Desocupação vai a 6,8%, mas rendimento e carteira assinada batem recorde

foto tony oliveira 1 4 1536x1025

Dados divulgados ontem indicam que o mercado de trabalho se mantém resiliente neste início do ano, a despeito do aperto da política monetária. A taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, passou de 6,5%, em janeiro, para 6,8% no trimestre encerrado em fevereiro. Foi a terceira elevação consecutiva, mas ainda assim o índice é o menor para o período desde 2014. Além disso, a massa de salários em circulação na economia aumentou para um novo recorde, totalizando R$ 342,028 bilhões.

Também ontem saiu o resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de fevereiro. Apurado pelo Ministério do Trabalho, considera apenas os postos com carteira assinada. Foram abertas 431.995 novas vagas formais no mês passado, o que representou o maior saldo positivo da série histórica atual do índice, iniciada em janeiro de 2020. Superou ainda o teto das previsões do mercado, segundo sondagem do Projeções Broadcast, que indicava criação líquida de 330 mil vagas em fevereiro.

“A mensagem principal é de que a taxa de desemprego continua a rodar em torno de 6,5%, um nível relativamente baixo se comparado à série histórica iniciada em 2012”, afirmou o economista Rodolfo Margato, da XP Investimentos, em referência aos dados da PNAD. Desconsiderando as influências sazonais, Margato calcula que a taxa de desemprego tenha, na verdade, caído de 6,6% para 6,5%.

SAZONALIDADE

Também se referindo à pesquisa do IBGE, o economista Pedro Crispim, da gestora de recursos G5 Partners, afirmou que o resultado de fevereiro se alinha à sazonalidade característica do período. Ele prevê uma nova elevação da taxa de desemprego até março, para o patamar de 7,2%, para posteriormente cair paulatinamente. “Vai em linha com a visão de que não temos tantos dados que corroborariam uma perda de ímpeto maior da economia brasileira”, disse ele.

Ainda pela PNAD, o número de desempregados foi a 7,472 milhões, ou 701 mil pessoas a mais em busca de uma vaga. Em um trimestre, o mercado de trabalho registrou fechamento de 1,240 milhão de postos, quase a totalidade deles na informalidade.

Por outro lado, o número de trabalhadores atuando com carteira assinada no setor privado subiu ao patamar recorde de 39,560 milhões de pessoas. O rendimento médio recebido pelos ocupados também foi recorde para o trimestre até fevereiro, de R$ 3.378.

“Acreditamos que a taxa de desemprego deva encerrar o ano próxima a 6%, patamar bastante baixo para os nossos padrões históricos. O mercado de trabalho forte ajuda a estimular a atividade econômica e o PIB, mas dificulta o controle da inflação, especialmente a de serviços”, avaliou a economista Claudia Moreno, do C6 Bank. “Esse cenário reforça nossa expectativa de que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) deve manter o plano de voo sinalizado na última reunião e seguir aumentando os juros, embora em um ritmo menor.”

A coordenadora da Pnad Contínua, Adriana Beringuy, afirmou que a perda recente de postos de trabalho ficou concentrada em atividades que costumam efetuar dispensas nessa época do ano por influência da sazonalidade, caso de construção, administração pública e serviços domésticos.

“Guarda correlação muito coerente com o que já foi observado em outros anos”, disse ela, que ainda não vê uma associação entre o movimento da ocupação com uma eventual conjuntura desfavorável para as atividades econômicas.

Estadão conteúdo

Adicionar aos favoritos o Link permanente.