse, tão poético? 

 Jackson Costa  – Esse trabalho, especificamente, estreou sem nenhum ensaio. Recebi um convite do Teatro Sesi Rio Vermelho, em Salvador, para ocupar o teatro por quatro sextas-feiras. Estava difícil de conciliar os horários dos músicos. 

Propus fazermos sem ensaio, a princípio eles se surpreenderam com a minha proposta, mas corajosamente toparam e assim fizemos. Cá estamos há 9 anos apresentando o Sarau em diversos eventos e cidades. 

Agora, a preparação vem acontecendo há muito tempo. Eu diria que desde o começo da minha carreira, e não para por aqui, continuo me preparando sempre. 

Agência Ceub –  Existe autor predileto para você como ator? 

 Jackson Costa –  Existe uma infinidade de grandes poetas, seria difícil escolher apenas um. Costumo juntar poemas de poetas diferentes para fazer um único “discurso poético”, como se todos viessem de um mesmo autor, uma mesma fonte. 

Mas, pra citar alguns, Fernando Pessoa, Augusto dos Anjos, Castro Alves, Gregório de Matos, Ramon Vane, Ruy Espinheira Filho, Carlos Drummond de Andrade, e por aí vai…

Agência Ceub – Algum autor é mais difícil nessa mistura entre gêneros textuais? 

 Jackson Costa  – A dificuldade e a facilidade em compreendê-los e dizê-los é do mesmo tamanho. A minha busca em sabê-los é constante. 

Agência Ceub -⁠ ⁠Pode citar algum momento do espetáculo que é mais especial para você?

Jackson Costa – Estar diante de um público dizendo poemas por uma hora e dez minutos é muito especial. Posso destacar o momento em que cantamos o Aboio do Vaqueiro e que eu canto o poema Estudo (Patativa do Assaré) e na sequência fazemos Assum Preto. 

Agência Ceub -⁠ ⁠Algo te inspira em especial nesse momento da cultura brasileira?

Jackson Costa-  A sabedoria do poeta Ailton Krenak é inspiradora e me enche de medo e esperança ao mesmo tempo. 

Precisamos ouvir a voz da ancestralidade. Outra inspiração luminosa e arrebatadora é a belíssima estrela de pés no chão, Fernanda Torres. Que Mulher é essa?! 

Quanto ela nos ensina em tudo que diz, no que faz e no que é. Ela colocou, todos nós, do Brasil e do mundo, no bolso, bateu com delicadeza nas nossas caras, mostrou-nos como podemos ser grandes sem sermos arrogantes. 

Essa, sim, não tem o complexo de vira-latas que, pelo menos, metade do povo brasileiro tem. Quem tem Fernandas, não precisa querer ser estrangeira. 

Agência Ceub –  ⁠Em uma era digital, que as pessoas leem menos no suporte papel, e estão vinculadas ao digital e ao streaming, essas linguagens influenciam seu trabalho de texto?

Jackson Costa – Me faz mergulhar ainda mais no meu caminho e propósito de ir aonde o povo está. Nada é mais moderno, tecnológico, inspirador, restaurador, curador, encantador do que a letrinha no papel, o texto na memória, a palavra na língua sendo dita no olho do público. Tendo sempre essa possibilidade, não quero mais do que tenho.

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