Maria Callas: uma ária de emoções ternas

É difícil pensar em um nome que ressoe tanto no mundo da ópera quanto Maria Callas. A soprano grega, que redefiniu os padrões da interpretação lírica no século XX, é  retratada em um filme que não apenas narra sua vida, mas também revive sua arte. Maria (“Maria Callas”, no Brasil), dirigido por Pablo Larraín e estrelado por Angelina Jolie, está disponível na Netflix, oferecendo aos amantes da música uma experiência que promete emocionar.

O filme inicia em 1977, nos últimos dias da vida de Callas, e se desenrola por meio de uma narrativa que mescla realidade e ficção, com uma entrevista imaginária que conduz o espectador por memórias da ”Diva”. Larraín, conhecido por retratar mulheres icônicas como Jackie Kennedy e Diana Spencer em seus filmes anteriores, busca captar a dualidade entre Maria, a mulher vulnerável, e La Callas, a “Diva” incomparável.

Angelina Jolie como Maria Callas | Foto: Divulgação

Angelina Jolie entrega uma interpretação elegante, ainda que distante de explorar completamente a dubiedade de Callas. O filme é marcado por uma reverência à figura da soprano, mas é em suas interpretações de árias operísticas  que reside a verdadeira essência da narrativa. As gravações originais de Callas, mixadas com a interpretação de Jolie, criam momentos que transportam o espectador para as décadas de 1950 e 1960, o auge da carreira da artista.

É nesses momentos que percebemos por que Maria Callas é considerada a maior soprano de todos os tempos. Suas interpretações de Norma de Bellini ou La Traviata de Verdi não apenas encantavam, mas revolucionavam a maneira como a ópera era percebida. Callas trouxe emoção crua e intensidade dramática às suas personagens, elevando-as de simples papéis a manifestações de sua própria alma.

Maria Callas e Aristóteles Onassis | Foto: Reprodução

Mas o filme também dedica espaço às relações pessoais de Callas, especialmente seu conturbado romance com Aristóteles Onassis. Embora essa  faceta de sua vida tenha sido amplamente explorada pela mídia sensacionalista, dedicar tanto foco ao relacionamento em detrimento de sua carreira é uma escolha questionável. Afinal, Maria Callas era muito mais do que os homens em sua vida; ela era uma força da natureza que dominava palcos e corações com igual intensidade.

O roteiro de Steven Knight equilibra momentos de introspecção com flashes de grandiosidade. Contudo, falta à narrativa o senso de urgência ou profundidade emocional que poderia ter humanizado ainda mais Maria Callas. Mesmo assim, o filme é um deleite visual, com recriações históricas e uma fotografia que faz jus ao glamour da época.

O maior legado de Maria Callas, no entanto, permanece em sua voz. Como bem disse a própria artista:

“A ópera começa onde as palavras não conseguem mais se expressar.”

Suas gravações entre 1950 e 1965 continuam sendo um marco para qualquer amante da música de concerto.

Angelina Jolie e Maria callas | Foto: Reprodução

Assistir ao filme é uma experiência enriquecedora, mas ouvir Maria Callas é imprescindível. Se você quer entender por que ela é chamada de “La Divina”, basta fechar os olhos e deixar-se envolver por sua voz vibrante e emocionante. O filme Maria é uma bela porta de entrada para um universo que, uma vez descoberto, jamais será esquecido.

Ouviremos Maria Callas interpretando uma ária de seu papel mais icônico, a sacerdotisa druida Norma, de Bellini, acompanhada pela Orquestra da Ópera Nacional de Paris sob a regência de Georges Sebastian. Gravado ao vivo no Palais Garnier em 19 de dezembro de 1958.

Observe, sua voz inconfundível em um concerto que  marcou a estreia da soprano na Ópera de Paris.

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