Vice-prefeita de Goiânia detalha plano de 100 dias: “Queremos fazer de forma efetiva e com o menor custo”

A vice-prefeita de Goiânia, Cláudia da Silva Lira (Avante), revelou, em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o conjunto de ações planejadas para os primeiros 100 dias da nova gestão municipal. A estratégia se concentra em áreas essenciais, como infraestrutura urbana, ampliação de serviços públicos e reforço na segurança. Entre as prioridades, destacam-se medidas para mitigar problemas recorrentes durante o período chuvoso, como limpeza de bueiros e recolhimento de resíduos, e projetos para melhorar o transporte público, saúde e proteção às mulheres. A proposta inicial também inclui a criação de parcerias para potencializar a eficiência e reduzir custos.

Cláudia explicou que uma das primeiras iniciativas foi a organização de mutirões de limpeza. A operação teve início na região Noroeste e foi expandida para a região Leste. Nessas ações, foram realizados trabalhos como poda de árvores, desobstrução de bueiros, troca de lâmpadas e remoção de resíduos sólidos descartados irregularmente. Segundo a vice-prefeita, essas atividades não são pontuais, mas contínuas, com foco em minimizar os impactos das chuvas. “A gente tem promovido os mutirões, mas aquelas atividades continuam acontecendo ao longo da semana”, ressaltou.

Mobilidade urbana

No âmbito da mobilidade, a Prefeitura iniciou ajustes imediatos no trânsito, como a liberação de conversões à direita em cinco pontos estratégicos da cidade. Estudos em andamento avaliam a ampliação da medida para até 180 locais, com atenção à segurança de pedestres. Além disso, foi realizada a retirada de semáforos obsoletos que atrapalhavam o fluxo nas vias, como no caso do cruzamento próximo à Marginal Botafogo.

A gestão também prioriza o transporte público, com a renovação da frota de ônibus, continuando as ações iniciadas no ano passado. “Queremos que o transporte público seja atrativo, de qualidade e eficiente, de forma que mais pessoas possam optar por ele ao invés de usar veículos particulares”, afirmou Cláudia. Ela destacou ainda a necessidade de uma integração mais eficiente entre Goiânia e cidades da região metropolitana, visando reduzir os tempos de deslocamento e aprimorar o sistema de transporte intermunicipal.

Segurança pública

Na área de segurança, a vice-prefeita enfatizou a importância de um planejamento específico para proteção das mulheres. O aplicativo “Mulher Segura”, que já existe, será otimizado com novas funções, como a integração de informações da Rede Mulher. Essa funcionalidade fornecerá acesso rápido a serviços de segurança, saúde, assistência social e judicial.

Segundo Cláudia, essa iniciativa visa integrar e facilitar o acesso a serviços voltados à assistência e proteção das mulheres, contribuindo para uma política pública mais eficiente e acessível.

De acordo com a vice-prefeita, a aba centralizará dados essenciais, como contatos da Defensoria Pública, orientações para vítimas de violência e informações sobre atendimentos de saúde. Ela explicou: “Hoje, a mulher vítima de violência muitas vezes não reconhece os sinais porque associa a violência apenas a agressões físicas. Queremos oferecer um quiz interativo para identificar situações de abuso e ampliar o alcance desse suporte.”

Outra frente prioritária é a conscientização. Cláudia destacou que mutirões informativos podem ser organizados para ensinar mulheres a reconhecer sinais de violência psicológica, econômica e moral. “Embora não sejam tão visíveis quanto a violência física, essas formas de abuso são igualmente devastadoras. Planejamos campanhas educativas em colaboração com o Ministério Público e organizações não-governamentais.”

Além disso, a gestão está levantando dados para mapear as demandas reais e aprimorar as políticas já existentes. Essa iniciativa inclui o uso de tecnologia, como aplicativos móveis, para conectar usuárias a serviços rápidos e eficientes. “Hoje, com um smartphone na mão, qualquer mulher pode acessar informações necessárias, mas precisamos estruturar melhor o que é oferecido”, frisou a vice-prefeita.

Além disso, haverá esforços para expandir o monitoramento por câmeras com um “cinturão digital”, que ampliará a rede de videomonitoramento, o objetivo da Prefeitura, segundo Cláudia, é utilizar tanto os dispositivos existentes quanto estabelecendo parcerias com o setor privado, que já utilizam suas câmeras.

Sobre os desafios na implementação do “cinturão digital”, Cláudia afirmou que as primeiras ações envolvem um levantamento detalhado dos recursos já disponíveis. A ideia é compartilhar imagens captadas por câmeras privadas e públicas para criar uma rede abrangente com custo reduzido. 

Os objetivos ainda envolvem permitir uma resposta mais rápida dos agentes da Guarda Metropolitana e da Polícia Militar por meio da fiscalização digital. “Estamos estudando como essas parcerias podem ser viáveis no menor tempo possível e com o menor custo para a prefeitura”, garantiu.

Para os 100 dias de governos, os planos também abrangem a reestruturação dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Especializada (CREAS), visando fortalecer o atendimento multidisciplinar. “Esses centros já desempenham papel importante, mas queremos aprimorá-los com equipes capacitadas e infraestrutura adequada”, pontuou Cláudia.

A patrulha Maria da Penha também será reforçada, mas a Coronel Cláudia afirma que o aumento no efetivo da Patrulha Maria da Penha depende essencialmente da parceria com a Polícia Militar. Segundo ela, “para aumentar o efetivo é necessário que haja aí uma possibilidade de horas extras, né? Então é necessário termos recursos para que possamos fazer esse aumento do efetivo.” O pagamento dessas horas extras seria essencial para permitir que policiais em folga fossem designados a essa patrulha específica, um modelo que já foi implementado em outros municípios.

A gestora também destacou o papel do planejamento interno da Polícia Militar no aumento do efetivo. Recentemente, turmas de soldados foram formadas e distribuídas em diferentes regiões do estado, com a previsão de abertura de uma terceira turma de formação. Outro ponto levantado pela vice-prefeita foi a questão da inclusão de mulheres na Polícia Militar. Até recentemente, existia um limite de 10% para a participação feminina na corporação, mas essa restrição foi derrubada. “Pode acontecer de nós termos um incremento de um número maior de mulheres entrando na corporação. Isso pode favorecer aí o aumento de efetivo no futuro,” afirmou.

Parcerias e coleta de resíduos

A gestão busca parcerias para criar soluções sustentáveis em várias áreas. Um dos exemplos citados é a ampliação do número de ecopontos. Goiânia dispõe atualmente de apenas quatro unidades, insuficientes para atender a demanda da população. Segundo Cláudia, a prefeitura tem analisado boas práticas de outros municípios e pretende, ainda neste trimestre, definir estratégias para melhorar a coleta de resíduos sólidos e combater focos de dengue associados ao descarte irregular.

“Estamos em constante diálogo com a Companhia de Urbanização de Goiânia (COMURG), a Agência Municipal do Meio Ambiente (AMA) e associações de coleta seletiva para estruturar um modelo eficaz”, afirmou. Ela mencionou a necessidade de conscientização pública, destacando o papel da educação ambiental nas escolas e nos centros de assistência social como parte da solução.

A vice-prefeita destacou também a importância de parcerias com municípios vizinhos, como Aparecida de Goiânia e Trindade, para soluções conjuntas em infraestrutura e mobilidade. Segundo Cláudia, o alinhamento político entre as gestões facilita o diálogo e a cooperação, especialmente em questões como transporte público e oferta de vagas escolares. “Precisamos garantir que pais que moram em Goiânia e trabalham em cidades limítrofes consigam matricular seus filhos em escolas próximas ao local de trabalho”, explicou.

Essas ações incluem a ampliação do maior parque linear da região, com o Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns (PUAMA), que faz parte de uma estratégia para mitigar enchentes e melhorar o sistema de drenagem. Além disso, o Conselho de Desenvolvimento Metropolitano de Goiânia (CODEMETRO) tem auxiliado no planejamento estratégico em áreas como saneamento e meio ambiente.

Saúde e inclusão social

Outro ponto importante é a ampliação dos serviços de saúde e educação. Cláudia destacou que estão em andamento esforços para criar novas vagas nos CMEIs (Centro Municipal de Educação Infantil) e ampliar o acesso aos serviços hospitalares. Essas ações visam garantir que as famílias tenham acesso próximo e regionalizado a serviços essenciais, reduzindo deslocamentos desnecessários e impactando positivamente a mobilidade.

Além disso, a gestão busca parcerias para inserir mais pessoas no mercado de trabalho, alinhando oferta e demanda de vagas com proximidade geográfica. “Queremos que o emprego esteja mais próximo da casa do trabalhador, facilitando o dia a dia e promovendo qualidade de vida”, disse.

Outro ponto é a retomada das obras da Casa da Mulher Brasileira, cuja construção está paralisada atualmente. A unidade, quando pronta, promete ser um espaço físico integrado para acolhimento, assistência jurídica, apoio psicossocial e outros serviços. Segundo a Coronel Cláudia, atualmente, apenas 7% da obra foi concluída. A vice-prefeita reforçou ainda que a finalização será prioridade, com a previsão para finalização entre dezembro e janeiro de 2026. 

Entretanto, desafios climáticos representam um dos principais entraves para a retomada de obras públicas, especialmente no período chuvoso.  “As chuvas impactam o ritmo das obras, mas estamos determinados a retomar o projeto tão logo as condições climáticas permitam.”

Mesmo assim, Cláudia destacou que estão sendo feitas adequações para atender as demandas mais urgentes, como reformas em unidades de saúde e ampliação dos CRAS.

No entanto, ela reconheceu as limitações financeiras e explicou que a captação de recursos ainda é uma etapa em andamento. “Estamos aproveitando esse período para reorganizar prioridades e ajustar orçamentos. Quando o clima permitir, estaremos prontos para acelerar as obras.”

Projeções para o futuro

Para Coronel Cláudia, a construção de uma Goiânia melhor depende diretamente da participação da população. Ela afirmou que a gestão está aberta ao diálogo e busca continuamente soluções que promovam a integração entre prefeitura, sociedade e iniciativa privada.

“Temos muito trabalho pela frente, mas estamos determinados a superar os desafios e criar condições para que Goiânia se torne uma cidade mais eficiente, organizada e acolhedora para todos”, concluiu.

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