Os casos mais famosos de migrantes presos no impasse de Trump

As histórias de uma menina doente com câncer, de Jeanette, de Mahmoud ou de Jasmine deram a volta ao mundo desde que caíram nas garras da política antimigratória do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O republicano lançou uma operação para deter migrantes em situação irregular, com a intenção de torná-la “a maior” da história dos Estados Unidos, pois acredita que o país sofre uma “invasão”.

Alguns casos mobilizaram a opinião pública. Estes são quatro deles:

– Menina com tumor cerebral –

No início de fevereiro, uma família mexicana foi detida em um posto de controle migratório no sul do Texas quando se dirigia a Houston para uma revisão médica de emergência de uma de suas filhas, doente com um tumor cerebral desde 2024, informou o Projeto de Direitos Civis do Texas, uma ONG que promove a justiça social.

Vários dos filhos, incluindo a menina doente, têm nacionalidade americana.

A família passava pelos controles migratórios frequentemente graças a cartas de médicos e advogados.

Até o dia em que foram detidos com cinco de seus seis filhos e deportados para o México. A ONG sustenta que as autoridades migratórias os forçaram a escolher entre permitir que os filhos permanecessem nos Estados Unidos sob custódia do governo “e nunca mais os vissem”, ou deixarem o país junto com eles.

– Uma ativista conhecida –

Membros do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) detiveram a destemida ativista Jeanette Vizguerra, que entrou ilegalmente nos Estados Unidos em 1997.

Vinte anos depois, a revista Time a incluiu entre as 100 “pessoas mais influentes”.

Durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), ela se tornou um símbolo de resistência por ter se refugiado com suas filhas em igrejas para evitar ser deportada.

Ela foi presa na segunda-feira “enquanto almoçava em uma loja Target”, informou a Colorado Public Radio, citando amigos e familiares.

“Ela foi detida pelo ICE sem aviso prévio”, protestou na rede social X a organização Trabalhadores Domésticos, da qual ela faz parte.

Na mesma rede, o prefeito democrata de Denver, no estado do Colorado, Mike Johnston, classificou o caso como uma “perseguição a dissidentes políticos”.

“Ela é mãe de cidadãos americanos, funcionária da Target, líder de uma organização sem fins lucrativos e defensora da reforma da imigração, sem antecedentes criminais violentos. Sua prisão não tem a ver com segurança. Trata-se de uma perseguição a dissidentes políticos ao estilo [do presidente russo Vladimir] Putin”, afirmou.

Em declarações à CNN, um porta-voz do ICE a classificou como uma “criminosa estrangeira condenada do México, que tem uma ordem final de deportação emitida por um juiz federal de imigração”.

– Um palestino –

Mahmoud Khalil, estudante de pós-graduação e um dos líderes do movimento de protesto na prestigiada Universidade de Columbia contra a operação militar israelense na Faixa de Gaza, foi detido pelas autoridades migratórias. Ele possui um visto de residência permanente, o famoso green card.

O governo Trump quer revogar sua residência permanente devido ao seu ativismo nos protestos e ameaça deportar outros estudantes que participaram das manifestações.

Várias organizações defensoras dos direitos civis consideram sua prisão um ataque à liberdade de expressão.

– A ex-atriz canadense –

A ex-atriz canadense Jasmine Mooney, que participou da saga American Pie, passou quase duas semanas detida após ser presa por agentes migratórios.

Segundo sua versão, ela morava na Califórnia com um visto de trabalho e, em uma de suas viagens do Canadá para os Estados Unidos, o visto foi revogado. Ela permaneceu em seu país e, após receber uma nova oferta de trabalho, tentou solicitar um novo visto “no escritório de imigração na fronteira de San Diego”, onde havia tramitado o anterior.

Foi aí que começou o que ela descreve como um pesadelo: disseram que ela deveria regularizar seu visto “através do consulado”. Ela concordou, mas, em vez de ser enviada de volta ao Canadá, foi presa “sem explicação ou aviso”, contou Mooney na plataforma Instagram.

“Para colocar as coisas em perspectiva, eu tinha um passaporte canadense, advogados, recursos, atenção da mídia, amigos, familiares e até políticos que defendiam minha causa. E, mesmo assim, fui detida por quase duas semanas. Agora imaginem como esse sistema funciona para todas as outras pessoas que estão lá, pessoas que não têm meus privilégios”, escreveu.

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© Agence France-Presse

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