“É preciso analisar o bullying como um fenômeno social”, afirma professora sobre novo projeto de combate nas escolas

A Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados aprovou projeto que prevê a adoção de protocolos por escolas públicas e particulares brasileiras para combater o bullying. O texto utiliza conceitos trazidos pela lei e detalha todas as providências a serem tomadas para combater a prática no ambiente escolar.

Conforme o texto aprovado, professores, diretores, coordenadores ou qualquer outro funcionário da escola deverão notificar à coordenação pedagógica os casos de bullying de que tiverem conhecimento. A coordenação, por sua vez, tomará uma série de providências, começando pela comunicação da intimidação aos pais da vítima e do agressor.

Ao Jornal Opção, a Professora Dra. Jordana Balduíno, vice-diretora faculdade de Educação da UFG, explicou que a medida é importante pois possibilita estudar o bullying como fenômeno social. “O bullying pode acontecer de diferentes formas. Então essa medida faz com que todos que se envolvam sejam responsabilizados e responsáveis por situações do tipo. Logo, normas como essa trazem o envolvimento de secretarias de Educação, equipes diretiva das escolas, professores e famílias, ou seja, a gente busca saída coletiva e não individual”, explicou.

Para Jordana, a medida aprovada na comissão também serve como um mecanismo para não banalizar essa “falta de respeito” um com o outro. “As pessoas consideram o bullying muito comum. Isso ocorre até que aconteça uma tragédia maior, quando existe uma violência física. Mas hoje isso tudo é naturalizado e requer esforço para superar a aparência de rotina desse ato, para que se pare de agir como se fosse normal”, diz.

A professora afirma que acredita que para isso venha a acontecer é necessário que todos tenham momentos formativos. “É fundamento esses momentos para que educadores e estudantes possam entender os efeitos do bullying para a vítima e para toda a comunidade escolar. Não existe apenas a relação entre agressor e vítima, mas também do espectador, que muitas vezes compactua e estimula o que ocorre. É preciso conversas sobre as causas e consequências para se debater o sofrimento das vítimas com empatia”.

Para que exista uma percepção precoce, segundo a professora, é necessário que se tenha atenção a sinais. “As pessoas que sofrem violência são devastadas pela angústia, por dores e por incertezas. Elas padecem de danos, como eu falei, físicos, psicológicos e emocionais. Então, a vítima muitas vezes naturaliza. Por isso é necessário ficar atento ao adoecimento, transtorno de ansiedade, depressão, transtornos alimentares, pois isso ocorre”, relato.

Por fim, Jordana explica que envovler mais órgãos para a solução do problema é de suma importância. “Eu acho importante envolver mais órgãos para tirar a responsabilidade apenas da escola, pois elas as vezes estão de mãos atadas. Então isso é uma medida coletiva importante, pois a atribuição do Conselho Tutelar, por exemplo, é atender crianças e adolescentes para garantir seus direitos. E isso deve ocorrer”, completou.

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