Prefeitura trabalha em projeto para retirar pessoas em situação de vulnerabilidade das ruas de Goiânia

*Por Fabrício Vera e Pedro Moura

A titular da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos (Semasdh), Eerizania Freitas, contou mais detalhes sobre o programa que está sendo desenvolvido para tirar pessoas em situação de rua de Goiânia. A ação foi anunciada pelo prefeito Sandro Mabel (UB) nesta quarta-feira, 26, por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais. A expectativa é de que a iniciativa seja oficialmente apresentada nos próximos dias.

Segundo a secretaria, o programa será composto por diversos eixos, incluindo a inserção da população em situação de rua no mercado de trabalho. “Um dos eixos será a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e qualificação profissional, para que as pessoas possam ser inseridas no mercado de trabalho. Por exemplo, especializações na área de construção civil, que é um dos setores que mais empregam”, contou ao Jornal Opção.

Eerizania Freitas | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Ao mesmo tempo, Freitas também destacou que outros eixos do programa incluem o tratamento para pessoas com dependência de álcool e drogas, além de buscar o retorno de pessoas em situação de rua para seus estados de origem, caso elas desejem.

“O prefeito tem ouvido os relatos dessas pessoas, e muitos informaram que desejam retornar aos seus estados de origem. A possibilidade de reintegração familiar será considerada, e, quando uma pessoa retorna ao seu estado ou município, a pasta articula com a rede local, por meio do Centro Pop, CRAS ou da rede de apoio do outro município, garantindo que a pessoa seja recebida e encaminhada para o atendimento adequado. Também ouvimos relatos de pessoas que desejam tratamento devido à dependência de álcool ou drogas, e já estamos buscando soluções nesse sentido”, afirmou a secretária.

De acordo com Freitas, o programa deverá ser anunciado pelo prefeito nos próximos dias e detalhou o processo de desenvolvimento as ações. “O que está sendo construído é de forma transversal, com base sólida no diálogo, ouvindo as pessoas em situação de rua. (…) Ele (Mabel) tem percorrido as ruas de Goiânia, e eu tive a oportunidade de acompanhá-lo recentemente. Por exemplo na quarta-feira, 26, ele foi à esquina da Avenida Independência com Rua 44 e conversou com as pessoas em situação de rua, ouvindo delas o que precisam e qual política necessitam”, relatou.

A titular da Semasdh reiterou que o plano de Mabel é acabar com problema até o final do ano na capital. “O prefeito afirma que até dezembro ele não quer ver nenhuma pessoa em situação de rua, pois todas as oportunidades serão oferecidas a essas pessoas”, pontuou.

População de rua

O número de pessoas em situação de rua em Goiânia aumentou 31,5% nos últimos cinco anos, segundo levantamento de 2024 da Coordenação de Apoio Técnico Pericial (Catep) do Ministério Público de Goiás (MPGO). O estudo identificou 2,4 mil pessoas vivendo nessas condições, um salto em relação aos dados de 2019 da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Em 2019, a pasta também realizou um censo em parceria com a UFG e o MPGO, mas pretende realizar um novo estudo a respeito das pessoas em situação de rua em Goiânia. “Conta com um sistema de informações que cadastra todas as pessoas e permite entender quem são essas pessoas, a faixa estaria, sexo, motivo por estarem na situação de rua e onde elas estão. O censo vai fornecer dados ao quantitativo e mais informações sobre essas pessoas e será um dos eixos do programa municipal”, destacou.

Outro ponto que a secretária ressaltou foi a mudança do Centro Pop da Alameda Botafogo, na Região Central, mas que o Paço Municipal prepara um novo espaço.

Programa estadual

O programa De Volta Para Casa, que tem como objetivo enviar pessoas em situação de rua para seus estados de origem, enfrenta críticas de especialistas que questionam sua eficácia na recuperação integral dos indivíduos. A iniciativa é do Governo de Goiás , com a Prefeitura de Goiânia como parceira, especialmente na parte logística. No entanto, a nova gestão municipal pretende lançar um programa próprio para lidar com a questão.

Eduardo de Matos, membro da coordenação nacional do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR) e vice-presidente do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento de Políticas para a População em Situação de Rua do Estado de Goiás (Ciamp-Rua/GO) , afirma que a origem do problema vai além da falta de moradia.

“Não é algo pontual. É resultado de um processo de desajuste social, psicológico, familiar e financeiro no qual a pessoa entra”, explica.

Por isso, ele considera que o programa De Volta Para Casa não resolve a questão de forma efetiva. “O prefeito não conversou conosco. Essa é uma tática higienista que desconsidera a atuação do MNPR-GO, que completa 10 anos se posicionando frente ao prefeito”, criticou Eduardo.

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