Para Caiado, eleição mostrou que população se cansou de discursos radicalizados: “Ninguém aguenta conviver com extremismos”

A derrota do candidato bolsonarista em Goiânia no segundo turno das eleições deste ano ganhou as páginas dos jornais de todo o país. Chamou atenção o fato de uma das principais apostas do ex-presidente da República fracassar em um lugar considerado “reduto bolsonarista” no Brasil. O “causador” dessa derrota também ganhou destaque. Ronaldo Caiado, que já se prepara para concorrer ao Palácio do Planalto em 2026, entrou para a história política como o governador que, além de derrubar o bolsonarismo em uma cidade onde esse movimento sempre prosperou, também conseguiu ser o primeiro chefe do Executivo estadual a eleger um prefeito em quase 40 anos.

Em entrevista aos jornalistas Tales Faria, Fabíola Cidral e Josias de Souza, do UOL News, nesta segunda-feira, 28, Caiado falou sobre a vitória de seu candidato, Sandro Mabel, do UB, sobre Fred Rodrigues, do PL, e em críticas diretas e indiretas a Jair Bolsonaro – a quem classificou como “deselegante e desrespeitoso”, o governador de Goiás ressaltou a importância da moderação e de uma postura técnica e de diálogo das lideranças políticas. Segundo ele, a população “está cansada” de extremismos e “dilemas ideológicos”, e as eleições deste ano ajudaram a demonstrar isso.

“Essa eleição é didática, é educativa. Essa eleição mostrou que ninguém aguenta conviver com extremismos de lado algum. Chega, o povo não tolera isso mais, o povo cansou desse discurso enjoado. O Brasil tem que voltar àquilo que é de interesse do cidadão […] O que precisa acabar é com essa tese de que, ganhou a eleição, um vai pro céu e o outro vai pro inferno. Isso que precisa acabar, é com esse nível de radicalização. É um falso dilema ideológico, se você não comungar daquela tese, aí você vira comunista, vira a pior das pessoas. A população não quer mais viver com isso, ela cansou, ela quer resultados”, afirmou.

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O gestor revelou que chegou a procurar Bolsonaro no início deste ano para tentar uma composição política em Goiás em torno da direita e centro-direita, mas que foi “surpreendido” pela postura do ex-presidente, que decidiu lançar, por si próprio, candidatos nas três maiores cidades de Goiás – Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis. Só obteve vitória nessa última cidade.

“Do dia pra noite, o Bolsonaro e um senador dele, o Wilder, chegaram aqui em Goiás e falaram ‘Olha, aqui o candidato em Goiânia é esse, em Aparecida é esse, em Anápolis é esse’. Eu nunca vi isso na minha vida. Você não faz a construção de uma eleição majoritária, que você não tem a responsabilidade de apresentar pessoas experientes. A eleição hoje não é como antigamente. Hoje o eleitor analisa se aquele candidato tem as condições que ele exige para assumir aquele posto. E de repente eles imaginaram que apenas o 22 era o suficiente, sem se preocupar quem estava ali atrás daquele número”, pontuou o governador de Goiás.

Caiado lembrou, ainda, que será candidato em 2026, independente se Bolsonaro lançar algum nome, ou não. A postura do chefe do Executivo estadual reforça a tese que já é sentida nos últimos tempos: a de que, assim como nas eleições municipais deste ano, a direita estará dividida no pleito presidencial e não disputará “pertencendo” ao bolsonarismo. Até o momento, ao menos seis lideranças são tidas como possíveis candidatos da direita em 2026: Ronaldo Caiado, Pablo Marçal, Tarcísio de Freitas, Ratinho Júnior, Michelle Bolsonaro e Romeu Zema.

“Eu sempre fui aberto ao diálogo. Eu nunca deixei com que o diálogo fosse interrompido na minha vida […]. E mostrei que eu sei ganhar eleições. Eu ganho eleições, diferente dele [de Bolsonaro]. Eu sei trabalhar política porque eu sou um homem do diálogo, eu vou buscar um candidato que tem credenciais para aquilo que o povo deseja, não é o que eu quero. Eu sou um homem que sou democrata na essência, eu respeito o resultado das urnas, respeito o resultado do painel do Congresso Nacional. Agora, eu sou homem que tem ideias”, declarou.

“Eu quero dizer que é importante, que essas pessoas que seguem o Bolsonaro entendam que a vida política exige diálogo, porque ninguém é dono da verdade. Ninguém pode botar a mão em cima de alguém e dizer ‘esse aqui é o meu e acabou’, e desrespeita as lideranças estaduais”, arrematou.

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