Francisco Teloeken: “Maioria dos brasileiros não faz plano financeiro para a aposentadoria”

Há poucos dias, em 24 de janeiro, celebramos o “Dia do Aposentado”. Instituída em 1981 para homenagear os profissionais que dedicaram parte de suas vidas ao trabalho, a data foi escolhida para lembrar a promulgação da Lei Eloy Chaves, em 24 de janeiro de 1923, há mais de 100 anos, e é considerada a primeira lei brasileira destinada à Previdência Social no Brasil. Um século depois, a evolução da previdência social no Brasil chegou ao atual INSS, um dos maiores sistemas previdenciários do mundo.

Infelizmente, nos moldes atuais, será cada vez mais difícil de ser mantido o benefício para os futuros aposentados. A previdência pública do Brasil está organizada principalmente em um regime conhecido por repartição simples. Significa que os atuais aposentados tem parte de seus benefícios custeados pelas contribuições dos trabalhadores na ativa. Esses, por sua vez, dependerão das contribuições das próximas gerações de trabalhadores. Será que isso vai acontecer?

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Com a diminuição do número de nascimentos e o aumento da expectativa de vida, o Brasil está iniciando um envelhecimento populacional. Em breve, seremos um país com menos crianças e mais idosos. Isso acaba gerando reflexos em várias áreas, inclusive na Previdência Social Pública. Um estudo do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada aponta que a proporção entre número de contribuintes e o número de beneficiários do Regime Geral de Previdência Pública vem decrescendo de forma acelerada.

A projeção é que, em 2050, seja de um contribuinte para um aposentado. A pergunta que não quer calar: quem vai bancar a conta da aposentadoria? Mesmo com constantes reformas, o governo federal precisa contribuir com valores cada vez maiores para cobrir o rombo e manter o sistema. Enquanto nos anos 90, os aportes com a previdência representavam 20% dos gastos totais, hoje já respondem por 51% de todas as despesas primárias da União.

Estudo sobre aposentadoria, realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) constatou que 8 em cada 10 brasileiros não tem preparação para a aposentadoria, sendo que a maioria teme não ter dinheiro na velhice. Aliás, recente pesquisa nacional, realizada pelo Instituto Opinion Box e divulgada pelo Serasa, em 24 de janeiro, mostra que a maioria dos brasileiros (60%) iniciam o planejamento financeiro para a aposentadoria apenas nos últimos cinco anos de antecedência.

A pesquisa ouviu pessoas aposentadas ou prestes a se aposentar e revelou que 37% dos aposentados admitem que não se planejaram financeiramente para parar de trabalhar. Muitos deles dependem dos familiares para sobreviverem, tiveram que diminuir seu padrão de vida com os custos da velhice e permaneceram trabalhando, às vezes de forma precária, para conseguir pagar suas contas.

Quem se aposenta hoje enfrenta uma queda na renda mensal, o que, por si só, não seria um problema, se a redução fosse proporcional ao corte de despesas, mas, na prática, algumas despesas até aumentam, principalmente em saúde. O fato é que, conforme especialistas, o Brasil gasta muito com aposentados e a Previdência pública está ficando insustentável. A saída é uma só: pensar em alguma forma de poupança e investimento por conta própria para gerar uma renda passiva, no futuro, e, mais importante, começar a fazer isso o quanto antes.

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Embora o brasileiro poupe pouco, isso não significa que ele não se importe com o futuro. Muitas pessoas investem em imóveis para ter uma renda extra, na aposentadoria, o que requer, evidentemente, recursos financeiros maiores. Outras alternativas são aplicações em fundos de investimento, poupança, Tesouro Direto, criptomoedas e a previdência privada aberta, na modalidade de VGBL (para pessoas que fazem a declaração de renda simplificada) e PGBL (para quem faz a declaração de renda completa); basicamente, a diferença entre ambos está na forma de incidência do Imposto de Renda. Para se planejar para a aposentadoria, a sugestão é seguir alguns passos:

  1. Fazer um diagnóstico da situação financeira: de 30 a 60 dias, anotar todas despesas realizadas, principalmente as de valores menores que facilmente são esquecidas.
  2. Preparar um orçamento e segui-lo com disciplina.
  3. Decidir quando quer se aposentar.
  4. Projetar o valor que deseja receber mensalmente.
  5. Calcular quanto precisa aportar, mensalmente , para formar o fundo de investimento.
  6. Escolher onde aplicar o dinheiro poupado.
  7. Não perder o foco.

O aumento da longevidade é uma conquista decorrente da adoção de cuidados e hábitos mais saudáveis, além dos avanços da medicina. Em contrapartida, também traz consigo desafios em relação aos gastos adicionais que surgem com o envelhecimento. À medida que as pessoas vivem mais, é preciso estar preparado. Mesmo com a realização de mais reformas, o sistema público terá dificuldades para garantir o pagamento das aposentadorias e pensões, no futuro. Por isso, planejar a aposentadoria e investir em previdência privada, com base na educação financeira, são assuntos de jovens também.

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