Ronaldo revela caos nos bastidores da SAF do Cruzeiro e atrito com torcidas e conselheiros

r9

Ronaldo Fenômeno abriu o jogo sobre as dificuldades de gestão no Cruzeiro após assumir o clube como SAF. No Charla Podcast, ele contou dos privilégios que foi obrigado a cortar, abrindo guerra com a velha política, fatos que acabaram marcando sua passagem pelo clube mineiro.

A fala é dura, direta e cheia de revolta contida. Ronaldo Nazário, o Fenômeno, abriu o baú — ou melhor, as gavetas — daquilo que encontrou quando assumiu o Cruzeiro como clube-empresa. Em um depoimento revelador, ele expôs o caos institucional, os acordos informais com torcidas organizadas e a cultura de privilégios enraizada entre os conselheiros.

“Só pra você ter uma ideia, o jogo no Mineirão já partia de menos 20 mil ingressos, que tinham que ir de forma gratuita pra maior torcida organizada, a Máfia Azul”, contou. Segundo Ronaldo, os ingressos eram revendidos internamente, numa espécie de monetização paralela que ninguém ousava questionar. Até que ele chegou. “Eu corto. Uma semana depois os caras já estavam me odiando.”

Mas os problemas iam além da arquibancada. Nos bastidores, o rombo era silenciosamente construído com práticas absurdas. “Cada conselheiro tinha direito a 50 camisas por ano. Faz a conta: 300 conselheiros pedindo 50… o Cruzeiro começava o ano devendo R$ 2 milhões em camisas à Adidas, que era a fornecedora.”

Ronaldo relata que essas medidas “impopulares, mas necessárias” criaram uma onda de retaliação contra ele. O “sistema antigo”, segundo ele, passou a se organizar para barrar as mudanças: “Eles diziam: vamos xingar esse cara que tá apavorando todo mundo aqui.”

A fala termina com um desabafo visceral, em tom de frustração, mas também de convicção: “Isso aqui é um negócio, é meu clube agora. Quer ajudar? Compra ingresso. Me ajuda a te ajudar.”

Um choque de realidade

A gestão de Ronaldo na SAF do Cruzeiro foi marcada por um claro choque de modelos: de um lado, a estrutura arcaica, com acordos de bastidores, benesses e informalidades que ajudaram a afundar o clube financeiramente; do outro, a tentativa de implementar uma visão profissional, empresarial, com foco em sustentabilidade e responsabilidade fiscal.

O problema? Parte da torcida organizada e dos conselheiros não estavam dispostos a abrir mão dos velhos privilégios — mesmo que isso custasse a estabilidade do clube.

Acompanhe as atualizações da coluna “Futebol Etc” nas redes sociais, no Twitter e também no Instagram. Mande sugestões para a coluna pelo email [email protected]

Adicionar aos favoritos o Link permanente.