Mais consumo e menor produção: governo dobra aposta na inflação com empréstimo consignado ao FGTS

O governo de Lula da Silva (PT) aposta uma “corrida maluca” contra a inflação que tem como linha de chegada o ano eleitoral de 2026. Além de insustentável, o modelo de criar estímulos ao consumo em um cenário de desincentivo à atividade econômica é meio lunático — exige constante negação da realidade por meio da repetição do mantra do crescimento do Produto Interno Bruto para ser justificado.  

Sempre que pode, o presidente diz que  o PIB brasileiro vai crescer mais de 3% (reafirmou esse desejo na quarta-feira, 19, dia de alta da Selic para 14,25%). Com essa taxa básica de juros, caem os investimentos reais e a atividade produtiva. Para fazer crescer a economia conforme sua “meta”, o governo estimula o consumo por meio do crédito. O consumo estimulado por empréstimos, sem crescimento de produção à altura, infla os preços. Para combater a inflação, mais crédito para a população consumir. 

O último estímulo ao consumo veio na forma do “Crédito ao Trabalhador”, um novo sistema para impulsionar o crédito consignado para trabalhadores no regime CLT que usa o FGTS como garantia. Em si, a ideia é prepóstera: o trabalhador não pode ter acesso ao seu próprio FGTS, mas pode usá-lo para contrair um empréstimo, que talvez fosse desnecessário caso o trabalhador pudesse acessar seu FGTS. Em outras palavras, quem tem carteira assinada agora pode pagar juros sobre seu próprio dinheiro.

Além do aspecto econômico, uma pequena crise de imagem acompanhou o lançamento do programa. A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, divulgou o crédito como “O empréstimo do Lula” — clara violação ao princípio da impessoalidade. “Apertou o orçamento? O juro tá alto? Pega o empréstimo do Lula”, se lia na postagem (já deletada), ao lado de foto do presidente. 

Com a oferta de financiamento mais barato para 47 milhões de brasileiros, incluindo empregados rurais, domésticos e assalariados de MEI (microempreendedor individual), o endividamento das famílias pode aumentar. Em fevereiro de 2025, 76,1% das famílias brasileiras estavam endividadas, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Esse modelo de crescimento não é sustentável. O crédito oferecido hoje terá de ser pago com juros, especialmente amargo para os mais pobres. A aposta do governo, com conivência do Congresso, é de que o vencimento desta fatura virá apenas depois do ano eleitoral. O governo, entretanto, pode perder o fôlego na injeção de estímulos, e a inflação jamais se cansa. A corrida pode ser encerrada antes de 2026. 

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