Emprego com carteira assinada alcança recorde no trimestre até fevereiro, revela IBGE

carteira de trabalho

O País registrou contingente recorde de trabalhadores ocupados com carteira assinada no setor privado no trimestre terminado em fevereiro, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O trimestre encerrado em fevereiro mostrou uma abertura de 421 mil vagas com carteira assinada no setor privado. Na comparação com o mesmo trimestre de 2024, 1,565 milhão de vagas com carteira foram criadas no setor privado.

O total de pessoas com carteira assinada no setor privado subiu a 39,560 milhões de trabalhadores no trimestre até fevereiro, um recorde na série histórica iniciada em 2012. Já o contingente de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado ficou em 13,542 milhões de pessoas. O resultado significa 861 mil de vagas a menos nessa condição do que no trimestre anterior. Em relação ao trimestre até fevereiro de 2024, foram criadas 252 mil vagas sem carteira no setor privado.

O trabalho por conta própria aumentou em 6 mil pessoas em um trimestre, para um total de 25,867 milhões de trabalhadores. O resultado representa 434 mil pessoas a mais trabalhando nesta condição na comparação com o mesmo período do ano anterior.

O número de empregadores recuou em 46 mil em um trimestre, para 4,305 milhões de pessoas. Em relação a um ano antes, o total de empregadores teve um aumento de 94 mil pessoas.

O País teve uma queda de 300 mil pessoas no trabalho doméstico em um trimestre, para um total de 5,697 milhões de pessoas. O resultado representa recuo de 219 mil trabalhadores ante o mesmo trimestre do ano anterior.

O setor público teve 496 mil pessoas a menos no trimestre terminado em fevereiro ante o trimestre encerrado em novembro, para um total de 12,351 milhões de ocupados. Na comparação com o trimestre até fevereiro de 2024, foram abertas 334 mil vagas no setor público.

Informalidade

De acordo com o IBGE, o País registrou uma taxa de informalidade de 38,1% no mercado de trabalho no trimestre até fevereiro. Havia 39,079 milhões de trabalhadores atuando na informalidade no período.

Em um trimestre, 1,172 milhão de pessoas deixaram de atuar como trabalhadores informais. O total de vagas no mercado de trabalho como um todo no período encolheu em 1,240 milhão de postos de trabalho. Ou seja, o emprego diminuiu quase totalmente via informalidade.

“Basicamente, a retração de ocupação no trimestre foi gerada pela queda da população ocupada informal”, confirmou Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa.

Segundo a pesquisadora, a queda na informalidade tem relação com as dispensas na agricultura, construção e serviços domésticos. Ela diz que a informalidade já vinha em tendência de queda, graças a uma maior participação da carteira assinada na composição da ocupação. Atualmente, a fatia dos informais na ocupação está nas mínimas históricas, excetuando-se a excepcionalidade do período de pandemia de covid-19.

Beringuy disse não ser possível afirmar que a atual queda brusca na informalidade poderia ser o início de um processo de ajuste no mercado de trabalho, que posteriormente se espalharia para outras atividades.

“Essa queda agora ocorreu em atividades que a gente já esperava que caíssem mesmo, como é o caso da administração publica, saúde educação, que foi a queda de quase meio milhão de pessoas. A construção também, e o próprios serviços domésticos. A gente não teve retração no comércio. A gente não observou também retração muito significativa nos serviços de modo geral. Então não temos condições de afirmar que isso possa ser início de um espalhamento, de uma difusão entre as atividades de perda de ocupação. Eu não teria como confirmar isso. O que a gente tem são dados que conversam com a série histórica da própria pesquisa”, respondeu Beringuy, referindo-se a movimentos sazonais.

Em um trimestre, na informalidade, houve redução de 861 mil empregos sem carteira assinada no setor privado, de 285 mil trabalhadores domésticos sem carteira assinada, de 33 mil empregadores sem CNPJ e de 29 mil pessoas no trabalho por conta própria sem CNPJ. Porém, houve aumento de 36 mil pessoas atuando no trabalho familiar auxiliar.

A população ocupada atuando na informalidade caiu 2,9% em um trimestre. Em relação a um ano antes, o contingente de trabalhadores informais aumentou em 261 mil pessoas, alta de 0,7%.

Estadão Conteúdo

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