Neguinho do Beija-Flor vai para reality show e ganha documentário

Aposentado do carnaval carioca após 50 anos, Neguinho de Beija-Flor fará parte de uma banca de jurados de reality show para escolher o seu sucessor na escola de Nilópolis. O programa será exibido no Multishow, canal por assinatura do grupo Globo.
Ao lado de integrantes da escola campeã de 2025 e especialistas em samba e carnaval, Neguinho irá participar das gravações do programa, que terá oito finalistas para, depois, eleger o vencedor.
Além disso, o icônico cantor será tema de um documentário produzido pela Globoplay, com estreia prevista para acontecer ainda em 2025. Segundo José Junior, criador e produtor do conteúdo, a atração contará a trajetória de Neguinho com imagens de arquivo inéditas e registros dos últimos momentos do intérprete à frente da escola de samba de Nilópolis.

O lendário intérprete comandou a escola de 1976 a 2025 e foi a voz de todos os 15 campeonatos conquistados pela azul e branca da Baixada. Neguinho também cantou na Unidos da Tijuca, em 1980, no Acesso, e esteve no carro de som da Mocidade Alegre, em São Paulo, em 1998 e 1999.
Neguinho venceu cinco vezes (1985, 2002, 2003, 2009 e 2013) o Estandarte de Ouro de Melhor Intérprete e venceu quatorze títulos (1976, 1977, 1978, 1980, 1983, 1998, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, 2011, 2015 e 2018). Além disso, é compositor de cinco sambas da escola (1976, 1978, 1981, 1983 e 1984).
Luiz Antônio Feliciano Marcondes nasceu em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, dia 29 de junho de 1949. Filho de músico, ganhou um concurso de cantores mirins, aos dez anos de idade, interpretando um samba de Jamelão.
Neguinho tem um irmão que seguiu o mesmo caminho: a paixão pelo samba, música e carnaval. Ninguém menos que Édson Feliciano Marcondes, o Nego, outro grande intérprete das escolas de samba. Já sua irmã, Tina Flor, morreu em 2015.
Com uma voz potente e afinada, estreou como puxador de samba no bloco Leão de Iguaçu, em 1970. Sem espaço entre os compositores de Salgueiro, Império Serrano, Portela e Mangueira, chamou a atenção de Cabana (Silvestre David da Silva), compositor dos primórdios da Beija-Flor.
Neguinho, então, incorporou o nome artístico à sua certidão de nascimento. Anísio (Abraão David, patrono da Beija-Flor) pediu ao Cabana que o chamasse para substituir o Bira Quininho, puxador da época, que tinha falecido.
“Fomos tricampeões duas vezes, levamos o Cristo mendigo coberto pela censura, na imagem mais conhecida do Carnaval. E o mais importante: inserimos a Beija-Flor de Nilópolis na história da maior festa popular do Brasil. Em lugar de protagonista”, destacou.
Quem compôs o tema “Globeleza” foram os autores Jorge Aragão e José Franco Lattari, assim como Quinho do Salgueiro foi o primeiro a cantá-lo. Contudo, foi na voz de Dominguinhos e Neguinho que a música explodiu e embalou os Carnavais da TV Globo.
Depois dos vices, Neguinho foi, mais uma vez, tricampeão seguido com a Beija-Flor, nos anos de 2003, 2004 e 2005. No primeiro desfile, a escola pediu o combate à fome e a busca pela paz (2003). Em seguida, falou sobre Manaus (2004) e as sete missões jesuíticas no Rio Grande do Sul (2005).
Em 2005, lançou seu primeiro DVD, na Cidade do Samba, contando com a presença de Sandra de Sá e dos intérpretes das escolas de samba. Fez uma turnê internacional com seu empresário, com shows em países como Bélgica, Itália, Suíça, Holanda, Espanha, França, entre outros.
Neguinho venceu a luta contra um câncer do intestino em 2008. No ano seguinte, em 23 de fevereiro, casou-se com Elaine Reis, na Marquês de Sapucaí, poucos minutos antes de cantar no carnaval. Ele tem cinco filhos, cinco netos (um falecido) e um bisneto.
“Tenho fé que me curei graças a Deus e ao abençoado remédio do Carnaval. Nunca esquecerei como a comunidade me recebeu, na volta dos ensaios, em nossa quadra sagrada. O aplauso e a montanha de carinho estão para sempre tatuados na memória”, recordou.
Nos últimos cinco títulos, está o bi (2007 e 2008), com Áfricas e um enredo sobre o Macapá. Na década seguinte, em 2011, interpretou o samba sobre Roberto Carlos, em mais uma conquista. Além disso, venceu em 2015, ao falar sobre Guiné Equatorial e cantou, em 2018, sobre as mazelas do Brasil, traçando um paralelo com a obra Frankenstein.
Por fim, em 2025, a Beija-Flor de Nilópolis, que não vence o carnaval desde 2018, trará para a avenida um enredo sobre Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o eterno Laíla. Será a despedida de Neguinho da Beija-Flor, que foi homenageado pela Unidos de Vila Isabel, no carnaval de Viamão, no Rio Grande do Sul, em 2024.
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