Polícia indicia Maicol Santos sob suspeita de assassinar a adolescente Vitória

maicol santos e vitoria sousa

FRANCISCO LIMA NETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A Polícia Civil indiciou, nesta segunda-feira (31), Maicol Antonio Sales dos Santos, 23, sob suspeita de assassinar a adolescente Vitória Regina de Sousa, 17, em Cajamar, na Grande São Paulo.

Ele é o único suspeito do crime e está preso desde o dia 8 de março. A defesa dele nega sua participação e critica o andamento das investigações.

Maicol foi indiciado sob a suspeita de homicídio qualificado em concurso com sequestro e ocultação de cadáver, afirmou a SSP (Secretaria da Segurança Pública).

Ainda segundo a pasta da segurança, nesta segunda, o delegado e peritos do Instituto de Criminalística realizam novas diligências na casa de Maicol. No momento, não é descartada a possibilidade de uma perícia complementar.

“Os laudos solicitados ao IC [Instituto de Criminalística] e ao IML [Instituto Médico Legal] seguem em andamento e serão analisados pelo delegado assim que finalizados. As diligências prosseguem visando o devido esclarecimento dos fatos e a conclusão do inquérito”, afirmou a pasta.

A Polícia Civil de Cajamar diz ter convicção de que Vitória foi morta pelo operador de empilhadeira e de que ele agiu sozinho.

Os advogados afirmam que Maicol é inocente e que outros elementos que surgiram ao longo da apuração estão sendo deixadas de lado. Como outras pessoas que estiveram no entorno de Vitória momentos antes do desaparecimento na noite de 26 de fevereiro.

O advogado de Maicol, Arthur Perin Novaes, conversou com a Folha de S.Paulo na quarta-feira (26) e manifestou incômodo com a entrevista coletiva realizada pelos delegados Luiz Carlos do Carmo e Fabio Lopes Cenachi, que anunciaram no dia 18 que o preso havia confessado o crime.

Na avaliação de Perin, ao chamarem Maicol de “jack”, gíria para estuprador, os policiais colocaram a vida do suspeito em risco. Exame realizado pela Polícia Técnico-Científica afastou a possibilidade de Vitória ter sofrido violência sexual ao ser morta. O corpo dela foi encontrado em uma área de mata em Cajamar no dia 5.

“O Maicol foi ouvido duas vezes na polícia, em momento algum denotou qualquer participação. Na sua confissão, na qual não estavam presentes os advogados, foi apresentada uma versão, não sei se foi dada por ele ou se foi dada pela Polícia Civil, eu não estava presente. E nesse ato ele diz que teve a participação. A defesa não reconhece, foi um interrogatório absolutamente nulo”, disse Perin.

Procurada para comentar, a SSP afirma que a investigação da Delegacia de Cajamar sobre a morte da jovem está sendo conduzida com “rigor técnico e dentro dos protocolos legais”. Conforme a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), “todas as linhas de apuração são analisadas” e “as evidências colhidas sustentaram a prisão do suspeito”.

Maicol está preso em um centro de detenção provisória em Guarulhos. Seus advogados têm ido até o local na tentativa de acompanhar de perto o tratamento a ele dispensado. Eles temem por sua integridade no sistema prisional paulista.

Ao confessar o crime, segundo o termo de interrogatório, Maicol disse que teria oferecido uma carona para Vitória para pedir que ela não contasse à atual esposa dele sobre uma “troca de carinhos” entre eles há cerca de um ano e meio. Durante a conversa, Vitória teria se exaltado e passado a agredi-lo. Ele então contou ter pegado uma faca que transportava no automóvel e atingido a jovem duas vezes. A adolescente teria morrido na hora.

A defesa refuta a versão. Perin relata ter ouvido do suspeito que naquela noite arrumou o banco da motocicleta de um amigo. Ele chegou a sair para buscar grampos para concluir o reparo. Depois, assistiu ao jogo do Corinthians, mandou uma mensagem para sua esposa e dormiu. O advogado afirma que o casal não morava junto, mas estava para se mudar para uma casa nova em breve.

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