OS PLAGIÁRIOS DE LIVERPOOL

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Previsto na lei do direito autoral brasileira (9.610), de 1998, e no  Código Penal, o plágio é tipificado por crime. Mas gera muitas discussões e uma delas por causa da teoria dos oito compassos. Se tiver mais do que isso, o rolo rola.

No Brasil, o cantor mais popular, Roberto Carlos, já foi causado de dois plágios: em 1971, por Erli Cabral Ribeiro Antunes, alegando que a sua música Aquele Amor Tão Grande” teria virado “Traumas”, na voz do astro, e por por Sebastião Braga, que  passou 14 temporadas dizendo à Justiça ter composto “Loucuras de Amor”, que o “Rei” gravou, em 1987, como dele e de Erasmo Carlos, como “O Careta”. 

 De acusações de plágio, nem os Beatles escaparam. Depois de lançarem o disco Abbey Road, em 1969, a gravadora do roqueiro norte-americano Chuck Berry acusou os “Reis do yeah, yeah, yeah” de plágio da música “You Can’t Catch Me”,  alegando que John Lennon a transformara em “Come Together”.

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Lennon revelou que recebia influências do roqueiro norte-americano e não discutiu. Levou um papo com os parceiros e acertou acordo extrajudicial com o Berry, no único caso de plágio envolvendo a banda inglesa de Liverpool. Antes, porém, Paul McCartney havia declarado ter roubado a batida do baixo de “I’m Talking About You“, do mesmo Chuck Berry, em “I Saw Her Standing There“, em 1963. Paul foi acusado de plagiar, também, em “Golden Slumbers”, de 1969,  baseado no poema “Cradle Song” da peça Patient Grissel, canção de ninar do dramaturgo Thomas Dekker, e em “Light From Your Lightghouse”, de 2008, em cima de “Let Your Light Shine On Me”, do bluseiro Blind Willie Johnson. Mas ninguém reclamou.

Oito viradas de calendário depois dos Beatles, John Lennon emplacou “Happy Xmas”, mais um deslize “betlemaniaco”, pois a canção era idêntica a “Stewball”, sucesso do trio norte-americano Peter, Paul and Mary. Mas não ficam por aí as pisadas na bola dos rapazes de Liverpool: “I Feel Finee e “Day Tripper”, escritas por Lennon e creditadas também a McCartney, de 1964, e 1966, respectivamente, beberam na fonte dos riffs de Bobby Parker.

Santo Deus! E não foi que  George Harrison, também, apelou para a onda do sabidinho. Em 1970, quando lançou o seu primeiro single do primeiro disco solo  – “All Things Must Pass” – fez a norte-americana Bright Tunes reclamar na Justiça, garantindo  que ao escrever e cantar “My Sweet Lord o ex- Beatle estava revivendo “He’s So Fine”, de Ronald Macky,  gravada, em 1962, por The Chiffons. Resultado: Harrison foi acusado, pelo juiz novaiorquino Richard Owen, de haver cometido um deslize e o condenou por “plágio inconsciente”, que custou ao ex-Beatle mais de US$ 500 mil dólares em indenizações.

Harrison escrevera “My Sweet Lord” durante turnê europeia, em dezembro de 1969, quando se apresentava junto com Delaney & Bonnie. Antes de gravá-la, ofereceu-a a Billy Preston, que  a incluiu em seu LP “Encouraging Words”. Só após a separação dos Beatles ele gravou sua própria versão. Quanto a “He´s So Fine”,  que gerou “My Sweet Lord”, foi gravada, em 1963, por cinco moças que se apresentavam comoChiffons. Após o final dos litígios, em 1998, Harison regravou a música do barulho, fazendo mudanças. Antes, em 1968, ele havia escorregado ao se apropriar de poesia taoista de Lao Tse, a sua inspiração para “The Inner Light” – o plágio está no ar. Basta pegar. E pagar!

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