Tratamento com flúor é necessário após uma limpeza dentária? Especialistas comentam

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Quando Tristen Boyer fez a obturação de algumas cáries, seu dentista sugeriu que ela fizesse um tratamento com flúor em seguida. Ela tem doença de Crohn, que aumenta o risco de sofrer com cáries nos dentes.

“É algo que eu senti que devia ser feito”, diz a aluna da Universidade do Kentucky, de 22 anos. “É algo que vou continuar fazendo.”

Dentistas geralmente propõem o tratamento com flúor aos pacientes na cadeira odontológica para evitar cáries e fortalecer os dentes. Mas o procedimento relativamente simples, que envolve aplicação de um verniz, gel ou espuma diretamente sobre os dentes, nem sempre é coberto pelo seguro de saúde nos EUA, especialmente para adultos.

Diante desses custos, quando vale a pena fazê-lo? É possível avaliar a questão de algumas formas.

Quem precisa de tratamento com flúor no consultório?

Se houver um risco alto de cárie, os tratamentos profissionais com flúor podem ajudar.

Mas se você “não tem nenhuma cárie há anos, provavelmente está tudo certo. O que você está fazendo em casa provavelmente é suficiente”, diz o Dr. Robert Weyant, da Universidade de Pittsburgh.

Além de analisar o histórico de cáries, o dentista também pode perguntar sobre comportamentos de risco, como beber muito refrigerante, e sua rotina de saúde bucal.

Pacientes que “não têm acesso a água fluoretada, não usam pasta de dente com flúor e não usam fio dental regularmente” podem ser bons candidatos ao tratamento com flúor, diz o Dr. Alex Daniels, da Universidade Johns Hopkins.

O tratamento também pode beneficiar mais alguns grupos do que outros. Mulheres na menopausa, por exemplo, passam por alterações hormonais que podem levar a problemas de saúde bucal. E pessoas que tomam certos medicamentos podem ficar com a boca seca, o que significa menos enzimas que matam bactérias, e possivelmente mais cáries.

Para pacientes considerados de risco, os dentistas em geral recomendam o tratamento a cada três, seis ou doze meses.

Quais são os prós e os contras do tratamento com flúor?

O flúor dental previne as cáries ajudando o esmalte dos dentes – a camada externa, mais dura – a resistir melhor aos ácidos produzidos pelas bactérias na boca.

“O ácido dissolve o esmalte dos dentes, o que o enfraquece – é isso que causa as cáries”, diz o dentista Dr. Matthew Messina, de Ohio, EUA, representante da Associação Odontológica Americana

O flúor, um mineral, fortalece o esmalte, que fica mais resistente.

As evidências científicas que embasam o tratamento com flúor são mais fortes para crianças do que para adultos. Mas não se sabe se o benefício é maior para as crianças, segundo Weyant, porque ainda não há tanta pesquisa feita em adultos.

Os dentistas dizem que não há preocupações de segurança com o tratamento. O único efeito colateral real, e incomum, é chamado de fluorose, uma descoloração estética dos dentes que acontece quando alguém ingere flúor demais.

Os especialistas odontológicos reconhecem que a recente oposição ao flúor na água, por figuras como Robert F. Kennedy Jr., novo secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, pode fazer algumas pessoas hesitarem. Mas mesmo que você use pasta dental com flúor, beba água com flúor e receba tratamentos esporádicos com flúor no consultório, os dentistas explicam que a quantidade de flúor que você está recebendo é relativamente pequena e não representa nenhum perigo.

O tratamento com flúor vale a pena?

Nos EUA, o tratamento com flúor pode custar entre 25 e 55 dólares (140 e 310 reais). Embora muitas seguradoras cubram esse custo para crianças, os adultos em geral precisam pagar do próprio bolso.

Boyer, que recebia esses tratamentos na infância, pagou 30 dólares (170 reais) por seu primeiro tratamento adulto. Ela gostaria que ele fosse coberto pelo seguro, mas considera que é um preço baixo a se pagar para evitar cáries, procedimentos odontológicos caros e a possível perda de dentes.

“Nós só temos uma dentição”, ela diz. “Quanto mais tempo você puder manter seus dentes, melhor.”

Estadão Conteúdo

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