TikTok é acusado de lucrar com transmissões ao vivo de conteúdo sexual feito por adolescentes

O TikTok está sendo acusado de lucrar com transmissões ao vivo (lives) com conteúdo sexual feito por adolescentes. A denúncia foi feita à BBC, que conversou om três mulheres no Quênia que disseram ter começado a prática quando eram adolescentes.

De acordo com as mulheres, elas começaram a usar o TikTok para anunciar abertamente e negociar o pagamento por conteúdo mais explícito enviado por outras plataformas. O aplicativo fica com cerca de 70% dos pagamentos feitos durante lives.

As regras do aplicativo proíbem a prostituição, mas moderadores de conteúdo afirmaram à BBC que a empresa sabe que o aplicativo é usado para isso. A plataforma afirmou ter “tolerância zero para exploração sexual”. Transmissões do Quênia são populares no aplicativo.

Durante a madrugada, o aplicativo fica cheio de lives abertas no aplicativo. Muitas delas são de músicas tocando alto enquanto usuários conversam uns com os outros. Em certo momento, uma mulher liga sua câmera para rebolar ou posar provocativamente. Emojis de presentes (pagamentos) preenchem a tela.

“Mande uma mensagem para mim no privado para ver meu clitóris”, dizem repetidamente.

Nas mensagens privadas, pessoas podem mandar solicitações mais explícitas — como assistir à mulher se masturbando, se despindo ou realizando atividades sexuais com outras mulheres.

A BBC encontrou transmissões com gírias sexuais codificadas foram usadas para anunciar serviços sexuais. Nestes casos, o pagamento é feito através de presentes, que são rosas, corações e outros símbolos.

Além disso, esses presentes pagam por conteúdo sexual enviado posteriormente por outras plataformas, já que o aplicativo remove nudez explícita e quaisquer atos sexuais óbvios.

“Não é do interesse do TikTok reprimir a solicitação de sexo — quanto mais pessoas dão presentes em uma transmissão ao vivo… [mais] receita para o TikTok”, diz João*, um ex-moderador de conteúdo queniano.

Outro ponto citado pela reportagem da BBC é a existência de “cafetões digitais”. Instituições informaram que crianças de até 9 anos estão sendo prostituídas na plataforma. Adolescentes e mulheres que conversaram com a reportagem afirmam que passam de sei a sete horas por noite na atividade e ganhando em média 30 libras (R$ 225) por dia — o suficiente para comprar comida e pagar por transporte durante uma semana.

“Eu me vendo no TikTok. Eu danço nua. Faço isso porque é onde consigo ganhar dinheiro para me sustentar”, diz Esther*, uma jovem de 17 anos. Ela afirma que o dinheiro a ajuda a comprar comida para seu filho e a sustentar sua mãe, que tem tido dificuldade para pagar o aluguel desde que o pai de Esther morreu.

Por conta de algumas regras da plataforma, ela se torna um local propício para a existência de “cafetões digitais”, que hospedam transmissões ao vivo vendendo conteúdo sexual. Alguns deles têm contas de backup.

Essas pessoas parecem saber como evitar a detecção pelos moderadores de conteúdo, sendo provocativos o suficiente para despertar o interesse dos clientes durante as transmissões. “Quando estiver dançando, afaste-se da câmera, caso contrário, você será bloqueada”, diz um desses cafetões para uma mulher que rebola na tela. Em troca da hospedagem, as mulheres pagam parte de seus ganhos para essas pessoas.

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