Renato Russo, que faria 65 anos, usava técnicas de jornalismo para as músicas, diz a irmã

Por Ana Clara Mendonça e Davi Moisés
Agência de Notícias CEUB

Renato Russo completaria 65 anos. O compositor, formado em jornalismo pelo CEUB, utilizava técnicas que aprendeu durante o curso para compor as letras das canções, diz a irmã Carmem Manfredini. 

Em homenagem à data, Carmem concedeu uma entrevista para a Agência de Notícias CEUB.

Renato morreu em 1996 após complicações causadas pela Aids.

Nela, a irmã explica que, para criar os personagens e cenário das composições, o irmão recorria a ferramentas jornalísticas

“Ele pegava ônibus e ia parar em Ceilândia, em todo o entorno. Quando se interessava por alguma coisa ele descia, pesquisava, conversava. De repente ele estava com um caderninho anotando as impressões”. 

Confira a entrevista

A influência de Brasília para as composições, e os caminhos de Renato caso ele ainda estivesse vivo, são algo presente na fala da irmã.

“Acho que ele já teria largado o rock a algum tempo… Ele estaria fazendo algo mais calmo, como cinema, ou estaria escrevendo”.

O artista tinha uma relação próxima com a capital, motivo pelo qual diversos locais do Distrito Federal foram eternizados nas próprias músicas.

O vocalista retratou a Ceilândia (Faroeste Caboclo), a Curva do Diabo em Sobradinho (Dezesseis), Parque da Cidade (Eduardo e Mônica), Torre de Tv e Plataforma da rodoviária (Música Urbana), além de descrever o cotidiano da cidade e dos cidadãos comuns. 

Renato Russo marcou gerações compondo músicas revolucionárias como ‘Que País é Esse?’ e “Índios”, o ídolo do Rock Nacional, apresentou ao país uma imagem de Brasília além da política.

Carmem comenta que com esses cenários, a cidade deixou de ser vista apenas como capital. ”A partir das letras, as pessoas prestaram atenção em Brasília para além da burocracia e política”.

Trajetória

Renato Manfredini nasceu no Rio de Janeiro em 1960. Aos 7 anos de idade, o cantor foi morar em Nova York com a família.

Em 1973, veio para Brasília. Ainda jovem, o cantor teve uma doença óssea, chamada epifisiólise, em que ficou impossibilitado de se locomover.

. Durante esse período, Renato concentrou-se no lado artístico. 

 Ricardo Junqueira/Direitos reservados/Agência Brasil

O cantor deu os primeiros passos no punk ainda na Capital Federal, onde formou a banda Aborto Elétrico (1978), após alguns desentendimentos com os integrantes do grupo, saiu da banda em 1982.

Ainda no mesmo ano, juntou-se à Legião Urbana, um dos maiores nomes do Rock Nacional. Ao todo, foram mais de 30 milhões de discos vendidos.

Renato era um homem abertamente bissexual e abordava nas letras os amores, decepcões e anseios.

E nos álbuns ‘The Stonewall Celebration Concert’ e ‘Equilíbrio Distante’, se dedicou a músicas em línguas estrangeiras, em inglês e italiano.

“Se lembra quando a gente

Chegou um dia a acreditar

Que tudo era pra sempre

Sem saber

Que o pra sempre

Sempre acaba”

Por enquanto – Renato Russo

O cantor morreu em 11 de outubro de 1996 aos 36 anos, vítima de complicações da Aids. Deixou um filho, Giuliano, familiares e uma legião de fãs. 

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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