Dólar abre em queda e abaixo de R$ 6 nesta quarta após novas ameaças de Trump

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O dólar abriu em queda e abaixo do patamar de R$ 6 nesta quarta-feira (22), após novas ameaças feitas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Em entrevista na terça-feira (21), o republicano afirmou que pode impor tarifas de importação a produtos da União Europeia e da China no início de fevereiro, mesma ameaça feita no dia anterior contra Canadá e México.

A exemplo do que ocorre em outros mercados pelo mundo, o dólar começou com queda de 0,54% nesta manhã, cotado a R$ 5,9985.

Na terça-feira (21), a moeda norte-americana fechou a sessão com leve queda de 0,18%, cotado a R$ 6,031. O dólar abriu em alta e permaneceu assim durante toda a manhã, mas inverteu o movimento e passou a cair durante a tarde. Segundo analistas, o mercado seguiu incerto se Trump vai adotar um tom mais agressivo contra parceiros comerciais ou não, fazendo a moeda oscilar constantemente durante a sessão.

Já a Bolsa fechou com alta de 0,39%, aos 123.338 pontos. É a primeira vez, desde meados de dezembro do ano passado, que a Bolsa encerra acima dos 123 mil pontos, endossada por Wall Street, enquanto Petrobras e ações de empresas de proteínas limitaram os ganhos.

Na cena doméstica, a sessão foi marcada por noticiário esvaziado. Ao contrário do que ocorreu na segunda-feira, o BC (Banco Central) se manteve longe dos negócios nesta terça. Na véspera, a divisa dos EUA encerrou com queda de 0,36%, cotado a R$ 6,042, e a Bolsa encerrou com alta de 0,41%, aos 122.855 pontos.

Diante disso, o mercado voltou as atenções para os acontecimentos do cenário externo, com os desdobramentos políticos e econômicos da nova gestão Trump em foco.

Nesta terça-feira pela manhã, o dólar estava em valorização na comparação com outras moedas, mas passou a se desvalorizar no início da tarde e inverteu novamente o movimento, passando por um alívio diante de outras divisas.

Segundo Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, o início do mandato de Trump na Casa Branca traz incertezas que impulsionam a volatilidade da divisa dos EUA.

“Quem acompanhou o primeiro mandato de Trump sabe como é uma montanha-russa de emoções, o que deve acontecer especialmente neste início, com muitas dúvidas sobre o tom que ele adotará em relação às tarifas”, afirma.

Para o analista, a volatilidade será uma constante no novo governo do presidente americano, em especial com a definição dos rumos para novos capítulos da guerra comercial e questões tarifárias, e diante de um cenário de ausência de fatores domésticos relevantes.

“O mercado está atento e em compasso de espera em relação a anúncios que Trump possa fazer nesse início de mandato, já que ele não detalhou como vai funcionar as tarifas de importação, o que aliviou os ânimos, mas deixa o mercado na incerteza. Isso deixa o mercado volátil também”, Rodrigo Cohen, analista de investimentos.

“O mercado está digerindo as informações de ontem, sobre quais vão ser as prioridades do governo Trump e seus efeitos ao redor do mundo. É um dia de certa forma de cautela”, disse Victor Furtado, head de Alocação da W1 Capital.

Na abertura dos mercados na Europa, o euro chegou a cair 0,6% e estava cotado a US$ 1,04. A libra esterlina tinha queda de 0,6%, a US$ 1,23, enquanto o peso mexicano se desvalorizava 1,3%, e o dólar canadense, 1%.

Uma das poucas moedas que chegou a se valorizar frente à divisa norte-americana foi o iene, que fechou em alta de 0,5%, cotado a 154,78 ienes.

As principais Bolsas da Ásia não sofreram oscilações significativas. As ações de Hong Kong subiram 0,91%, maior patamar em cinco semanas, em movimento antagônico às ações de baterias e energia, que caíram. Já as Bolsas da China ficaram praticamente estáveis, com o índice CSI300 (que reúne as principais companhias de Xangai e Shenzhen) oscilando positivamente 0,08%, e o índice de Xangai, negativamente a 0,05%. No Japão, o índice Nikkei subiu 0,32%.

Já o minério de ferro teve alta de 0,56% no contrato de maio na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China, cotado a 804,5 iuanes (US$ 110,57) a tonelada. No início da sessão, o contrato atingiu o valor mais alto desde 12 de dezembro de 2024, em 808 iuanes.

Após vencer as eleições de novembro, Trump tomou posse nesta segunda, ao lado do vice, J.D. Vance, retornando à Casa Branca após quatro anos.

A cerimônia começou com a tradicional participação de Trump em um culto na Igreja Episcopal de St. John, localizada próxima à Casa Branca.

Em seguida, como parte do protocolo de transição, ele tomou chá com o agora ex-presidente Joe Biden.

Devido ao mau tempo em Washington, com previsão de frio intenso e neve, o juramento foi realizado dentro do Capitólio.

Trump e Vance se reuniram com apoiadores em um centro de eventos na capital americana, onde o presidente fará seu primeiro discurso oficial. Depois, já na Casa Branca, Trump assinou os primeiros atos do mandato.

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