Ar-condicionado já é o item mais desejado por quem procura imóvel

Depois de morar por anos em um apartamento no qual só podia contar com um ar-condicionado portátil, a mineira Paula Alvarenga tinha clara uma prioridade ao se mudar para a Bahia: queria um imóvel que já contasse com o aparelho instalado. “Eu já passava calor em Belo Horizonte e, aqui, você acaba de tomar banho e já está suando”, conta ela no apartamento alugado em Lauro de Freitas, que inclui o eletrodoméstico no contrato.Na residência na capital mineira, para onde Paula voltará nos próximos dias, o condomínio não permite a construção de nichos para instalar o ar-condicionado. “Vou sentir falta dessa comodidade”, diz ela.Em cidades como São Paulo, que tem sofrido com intensas ondas de calor nos últimos anos, o aparelho se tornou o item mais desejado por quem procurou um imóvel para comprar em 2024, segundo um levantamento feito pelo QuintoAndar. Essa busca registrou um aumento de 40% comparado com 2023 e, considerando os contratos de vendas assinados, o crescimento foi de 58%. Na capital paulista, o item está à frente de comodidades como churrasqueira, armários e vista livre.De acordo com Pedro Capetti, especialista em dados do QuintoAndar, essa procura deve aumentar e se espalhar para outras cidades em 2025. “O clima tem feito as pessoas recorrerem cada vez mais ao ar-condicionado na hora de buscar um imóvel. E como o calor tem sido cada vez mais frequente, acredito que a demanda deve se tornar ainda mais natural”, diz.Ele acrescenta que, embora o cenário apareça como tendência no mercado de compra e venda, a demanda já era comum entre quem procura imóveis para alugar. “Geralmente, quem paga aluguel não quer fazer grandes obras na unidade, como um buraco na parede para instalar um ar-condicionado. Por isso, esse filtro já era comum”. Como muitos prédios não permitem a instalação do equipamento para não prejudicar a fachada ou por não possuírem uma infraestrutura elétrica suficiente, a aposta do mercado agora é o crescimento de edifícios que já incluam o nicho para esse tipo de eletrodoméstico.Mesmo após o final oficial do verão, o calor em Salvador e região metropolitana segue forte, com dias que registram sensação térmica de até 37ºC, o que mantém a demanda pelos aparelhos. Segundo levantamento feito pelo Buscapé, plataforma que funciona como um assistente de compras, em fevereiro, a busca por climatizadores de ar teve um crescimento de 144% em comparação com o mesmo mês do último ano. Os mais procurados são os do modelo split, que oferecem redução de até 60% do consumo de energia.Venda ou aluguelNo cenário de mudanças climáticas, que projetam anos cada vez mais quentes, empresas do setor imobiliário têm apostado em vender e alugar residências que já vêm com o eletrodoméstico, que se torna mais um elemento no pacote de atrativos para o cliente. “Mesmo quando não entregamos o apartamento com o aparelho instalado, prevemos toda a estrutura para que o cliente tenha a opção de instalar por conta própria, se for de seu interesse”, conta Rodrigo Lufty, diretor da Luggo, dona do apartamento em que Paula mora.Focada em locação, a empresa sempre ofereceu unidades completas, com armários em todos os ambientes, persianas integradas à janela e opção de mobília como cama, mesa de cabeceira, sofá e mesa, entre outros. Pela demanda dos consumidores, o ar-condicionado foi incluído nos dois quartos.“A inclusão da infraestrutura para ar-condicionado nos imóveis é, de fato, uma resposta à demanda do mercado. Em algumas regiões, devido às condições climáticas locais, já entregamos os apartamentos com a infraestrutura para um ou dois pontos de instalação de ar-condicionado”, confirma Carolina Zampier, Gestora de Produtos da MRV.
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