Com mais de R$ 600 milhões em dívidas só na saúde, Prefeitura planeja cronograma de pagamento parcelado para prestadores de serviço

O prefeito Sandro Mabel se reuniu na manhã desta segunda-feira, 20, no Paço Municipal, com prestadores de serviços de saúde da capital que enfrentam atrasos nos pagamentos herdados da gestão anterior. Mabel reconheceu a gravidade da situação e prometeu quitá-las. “Os prestadores estão com três ou quatro meses de pagamentos atrasados, e a dívida total da prefeitura chega a R$ 4 bilhões, sendo R$ 600 milhões referentes à saúde. Estamos elaborando um cronograma para quitar os débitos de forma parcelada, sem comprometer os pagamentos atuais”, explicou.

Mabel garantiu que os recursos destinados à saúde serão utilizados exclusivamente para essa finalidade. “Assumi um compromisso durante a campanha e vou cumpri-lo. A partir de agora, a prefeitura não reterá os repasses do SUS. Eles serão pagos dentro do prazo previsto aos colaboradores da saúde”, afirmou Mabel.

Acompanhado pelo secretário de Saúde, Luiz Pellizzer, o prefeito reforçou que todos os repasses provenientes do Ministério da Saúde serão realizados pontualmente. “Os recursos destinados à saúde não serão desviados para outras finalidades, como ocorria anteriormente. Nossa prioridade é pagar os prestadores e garantir a confiança na regularidade dos pagamentos”, destacou o prefeito.

O prefeito explicou que, anteriormente, os valores ficavam retidos na prefeitura por meses, o que deixava as empresas sem pagamento e gerava o acúmulo de dívidas, além da interrupção dos serviços prestados à população. “Agora, os recursos não entram mais no caixa da prefeitura; eles são direcionados para uma conta especial e transferidos imediatamente às entidades responsáveis pelos serviços”, afirmou.

Na última sexta-feira, 17, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) realizou o pagamento de R$ 33,5 milhões a aproximadamente 160 prestadores de saúde, utilizando recursos recebidos na semana anterior. “Estamos inaugurando uma nova prática em nossa gestão”, destacou o prefeito.

Associação de Hospitais Filantrópicos de Goiás

Irani Ribeiro de Moura, superintendente da Santa Casa de Misericórdia e presidente da Associação de Hospitais Filantrópicos de Goiás, destacou a importância do encontro realizado com o prefeito de Goiânia. Segundo ela, essa foi a primeira vez na história que um gestor municipal os convidou para discutir os desafios enfrentados pelo setor de saúde.

“Hoje é um dia muito especial para nós, que dirigimos as filantrópicas de Goiás. Por quê? É a primeira vez que um prefeito nos convida para estar aqui, falar dos nossos problemas e nos informar sobre a situação da secretaria, do município e as dificuldades de repasse de recursos. Nós sabemos muito bem que o governo anterior foi muito insuficiente com as instituições”, afirmou Irani.

Durante o encontro, a superintendente destacou a transparência da atual gestão. “Hoje tivemos a oportunidade de colocar as nossas dificuldades, e ele nos informou também sobre as dificuldades do município e da Secretaria Municipal de Saúde. Essa transparência é fundamental para que as instituições possam planejar e trabalhar”, enfatizou.

Sobre os repasses, Irani reconheceu que há atrasos, mas ressaltou que a situação não é responsabilidade da atual gestão. “No caso da Santa Casa, por exemplo, há repasses atrasados, assim como para outros hospitais. Mas não é responsabilidade dessa gestão. A responsabilidade desta gestão é o mês de novembro, que o Ministério da Saúde já repassou, e o prefeito está enviando da maneira mais rápida para as instituições. Pelo menos temos a garantia de que, daqui para frente, receberemos esse recurso”, disse.

Ela também abordou a preocupação com os recursos pendentes de gestões anteriores. “A nossa dificuldade é o recurso anterior. Estamos vendo muito esforço do município, do prefeito e do secretário para encontrar uma solução. O prefeito informou que esse recurso não existe, então teremos que colaborar para que ele possa nos ajudar no futuro. Confiamos muito nesse prefeito e já estamos em conversação com o secretário municipal”, concluiu.

Regularização e modernização

Na oportunidade, Mabel explicou que a prefeitura tem se empenhado em agilizar os pagamentos para evitar os atrasos que afetam diretamente o atendimento à população. “Na quarta-feira passada, recebemos o dinheiro, e, na sexta, já conseguimos pagar grande parte dos prestadores. Estamos dentro do prazo legal de cinco dias úteis. Mesmo assim, solicitei um estudo para reduzir esse prazo para três dias, embora nosso sistema de informática seja defasado. Estamos trabalhando para modernizá-lo”, detalhou.

Apesar das dificuldades financeiras, o prefeito expressou confiança em sua capacidade de reorganizar a gestão. “Tenho quase cinco décadas de experiência em administração e nunca vi uma situação tão desorganizada. Mas vamos resolver isso. Já conseguimos abastecer as unidades de saúde com remédios e insumos, e inauguramos serviços pediátricos 24 horas em todas as unidades”, afirmou.

Críticas à gestão anterior

Mabel também criticou os altos custos praticados por algumas organizações que administram convênios de saúde. “Um parto custava R$ 25 mil em algumas instituições, enquanto deveria custar cerca de R$ 2,6 mil. Isso é inaceitável. Estamos renegociando contratos para garantir eficiência e economia”, ressaltou.

Ele ainda anunciou medidas para combater irregularidades na folha de pagamento. “Já identificamos fraudes, como atestados médicos indevidos, e estamos tomando as providências necessárias. Só nos últimos dias, conseguimos trazer 1.400 servidores de volta ao trabalho, que estavam afastados sem justificativa sólida”, informou.

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