Páscoa eleva faturamento de chocolateiros em até 200%

A alta de 180% nos preços do cacau em 2024 terá impacto na Páscoa deste ano: a produção de ovos cairá 22%, com previsão de 45 milhões de unidades, contra 58 milhões no ano passado, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab). O impacto é visível no aumento dos preços dos chocolates, com alta de 16,53% nos últimos 12 meses. Apesar disso, o período é garantia de maior lucro para os chocolateiros: “Dados de Páscoas anteriores indicam uma média de faturamento entre 150% a 200% nesse período. Percebemos o aumento de consumo de outros produtos além dos tradicionais ovos de chocolate”, afirma Tuta Aquino, presidente da associação Bean to Bar, que reúne produtores artesanais de chocolate na Bahia.Hemmily Sobral, dona da Uau Confeitaria, em Salvador, conta que seu lucro mais do que dobra nessa data festiva. “Na Páscoa são os melhores períodos para venda. Na Semana Santa, vendo o equivalente a um mês inteiro”, diz ela, que fabrica ovos de chocolate trufado e ovos de colher nesse período. Ao longo de todo o ano, ela vende brigadeiros, bombons, tortas e bolos de pote.A cada Páscoa, desde 2018, quando abriu o negócio, Hemmily produz um cardápio digital, com fotos caprichadas dos produtos, incluindo novidades a cada vez. “Este ano, vou apostar no recheio de pistache, que tem sido muito pedido”. A empreendedora sente o impacto no preço da matéria-prima e viu o preço do chocolate subir R$ 6 em apenas uma semana no seu fornecedor. “Infelizmente, terei que repassar esse aumento para os clientes, mas criei alternativas para não deixar de vender. Para quem não pode gastar muito, lancei o mini-ovo de colher, ideal para crianças”, conta.Ciente de que a maior parte das encomendas chega poucos dias antes da Páscoa, Hemmily se organizou para comprar o material e embalagens com antecedência e deixa prontas e armazenadas as cascas de chocolate e os recheios dos ovos. Na semana do feriado, ela monta a maioria dos pedidos com a ajuda de familiares.De acordo com Wagner Gomes, analista técnico do Sebrae, esse planejamento é essencial para aproveitar as benesses do período festivo, principalmente com a alta do chocolate. “Quando se antecipa, o empreendedor pode se juntar com outros do mesmo setor para fazer compras coletivas de matéria-prima, para diluir o custo, e repassar um preço mais atrativo para os clientes”, explica. Gomes ressalta que, diante das grandes marcas que lotam os supermercados, os pequenos negócios têm a possibilidade de personalização como um diferencial. Por isso, sua dica é usar a criatividade em sabores e embalagens, fazendo estoque com antecipação e criando estratégias de divulgação nas redes sociais. “Para quem trabalha com delivery, é importante pensar na logística para atender ao aumento das vendas nesse período”, diz.Atenta a esses aspectos, Camila Guimarães, sócia da Macadâmia Confeitaria, espera um aumento de 15% nas encomendas para a Páscoa. “Muitos clientes já estão buscando nosso cardápio, que inclui ovos de colher, kits confeiteiros infantis e barras de chocolate recheadas. Mas os pedidos aquecem ainda mais perto da data, principalmente para presentes”, diz ela, cujos produtos variam de R$ 30 a R$ 30 a R$ 110.Alternativas fitnessA confeitaria saudável ganha espaço entre os que buscam alternativas para a Páscoa. Victoria Cintra, fundadora da Healthy by Victoria Cintra, destaca que a demanda por ovos sem açúcar, sem glúten e sem lactose está crescendo. “Teremos opções recheadas com pistache, doce de leite e avelã, além de mini-ovos e bombons artesanais. Mesmo com o aumento no custo dos ingredientes, percebemos um grande interesse antecipado, principalmente nos ovos recheados”. Mesmo com o aumento de custo, Victoria está otimista, pois relata um crescimento na demanda: “Podemos superar as vendas do ano passado”.
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