Sequência fatal: perito revela últimos minutos antes de queda de aeronave em SC

Uma aeronave em condições legais de voo e manutenções em dia e um piloto habilitado para a operação. O que, então, poderia ter causado o desastre aéreo que matou piloto e passageiro entre Itapoá e São Francisco do Sul, no Litoral Norte de Santa Catarina, no dia 3 de junho deste ano?

Aeronave caiu no Norte do Estado

Buscas pelos corpos levou horas – Foto: Ricardo Alves/NDTV

Para o perito criminal Dionatan Machado, da Polícia Científica de Santa Catarina, o caso foi uma “fatalidade”. Segundo ele, porém, diferentes fatores contribuíram para que o desastre aéreo ocorresse, em uma sequência fatal.

O destino final do Beechcraft Baron 55 era Florianópolis, após decolar de Governador Valadares (MG). Por conta das condições climáticas, entretanto, o piloto alternou a rota para Joinville. Às 17h29 do dia 3 de junho, um alerta é emitido e informa sobre a degradação das condições, com nuvens 1.400 pés (426 metros, aproximadamente).

“No caminho, ele opta por fazer um voo visual, não por instrumentos”. Quando o avião chega próximo a Joinville, o piloto é informado pelo órgão de controle sobre a degradação das condições meteorológicas.

De acordo com Machado, “Essa declaração não permitiria o voo visual, mas passaria para uma condição de voo visual especial. E o piloto, consciente disso, solicita voo nesta condição”.

Aeronave sumiu do radar antes da queda

Às 17h33, o piloto é avisado pela torre de que os controladores não visualizavam mais a aeronave pelo radar, pois a atitude em que estava era muito baixa. Pouco tempo depois, o comandante avisa o rádio que está a três minutos de pouso da cabeceira 15.

“Contudo, o piloto percebe que não visualiza a pista e decide pela arremetida”, explica o perito criminal. A alguns metros, porém, havia uma região montanhosa. “Quando ele tenta realizar essa arremetida, ele já está de frente para essa região”, detalha.

“A razão de subida dele não é suficiente para desviar do obstáculo que se encontrava à frente dele”, diz Dionatan Machado. Ainda segundo ele, o topo do morro estava justamente na altura das nuvens: 1.400 pés.

Aeronave estava em voo contínuo

Três fatores, de acordo com Dionatan Machado, podem ter sido fundamentais para que a aeronave colidisse: região montanhosa, a condição meteorológica e possível desorientação espacial do piloto.

“Provavelmente confundiu a orientação dele e ele não consegue visualizar aquele morro”, afirma Machado. Os elementos identificados pela investigação apontam, também, que a aeronave estava em voo contínuo, sem intenção ou presunção de pouso.

Conforme o perito, o flap e o trem de pouso direitos estavam recolhidos e a hélice bateu no chão ainda rotacionando. Além disso, mesmo com o impacto de uma das asas em uma árvore, o avião seguiu em linha reta e parou 17 metros a frente, indicando que a aeronave estava em velocidade alta e não tentava um pouso naquele momento.

Uma segunda investigação, conduzida pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da Força Aérea Brasileira, está em andamento. Ao contrário da apuração da polícia, que busca apontar responsabilidades, a investigação do Cenipa tem caráter educativo e preventivo.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.