Eleições dos EUA 2024: tudo o que você precisa saber sobre o processo eleitoral americano

A corrida presidencial dos Estados Unidos continua a todo vapor. Os olhos do mundo acompanham atentamente a disputa, com uma data anotada na agenda: 5 de novembro. É o dia das eleições dos EUA 2024. Entretanto, devido à dinâmica do processo eleitoral norte-americano, o pleito começa bem antes.

O sistema eleitoral dos Estados Unidos tem algumas características marcantes. As primárias, por exemplo, movimentam a política norte-americana, em que o Colégio Eleitoral tem papel relevante.

Embora o Partido Democrata e o Partido Republicano concentrem as atenções, os Estados Unidos têm mais legendas. Ou seja, a corrida para as eleições EUA 2024 não se resume a Kamala Harris e a Donald Trump. A disputa deste ano é mais uma oportunidade para conhecer o sistema eleitoral dos Estados Unidos.

Eleições dos EUA 2024: cresce a expectativa para a decisão das urnas

Eleições dos EUA 2024: o mundo acompanha os desdobramentos da corrida presidencial norte-americana com atenção | Foto: Istock/ND

Eleições dos EUA 2024: tudo o que você precisa saber sobre o processo eleitoral americano

Quando acontecem as Eleições dos EUA 2024?

A data das eleições americanas 2024 está marcada para o dia 5 de novembro. Tradicionalmente, os EUA organizam o pleito presidencial na terça-feira seguinte à primeira segunda-feira de novembro. Entretanto, o processo eleitoral é um processo longo e costuma começar dois anos antes do pleito.

O calendário eleitoral dos Estados Unidos tem algumas particularidades e momentos decisivos, como as primárias. Os eleitores participam do processo de escolha dos candidatos à presidência. A população vota e aponta quem deseja ver como candidato dos partidos na eleição presidencial. Após uma série de eleições estaduais, uma conferência nacional indica o candidato à presidência.

Até as primárias, contudo, o xadrez político norte-americano tem algumas “jogadas” anteriores. Os partidos criam comitês, com o objetivo de se aproximar dos eleitores e de possíveis financiadores para as campanhas. Neste momento, uma avaliação do cenário político é feita, com o mapeamento de qual eventual candidato tem mais chance de sucesso nas urnas.

As primárias se iniciam em janeiro e costumam ir até junho do ano eleitoral. Os eleitores vão às urnas e votam de forma secreta, por meio de uma cédula, no candidato. Neste momento, a eleição é “interna”, em cada partido. O vencedor deste processo é confirmado como candidato presidencial dos Estados Unidos. A legislação de cada estado e também o partido decidem as regras das primárias.

Eleições dos EUA 2024: tudo o que você precisa saber sobre a corrida presidencial norte-americana

Eleições dos EUA 2024: momento decisivo se aproxima | Foto: Getty Images/ND

Existem três tipos de primárias. Nas abertas, qualquer eleitor pode participar da votação nas prévias do Partido Democrata e nas prévias do Partido Republicano. Nas fechadas, apenas eleitores registrados em um partido político podem votar nas prévias desse partido. Já nos caucus os eleitores se reúnem e votam em público.

No calendário eleitoral dos Estados Unidos, a “Super Terça” é considerada um dia decisivo em relação às primárias. Isso porque se trata do maior dia de votação, em que um número elevado de delegados são escolhidos em um único dia. Assim, o pré-candidato vê a campanha praticamente ser confirmada.

No sistema eleitoral norte-americano, a figura dos delegados é essencial. Nos Estados Unidos, os votos são direcionados para os delegados, membros ativos dos partidos e pessoas engajadas politicamente. Isso ocorre nas primárias e na eleição presidencial em si.

Os delegados votam de acordo com o desejo dos eleitores de cada estado. No caso das primárias, após a votação, eles vão para a convenção nacional dos partidos e são responsáveis por votar no pré-candidato que recebeu mais apoio dos eleitores nas prévias.

Outro componente importante do processo eleitoral norte-americano é o debate presidencial. No calendário eleitoral EUA 2024, por exemplo, o embate entre Joe Biden, atual presidente e então candidato do Democrata, e Donald Trump, candidato do Republicano, pesou para a desistência de Biden, um fato marcante nestas eleições dos EUA 2024. A vice-presidente Kamala Harris, então, foi alçada ao posto de candidata.

O debate presidencial EUA 2024 entre Kamala e Trump gerou muita expectativa em função da polarização e da guinada política com a substituição da candidatura democrata, além do equilíbrio que as projeções apontam.

Os candidatos a vice-presidente também debatem na corrida rumo à Casa Branca. Assim, as eleições dos EUA 2024 tiveram o embate entre J.D. Vance, da chapa de Trump, e Tim Walz, vice de Kamala. O tom cordial do confronto surpreendeu.

Como funciona o sistema eleitoral dos Estados Unidos?

O sistema eleitoral dos EUA é indireto. O voto, assim, é direcionado aos delegados. Isso ocorre nas primárias e na eleição presidencial em si. Cada estado tem um determinado número de delegados, de acordo com tamanho populacional e representação no Congresso.

Eleições dos EUA 2024: Casa Branca é um dos principais símbolos dos Estados Unidos | Foto: Fotos Públicas/Andrea Hanks/ND

Esses delegados compõem o Colégio Eleitoral dos Estados Unidos, que é formado por 538 delegados. Na eleição presidencial, ganha quem conquistar pelo menos 270 delegados do Colégio Eleitoral.

A regra “Winner takes all” (o vencedor leva tudo) é adotada pela maioria dos estados. Desta forma, o candidato que fizer mais votos em um estado leva todas as vagas daquele local. Por exemplo, a Califórnia tem 55 vagas no Colégio Eleitoral. Quem vencer nas eleições dos EUA 2024 lá vai levar todas as vagas.

A justaposição dos resultados de cada estado configura o Colégio Eleitoral norte-americano. É como funciona a eleição nos EUA. A dinâmica do voto popular e Colégio Eleitoral permite, por exemplo, que um candidato tenha mais votos de eleitores, mas não seja eleito, o que aconteceu nas eleições de 2016, entre a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump.

Naquela eleição, Trump se elegeu presidente dos Estados Unidos após conquistar 56,5% dos delegados. Entretanto, Hillary teve quase três milhões a mais de voto popular do que o rival.

No último pleito, em 2020, o democrata Joe Biden superou Trump e conquistou 306 delegados, enquanto o adversário do Partido Republicano conseguiu 232 eleitores.

Quem são os principais candidatos às eleições dos EUA 2024?

Tradicionalmente, a corrida presidencial dos Estados Unidos se concentra na disputa entre democratas e republicanos, os principais partidos políticos do país e que se alternam no poder. Entretanto, o eleitorado tem outras opções, o que acontece nas eleições dos EUA 2024. A corrida presidencial vai além de Trump e Kamala.

Ex-presidente, Donald Trump tenta retornar à Casa Branca. O empresário bem-sucedido e midiático se tornou o principal nome do Republicano nos últimos anos. Na eleição de 2016, Trump venceu abraçando o discurso de “outsider”, termo usado para quem construiu a carreira fora da política, e com pautas conservadoras.

Já Kamala Harris se tornou a solução do Democrata após o recuo de Joe Biden. Kamala, assim, busca ser a primeira mulher a ser presidente dos Estados Unidos. Ela foi senadora, cargo em que fez oposição a Trump, antes de chegar à vice-presidência.

Trump e Kamala são os principais candidatos nas eleições dos EUA 2024. Entretanto, eles têm outros rivais nas urnas. Um deles é Cornel West, de 71 anos, que está em candidatura independente. Cornel é filósofo, acadêmico e ativista, sendo um expoente na luta contra o racismo nos Estados Unidos.

Eleições dos EUA 2024: Kamala e Trump são os principais nomes da disputa

Kamala e Trump: principais candidatos das eleições dos EUA 2024 | Foto: JEFF KOWALSKY, Mandel NGAN/AFP/ND

Jill Stein, médica e ativista de 74 anos, também está na corrida presidencial. Ela é a candidata do Partido Verde. Jill tem histórico em eleições presidenciais: foi pré-candidata em 2012 e candidata em 2016.

Já Chase Oliver, de 39 anos, é o mais jovem entre os candidatos à presidência dos EUA. Ele é do Partido Libertário e já se descreveu no Twitter (atual “X”) como “armado e gay”.

Claudia De La Cruz é mais uma candidata das eleições dos EUA 2024. Ela é do Partido pelo Socialismo e Libertação. Contudo, na Geórgia, Claudia se qualificou para a votação como candidata independente.

Quais são as principais propostas dos candidatos à presidência?

Para as eleições dos EUA 2024, Trump defende a redução do custo de mantimentos e gasolina, cortes de impostos, recuperação de empregos e o tema da proteção da fronteira. Ele insiste na construção do muro na fronteira com o México e prometeu “lançar a maior operação de deportação da história” dos Estados Unidos.

Eleições dos EUA 2024: equilíbrio nas projeções | Foto: Istock/ND

A campanha da democrata Kamala Harris é baseada no “Novo caminho para seguir”, espécie de mote com os planos da candidata. Neste sentido, o objetivo é garantir liberdades fundamentais, fortalecer a democracia e assegurar progresso.

Cornel West estabeleceu como promessa de campanha empoderar pessoas pobres e trabalhadoras. Ele deseja criar uma comissão de renda básica, imposto sobre riqueza, programa nacional de empregos e desmantelar o imperialismo dos Estados Unidos.

Já a plataforma de campanha de Jill Stein é baseada em um “tripé”: pessoas, planeta e paz. A candidata defende a área econômica voltada para os trabalhadores, com redução de impostos e taxação dos ultrarricos e grandes corporações, transição para 100% de energia limpa e desmilitarização e política externa baseada na diplomacia.

A principal pauta de Oliver Chase nas eleições dos EUA 2024 é a defesa dos direitos do indivíduo contra o crescente poder do estado. Desta forma, ele defende acabar com a pena de morte, a criminalização das drogas e restrição ao aborto. Chase ainda defende o direito de porte de armas.

Por sua vez, Claudia De La Cruz defende “salvar o planeta do capitalismo”. A candidata deseja confiscar as 100 maiores empresas norte-americanas, criar uma nova economia para o povo, construir uma democracia que sirva a classe trabalhadora e diminuir o orçamento militar em 90%.

Quais são os eventos mais importantes do calendário eleitoral?

O cronograma das eleições presidenciais nos Estados Unidos é bem agitado. As primárias concentram as atenções até a confirmação dos candidatos. A “Super Terça”, assim, é uma data tradicionalmente importante.

As convenções presidenciais também têm um lugar especial no calendário eleitoral, com um cronograma recheado de momentos-chave em cada estado. Da mesma forma, os debates são agendados com antecedência e recebem atenção na agenda.

O fato de cada estado determinar as regras eleitorais influencia o processo de votação. Em alguns locais dos Estados Unidos, por exemplo, existe a possibilidade de voto antecipado.

Nos EUA, também é possível votar pelos correios, modalidade que tem mais de um século de vida e faz parte, tradicionalmente, do contexto eleitoral do país. Novamente, cada estado define as regras – se cobra justificativa, por exemplo.

Como as Eleições dos EUA 2024 podem impactar o Brasil?

Pela importância geopolítica dos Estados Unidos, as eleições presidenciais do país têm repercussão mundial, o que explica por que as atenções estão voltadas para o pleito do dia 5 de novembro. A decisão das urnas pode mudar a política externa dos EUA, por exemplo.

O Brasil tem comércio bilateral com os EUA bem significativo. Segundo dados do Governo Federal, o comércio de bens entre Brasil e Estados Unidos, em 2023, somou 75 bilhões (R$ 413,9 bilhões, na cotação atual). O país norte-americano é o segundo principal destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China. Além disso, os EUA são o terceiro maior fornecedor de produtos estrangeiros ao Brasil.

Desta forma, o Brasil acompanha com atenção os desdobramentos das eleições dos EUA 2024. Além da área econômica, pautas ambientais e políticas podem ter interferência e mudança em um novo governo norte-americano e significar um impacto das eleições americanas no Brasil futuramente.

Fatores decisivos para as Eleições dos EUA 2024

Nesta corrida presidencial, a economia, a imigração, a saúde e a política externa são os principais temas em questão e que podem influenciar os eleitores indecisos nos EUA, especialmente em um contexto de equilíbrio entre Kamala e Trump.

No debate das eleições dos EUA 2024 entre os candidatos democrata e republicano, Kamala prometeu ajudar jovens famílias e pequenos negócios, além de diminuir o custo da moradia. Já Trump sinalizou com aumento de tarifas a outros países.

A imigração é um assunto quente entre os dois. Na gestão Biden, Kamala ficou encarregada da diplomacia com os países vizinhos dos Estados Unidos, com o objetivo de cuidar do tema. Entretanto, a vice-presidente lidou com críticas. Assim, Trump utiliza a estratégia de abordar a pauta com frequência nesta caminhada rumo às eleições dos EUA 2024.

O candidato republicano mantém a postura agressiva em relação à imigração ilegal, com o desejo de construir um muro na fronteira com o México, enquanto Kamala é mais diplomática quanto ao tema, embora tenha marcado posição em um discurso que recebeu críticas, quando afirmou: ‘Não venham para os Estados Unidos’, direcionando para os imigrantes ilegais.

Outro forte ponto de divergência que domina o debate nas eleições dos EUA 2024 é em relação ao aborto. Kamala é uma expoente na luta pelos direitos reprodutivos das mulheres. No debate, a candidata democrata atacou Trump e afirmou que o ex-presidente vai “liderar um plano nacional para abolir o aborto.” O republicano negou. Ele tem evitado se posicionar de forma mais contundente sobre o aborto.

O papel do Colégio Eleitoral

Tradicional nos Estados Unidos, o Colégio Eleitoral foi inventado com a finalidade de cada estado escolher os delegados, em vez do voto popular direto. Na elaboração da Constituição norte-americana, a medida levou em conta o tamanho do país e a dificuldade de organizar uma eleição naquela época, em 1787. Além disso, dava mais peso a estados menores.

O termo colégio é usado para se referir ao grupo que tem a função de nomear o presidente e o vice-presidente. São os delegados, também chamados de eleitores. Ao todo, são 538 delegados. A Califórnia tem o maior número de eleitores: 55. Já Wyoming, Alasca, Dakota do Norte e Washington DC, estados com baixa densidade populacional, têm o mínimo: três delegados, cada um.

A regra “Winner takes all” (o vencedor leva tudo) prevalece na maioria dos estados. Assim, o candidato com maior votação naquele estado leva todos os delegados. A dinâmica do Colégio Eleitoral influencia na corrida presidencial, que é focada nos estados-pêndulo (swing states). O termo é usado para os locais em que não existe predomínio nem dos democratas e nem tampouco dos republicanos. Assim, podem pender para qualquer um dos lados. Por sinal, é o foco de atuação dos candidatos nas eleições dos EUA 2024.

Esse sistema indireto também permite que um presidente seja eleito sem ter a maioria do voto popular, como aconteceu com Trump em 2016. A “conta” é ter pelo menos 270 votos do Colégio Eleitoral, o que também explica a importância dos estados-pêndulo na corrida presidencial.

O impacto do voto por correio nas eleições americanas

O voto por correspondência também é algo tradicional nos Estados Unidos. Em 2020, com a pandemia da Covid-19 em curso, os EUA registraram o recorde de votos pelos correios. Segundo o site “US Elections Project”, mais de 65 milhões de norte-americanos votaram por correspondência na última eleição presidencial.

Eleições dos EUA 2024: voto pelo correio divide opiniões entre Trump e Kamala

Eleições dos EUA 2024: voto pelo correio é uma possibilidade | Foto: Getty Images/ND

Cada estado define as regras em relação ao voto por correspondência. Califórnia e Nevada, por exemplo, enviam as cédulas para todos os eleitores registrados, enquanto em outros locais o eleitor precisa solicitar o recebimento da cédula.

Por sinal, a votação por correspondência é mais um assunto quente das eleições dos EUA 2024. Kamala Harris defende a expansão da votação por correios. Na visão dela, é uma forma de possibilitar que os cidadãos possam votar. Nos Estados Unidos, o voto é facultativo.

Já Trump vem criticando a alternativa, gerando controvérsias sobre o voto pelos correios. Em 2020, ele liderou uma “cruzada” contra a modalidade. Embora não tenha evidência, o ex-presidente insiste que a opção é mais suscetível a fraudes, o que comprometeria a lisura do processo eleitoral.

A eleição antecipada é outra possibilidade nos Estados Unidos. É a opção em que os eleitores podem votar, presencialmente ou por correspondência, antes do dia marcado da eleição. A modalidade também depende das regras de cada estado.

Em relação às eleições dos EUA 2024, Minnesota, Dakota do Sul e Virgínia foram os três primeiros estados que liberaram a votação presencial antecipada, no dia 20 de setembro.

Principais estados-pêndulo (swing states)

Tradicionalmente, alguns estados nos EUA têm predomínio praticamente consolidado. Califórnia, por exemplo, é um estado democrata, enquanto o Texas é republicano. Ou seja, normalmente esses partidos vencem nestes locais. Assim, a corrida presidencial foca justamente nos locais em que a disputa é considerada aberta e que pode ir para um lado ou outro. É a dinâmica dos estados-pêndulo, fundamental para as eleições dos EUA 2024.

Pesquisas de intenção de votos, tendências políticas, resultados de eleições anteriores, perfil dos candidatos e mudanças demográficas são fatores analisados na hora de mapear os estados-pêndulo.

Nas eleições dos EUA 2024, Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia, Wisconsin e Carolina do Norte são considerados estados-chave nesta dinâmica de estado-pêndulo. Ou seja, eles podem decidir o resultado das urnas. Desta forma, as projeções para esses estados são acompanhadas com atenção.

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