DJ Bruna Lennon fala sobre machismo na indústria da música: “O caminho pode ser mais difícil, mas é extremamente gratificante”

O mercado da música, especialmente o de DJs, ainda é dominado por homens, mas mulheres como Bruna Lennon vêm quebrando barreiras e conquistando seu espaço. Com uma carreira marcada por personalidade, talento e muita dedicação, ela fala sobre os desafios de ser mulher na indústria, a importância da sororidade e como a cena musical precisa evoluir para se tornar mais inclusiva.

Machismo na música: um obstáculo constante

Bruna Lennon não tem dúvidas de que o machismo ainda é uma realidade no mercado da música. “A cena ainda é majoritariamente masculina, e o machismo se manifesta de várias formas, desde a falta de credibilidade até comentários desnecessários sobre nossa aparência ou capacidade técnica”, conta. Ela relembra episódios em que duvidaram de seu talento apenas por ser mulher ou até mesmo quando contratantes reclamaram que ela estava “vestida demais” para se apresentar. “Mas eu escolhi me impor através do meu trabalho e entregando o meu melhor.”

O dobro do esforço para o mesmo reconhecimento

A cobrança para mulheres na música é evidente. Enquanto homens são frequentemente elogiados como “gênios” por entregarem o básico, as mulheres precisam ser impecáveis em todos os aspectos para alcançar o mesmo respeito. “Isso pode ser frustrante, mas também me motivou a ser ainda melhor”, afirma Bruna. Além de aprimorar suas mixagens e identidade artística, ela investiu em produção musical e criação de remixes para se destacar. “Quero ser uma DJ que entrega boas músicas, boas mixagens, boa energia, que dança, interage e se conecta com o público. E para isso preciso estar segura, a ponto de entregar o meu melhor e, junto, me divertir e divertir a pista.”

Sororidade na cena musical

A rivalidade feminina é um mito construído, segundo Bruna. “Claro que existem disputas naturais, como em qualquer profissão. Mas eu tenho muitas amigas DJs que admiro e apoio, e vice-versa.” Ela lembra de um episódio envolvendo a DJ Camilla Brunetta, com quem muitos achavam que ela tinha uma rivalidade por conta do estilo musical semelhante. “Somos amigas há anos, antes mesmo de sermos DJs. Fico feliz com cada conquista dela, divulgo, enalteço e até me inspiro! Quando uma de nós cresce, abre caminho para todas.”

Foto: Divulgação

Ainda há desigualdade, mas mudanças estão acontecendo

Apesar dos avanços, a equidade de oportunidades entre homens e mulheres na música ainda não é uma realidade. “As mulheres são minoria nos line-ups dos grandes festivais, nas gravadoras e até no backstage”, observa Bruna. Um marco recente foi o primeiro evento de música brasileira com line-up 100% feminino, que aconteceu em 2023. “Foram mais de 100 artistas mulheres se apresentando em oito palcos no Rock The Mountain. Isso mostra que estamos avançando, mas ainda precisamos de mais espaço real, não apenas discurso.”

Foto: Divulgação

Inspirações e o conselho para mulheres que querem entrar na música

Bruna Lennon tem referências diversas, desde o funk e o pop de Anitta e Ludmilla até influências do rock e artistas que desafiam padrões. Para as mulheres que sonham em ingressar na música, ela tem um conselho direto: não se deixem intimidar. “O caminho pode ser mais difícil, mas é extremamente gratificante. Estudem, aperfeiçoem seu som, criem uma identidade forte e não aceitem menos do que merecem. Já perdi muito trabalho por isso, mas é preciso fechar portas para abrir outras que condizem com o que somos e acreditamos.”

E reforça a importância da união feminina na indústria. “Construam conexões com outras mulheres. Juntas, somos mais fortes e podemos transformar esse mercado.”

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