Apesar do rombo de R$ 3,2 bilhões, Correios aumentam salários de seus diretores

Em 2024, o prejuízo dos Correios chegou a 3,2 bilhões de reais — o maior da história da instituição.

Apesar do rombo, que contribuiu para o déficit geral das estatais em 2024 — 6,7 bilhões de reais, apurou o Banco Central —, os seis diretores dos Correios receberam aumento salarial. Eles recebiam 40,6 mil por mês e passaram a perceber 46,3 mil reais. E há benefícios, como ajuda de custo e auxílio-moradia. O presidente da empresa, Fabiano Silva dos Santos, ganha 53,3 mil reais.

Há uma tradição nas empresas: se não houve lucro, sobretudo lucro satisfatório, não há determinadas compensações. Os correios deram prejuízo em 2024 e, ainda assim, seus diretores foram premiados com aumento salarial e não perderam as regalias. Por isso, ganhando ou perdendo a empresa, os diretores continuam ganhando. Pelo visto, os Correios premiam a ineficiência. Já o aumento do salário-mínimo foi ínfimo.

De acordo com reportagem de Geralda Doca, de “O Globo”, ressaltando o déficit dos dois últimos anos, os “Correios aumentaram seus gatos com pagamento a dirigentes”. Os dados são da estatal. “A despesa passou de 5,910 milhões de reais em 2022 para 8,159 milhões em 2023, aumento de 38%”, ressalta o jornal carioca. A repórter sublinha que, no período, a inflação foi de 4,62%.

Fabiano Silva dos Santos: presidente dos Correios, uma empresa deficitária | Foto: Agência Brasil

Os dirigentes dos Correios dizem que a crise — o rombo — tem a ver com a falta de investimentos do governo de Jair Bolsonaro, que, planejando privatizar estatal, decidiu sucateá-la. Entretanto, a queda de investimentos, entre 2022 e 2023, não foi grande assim. Ou seja, caiu de 758,49 milhões para 755,47 milhões. Em 2024, com Lula da Silva na Presidência da República, o investimento chegou a 830,27 milhões de reais. Um aumento de 9,2% em comparação com 2023.

No governo de Bolsonaro, por sinal, os Correios deram lucro, passando a dar prejuízo só em 2022 — o último ano da gestão do ex-presidente.

Cobrado pelo presidente Lula da Silva, Fabiano Silva dos Santos “atribuiu”, relata “O Globo”, “o déficit à taxação das compras internacionais, que reduziu receitas c encomendas e despesas com precatórios”. Noutras palavras, culpou o governo do petista-chefe.

Leia a nota da direção dos Correios

“Não procede a informação de que houve reajuste/aumento de 38% com gastos com dirigentes nos Correios, em 2023. A diferença nas despesas citadas pela reportagem do O Globo corresponde:

“— ao montante de R$ 800 mil pago em remuneração compensatória aos ex-dirigentes que ocuparam cargos na estatal até 2022; ou seja, pagamentos efetuados em 2023 para a gestão anterior;

“— à variação dos valores pagos em Seguro D&O, apólice de responsabilidade civil pago por empresas públicas e privadas; tais valores não têm repercussão na remuneração dos dirigentes da estatal.

“Na atual gestão, o reajuste na remuneração dos dirigentes da estatal foi de 4,62%, que equivale ao IPCA de 2023, índice aplicado a todas as estatais.”

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