Com preço do café em alta, maior cooperativa do país distribui R$ 134 mi a produtores de MG e SP

cafe

MARCELO TOLEDO
RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS)

O ótimo momento vivido pelos cafeicultores, com preço da saca em alta, impulsionou o faturamento recorde da Cooxupé (Cooperativa Regional dos Cafeicultores) em 2024 e a maior distribuição de sobras já feita aos seus cooperados.

Principal cooperativa de café do país, ela alcançou faturamento de R$ 10,7 bilhões no ano passado, alta de 67% em relação aos R$ 6,4 bilhões, em valores nominais, de 2023 -R$ 6,78 bilhões, corrigidos pela inflação.

O anúncio aos cooperados foi feito na tarde desta sexta-feira (28) durante a AGO (Assembleia-Geral Ordinária) da cooperativa, em Guaxupé (MG).

De acordo com o balanço da Cooxupé, serão distribuídos aos cooperados R$ 134,4 milhões, ante os R$ 101,4 milhões do ano passado (R$ 107,4 milhões, corrigidos). O montante representa alta de 25,13%, já levando em conta o valor atualizado pela inflação.

O cenário é visto pela cooperativa como extraordinário, mas poderia ser ainda melhor, não fossem alguns problemas enfrentados no decorrer do ano, como o clima e a logística para exportação, de acordo com o presidente da cooperativa, Carlos Augusto Rodrigues de Melo.

“O clima prejudicou. De certa forma, foi a razão de não ter recebido o que desejávamos [sacas de café na cooperativa] e também tem a questão logística, que foi um grande desafio administrar a questão portuária e fazer o café chegar ao seu destino”, afirmou.

O faturamento de 2024 só é inferior, quando corrigido pela inflação, ao de 2022, que alcançou R$ 10,1 bilhões, em valores nominais, e R$ 11,1 bilhões, atualizados.

Nesta quinta-feira (27), a saca de 60 quilos do café arábica estava cotada em R$ 2.544,62, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, e a cooperativa projeta que o desempenho em 2025 seguirá no mesmo ritmo. Como comparação, dois anos atrás, a saca custava R$ 1.100.

“A expectativa é boa para 2025, na mesma linha do que ocorreu em 2024, [com problemas] em relação a clima. Logística é um desafio também. Outra outra grande preocupação é com custos financeiros que o país está nos imputando, mas de uma maneira geral o mercado reagiu, o preço ficou bem, o produtor entendeu bem essa mensagem, participou em 2024 desse mercado em alta, isso ajuda o produtor a estar rentabilizado”, disse o vice-presidente da cooperativa, Osvaldo Bachião Filho.

A assembleia em que o valor das sobras foi anunciado aos cooperados ocorreu uma semana após o término da Femagri, feira organizada pela cooperativa em Guaxupé e que reuniu em três dias 42,7 mil visitantes, 7.000 a mais que a expectativa. A maioria dos negócios teve redução no prazo de pagamento, por opção dos produtores, justamente por estarem capitalizados.

Em vez de comprarem máquinas, insumos e implementos para pagar em três ou até cinco anos -prazos mais comuns para os financiamentos-, os cafeicultores optaram por pagar em no máximo dois anos.

Assim, anteciparam em pelo menos uma safra a renovação de tecnologia no campo e também fugiram das taxas de juros, que no setor oscilam de 18% a 20% ao ano para os financiamentos.

Os valores referentes às sobras, segundo os dirigentes da cooperativa, não são distribuídos totalmente em espécie aos cooperados, já que parte fica na cota capital, por exemplo.

A cooperativa abriga cerca de 20 mil cooperados, dos quais quase 97,4% são considerados mini ou pequenos produtores, responsáveis por entregarem à Cooxupé no ano passado 4,9 milhões de sacas de café arábica. Produtores não ligados à cooperativa entregaram 1,2 milhão de sacas, totalizando as 6,1 milhões de sacas recebidas no ano.

VENDAS EM ALTA

Em 2024, foram vendidas pela cooperativa 6,6 milhões de sacas, 46% mais que em 2023, das quais 5,1 milhões destinadas às exportações (41% mais que no ano anterior). As vendas superaram o recebimento em 500 mil sacas, que saíram dos estoques. A expectativa é que o desempenho em 2025 seja semelhante.

Além de atuar no sul de Minas, no cerrado mineiro e na região conhecida como matas de Minas, a média Mogiana paulista também tem produtores associados à cooperativa.

Outra cooperativa com atuação em Minas Gerais e São Paulo, a Cocapec, sediada em Franca (a 400 km de São Paulo), também anunciou nesta quinta-feira faturamento recorde no ano passado, com R$ 2,11 bilhões, 42% mais que no ano anterior.

Com 3.000 cooperados e uma área total plantada de 100 mil hectares, a cooperativa distribuirá R$ 5,25 milhões aos produtores rurais, sendo R$ 2,625 milhões ao capital social e R$ 2,625 milhões em dinheiro.

Somado a outros R$ 13,050 milhões já distribuídos anteriormente, os cooperados receberão R$ 18,3 milhões.

Segundo a Cocapec, houve crescimento de 144% nas exportações de café e a meta estipulada de recebimento de café, de 1,1 milhão de sacas, foi atingida.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.