Chuveiro e escova de dentes têm quantidade “inacreditável” de vírus, descobrem cientistas

Escova os dentesGeorge Magaraia

Uma pesquisa feita nos Estados Unidos revelou que os chuveiros podem abrigar uma “inacreditável” quantidade de comunidades virais, o que pode soar surpreendente, mas é uma descoberta positiva.

Erica Hartmann, microbiologista da Northwestern University, liderou o estudo e ficou feliz com a riqueza de vírus encontrados.

“O número de vírus que descobrimos é impressionante”, comentou Hartmann. “Muitos deles são desconhecidos e demonstram a biodiversidade incrível que temos ao nosso redor, mesmo em nossos próprios lares.”

Embora os vírus sejam frequentemente associados a doenças, nem todos são prejudiciais. A maioria dos vírus identificados na pesquisa são bacteriófagos, que atacam bactérias em vez de humanos. O estudo, publicado na revista Frontiers in Microbiomes, enfatiza a importância de entender esses organismos, considerando que a maioria dos norte-americanos passa grande parte do tempo em casa.

Para investigar a composição das comunidades virais, os pesquisadores analisaram dados de projetos de ciência cidadã que coletaram amostras de chuveiros e escovas de dentes.

As análises revelaram uma diversidade impressionante: mais de 600 espécies virais únicas foram identificadas, cada uma com comunidades distintas em diferentes ambientes.

Esses bacteriófagos podem representar um caminho inovador para o tratamento de infecções bacterianas, oferecendo uma alternativa mais segura à limpeza com produtos antimicrobianos.

Hartmann observou que o uso excessivo de desinfetantes pode levar ao desenvolvimento de resistência em bactérias, tornando as infecções mais difíceis de tratar. “Deveríamos aceitar os micróbios, pois a maioria deles não é prejudicial”, defendeu.

A pesquisa, que começou como uma investigação sobre a propagação de coliformes fecais no banheiro, mostrou que a maioria das bactérias nas escovas de dentes provavelmente vem da boca do usuário. Hartmann e sua equipe também destacaram que a presença de biofilmes nos banheiros, que podem incluir bactérias e fungos, contribui para a complexidade dos ambientes aquáticos.

Com a descoberta de que os bacteriófagos encontrados em chuveiros podem atacar micobactérias nocivas, Hartmann propôs a ideia de usar esses vírus para limpar patógenos nos sistemas de encanamento. “Queremos explorar todas as funções desses vírus e descobrir como podemos aplicá-las de maneira eficaz”, concluiu.

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