Países da UE retomam debate sobre empréstimos conjuntos para reforçar sua defesa e segurança

Bandeiras da União Europeia tremulam em frente a um edifício do complexo central das instituições comunitárias, em 19 de março de 2025, em BruxelasNICOLAS TUCAT

Nicolas Tucat

Os dirigentes da UE iniciaram nesta quinta-feira (20) uma cúpula para abordar a defesa e a segurança do bloco após a reviravolta política de Donald Trump e cresce o debate sobre uma dívida comum para financiar essa iniciativa.

A Comissão Europeia, o braço executivo da UE, lançou na quarta-feira um enorme plano para o rearmamento do bloco com o qual pretende mobilizar até 800 bilhões de euros (4,93 trilhões de reais).

Esse pacote inclui uma iniciativa sobre linhas de crédito por 150 bilhões, mas não chega ao ponto de defender a criação de uma dívida comum, ideia que gera ávidas discussões.

Ao chegar nesta quinta-feira à cúpula em Bruxelas, a primeira-ministra da Letônia, Evika Silina, disse que a ambiciosa proposta lançada no dia anterior é apenas “uma primeira etapa”.

“Estamos abertos a outras discussões sobre a forma como podemos encontrar ainda mais fundos”, acrescentou.

Kyriakos Mitsotakis, o primeiro-ministro da Grécia, apontou que “devemos ser mais ambiciosos”.

“Penso que devemos discutir seriamente a possibilidade de uma facilidade comum de empréstimos que ofereça subsídios aos países do bloco”, indicou.

Enquanto isso, o primeiro-ministro dos Países Baixos, Dick Schoof, deixou claro a oposição de seu país a uma dívida comum.

“Nossa posição é contrária aos eurobônus”, disse, em referência aos títulos que podem apoiar a obtenção de recursos.

Nesse quadro, a França parece ser favorável à ideia, mas Alemanha seria contrário a ela.

Um rascunho das conclusões da cúpula desta quinta-feira, ao qual AFP teve acesso, menciona que os dirigentes pedem “uma aceleração do trabalho (…) para reforçar de forma decisiva as capacidades de defesa da Europa”.

O documento aponta que “uma UE mais forte e mais capaz no campo da segurança e a defesa contribuirá positivamente à segurança global e transatlântica e é complementar à Otan”.

O plano inclui a possibilidade de flexibilizar durante quatro anos as normas da UE para que os países possam gastar acima do permitido. A Comissão avaliou que com esse mecanismo possa conseguir 650 bilhões de euros (4 trilhões de reais).

Como parte desse programa, a UE instou os países do bloco a começar o processo já no mês de abril.

A Comissão, no entanto, não recomendou um programa mais amplo de empréstimos conjuntos.

“No momento” a ideia não está na proposta, disse na quarta-feira a chefe da diplomacia do bloco, Kaja Kallas. “No entanto, é uma ideia completamente descartada? Não acredito nisso”, acrescentou.

Essa discussão sobre a urgência de reforçar a capacidade da defesa da Europa é o claro reflexo de uma nova realidade geopolítica e as dúvidas sobre a continuidade da proteção dos EUA em caso de conflito.

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