Atentado a bomba mata líder paramilitar pró-Rússia em Moscou

IGOR GIELOW
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Um atentado a bomba matou nesta segunda (3) um líder paramilitar pró-Rússia do leste da Ucrânia, Armen Sarkisian, no mais recente assassinato de autoridades ligadas à guerra na capital do país de Vladimir Putin.

Em dezembro, um patinete-bomba matou o general Igor Kirillov, o mais graduado oficial a ser morto desta forma. O serviço secreto da Ucrânia assumiu aquela e outras ações, mas não falou nada ainda sobre Sarkisian. A Rússia também não fez acusações até aqui.

A bomba que o matou foi plantada na entrada do condomínio de luxo onde morava, o Velas Escarlates, a 12 km do Kremlin. No ataque, um guarda-costas do paramlilitar morreu e outros dois ficaram feridos.

A cautela em apontar o dedo contra Kiev desta vez, algo que só foi feito na blogosfera militar que orbita o Ministério da Defesa russo, decorre das múltiplas e obscuras associações de Sarkisian.

Armênio de nascimento, ele cresceu em Gorlovka, na região russa étnica de Donetsk, leste da Ucrânia, um vaivém típico dos tempos em que todos esses países faziam parte da União Soviética (1922-1991).

Um aliado do então presidente pró-Rússia da Ucrânia Viktor Ianukovitch, que é de Donetsk, ele participou da repressão aos manifestantes favoráveis ao Ocidente que por fim derrubaram o líder no começo de 2014.

O novo governo ucraniano o declarou criminoso e emitiu uma ordem de prisão. Assim como Ianukovitch, ele fugiu para a Rússia -mas voltou para Donetsk, onde segundo o serviço secreto da Ucrânia tornou-se um chefe mafioso.

Em 2022, com a invasão de Putin, ele participou a emancipação de um grupo de armênios étnicos que lutavam na guerra civil dentro das forças separatistas de Donetsk, criando o Batalhão Arbat. Ele passou a lutar com comando separado ao lado dos russos.

Sarkisian, que se apresentava também com o sobrenome Gorlovski para aludir à cidade onde cresceu, também ganhou a presidência da federação de boxe de Donetsk, associando-se assim à estrutura do governo que comanda a maior parte da província agora.

Mas suas ligações múltiplas dificultam, no momento, identificar quem o matou. Há diversas rixas locais entre chefetes paramilitares, para não falar nas alegadas ligações mafiosas.

Se foi mais uma ação de Kiev, contudo, será um novo baque para as forças de segurança russas, ainda lambendo as feridas do fracasso em proteger o general Kirillov e outras figuras associadas à guerra.

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