UFG registra crescimento de 500% no número de estudantes negros em 14 anos

Em 2024, a Universidade Federal de Goiás (UFG) registrou 7.595 estudantes negros matriculados em cursos de graduação. Em 2010, os negros eram somente 1.533 graduandos. O aumento, de mais de 400%, fez com que a porcentagem de discentes negros em relação ao total de matriculados saltou de 10% para 53% em 14 anos, superando o percentual de brancos, que são 52%.

O aumento é resultado de políticas de inclusão adotadas pela Universidade e pelo governo federal, além da ampliação do número de vagas oferecidas pela instituição ao longo do período.

Entre as medidas que ajudaram o crescimento do número está a Lei de Cotas, que determina a reserva de 50% das vagas em instituições federais de ensino para alunos de escolas públicas. A legislação também estabelece que uma parte dessas vagas seja destinada a estudantes autodeclarados pretos, pardos e indígenas (PPI).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) considera como negros o somatório de pretos e pardos na população, e este também é o padrão adotado nesta reportagem sempre que usamos o termo “negro”. Em Goiás, os negros são 63% da população do Estado, que significa que o percentual dessa população na Universidade, apesar do grande crescimento registrado nas duas últimas décadas, ainda não corresponde ao seu tamanho no estado.

Segundo os dados, as quantidades de pretos e pardos na instituição não aumentaram de forma equivalente, tomando caminhos diferentes.

Foto: Divulgação/UFG

Nos últimos 14 anos, a UFG apresentou aumento no número de vagas disponíveis em todos os cursos. A média anual de estudantes matriculados subiu de 15 mil em 2010 para 17,7 mil em 2024, o que representa um acréscimo de 18%.

De acordo com a titular da Secretaria de Inclusão (SIN) da UFG, Luciana de Oliveira Dias, o crescimento do número de estudantes negros se deve ao próprio arranjo estrutural da sociedade brasileira.

“As políticas de ações afirmativas apresentam uma espécie de vantagem em ser negro em uma sociedade na qual as pessoas negras só têm desvantagens, porque são altamente discriminadas, mas mesmo com essa vantagem, a gente observa que o ‘racismo à brasileira’ permite hierarquizar, em camadas múltiplas, esse segmento que a gente chama de negro, separando em preto e pardo, elevando as vantagens dos pardos e reduzindo ou não elevando na mesma proporção, as vantagens sociopolíticas das pessoas pessoas pretas”.

Ela explica que uma das causas é a curva de crescimento dos discentes amarelos ser desproporcional à curva de alunos negros se deve a uma questão regional. “A população de origem oriental não olha para a Universidade Federal de Goiás como um desejo”, explica.

Em relação a alunos indígenas, a UFG tinha, em 2010, 175 discentes do grupo, saltando ara 440 em 2024. “Temos avanços tanto na aplicação das políticas públicas quanto na afirmação identitária dessas pessoas indígenas, que já olham para a universidade como um bem ao qual elas têm direito”.

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