Legado de fundadores de Guarajuba atravessa gerações apaixonadas pela localidade

João Fonseca conheceu Guarajuba em uma de suas viagens pela Estrada do Coco. Luiz Carlos gostava do mar e de acampar na região – e em uma dessas ocasiões, foi convidado a conhecer a novidade. Joaquim Nery era amigo de Fonseca e recebeu dele o mesmo convite. Todos se apaixonaram por Guarajuba, convidaram amigos e deram início a uma história de amor, união e convívio que dura até hoje. São mais de 40 anos de sonhos, amizade e transformações.“Viemos conhecer em um dia de domingo e daqui não saímos mais. Compramos um lote há 43 anos e ficamos, sempre reconhecendo e enaltecendo a visão, a administração e a competência do Dr. João Fonseca. Uma visão futurística”, define o aposentado Luiz Carlos, 80 anos. “Começou com umas quatro, cinco casas próximas a nossa”, descreve. Ele conta que o bairro cresceu gradativamente, e os moradores foram percebendo os benefícios da organização e a necessidade de criar um condomínio.Luiz Carlos revela que viver em Guarajuba foi a realização de um sonho de infância, quando acompanhava os pais em viagens de veraneio. Essa mesma vivência ele conseguiu proporcionar aos filhos e netos. “Quando me perguntam: ‘E Guarajuba?’ Eu respondo pela milionésima vez que eu sou suspeito, eu e meus familiares, para falar. É a praia mais linda do mundo, mais gostosa, maravilhosa e sem violência”, define. Luiz é específico sobre as exceções: “Só saio daqui para médico ou alguma solenidade, porque aqui é o meu paraíso”.O empresário Aloysio Adolfo Nery, 69 anos, e seus irmãos, acompanharam os pais nas primeiras idas a Guarajuba. Todos permaneceram e já estão na terceira geração de moradores do bairro. “Nós, a família Nery, fomos bem no início do loteamento, levados por uma conversa que meu pai teve com João Fonseca, em que ele dizia das maravilhas que era Guarajuba. Meu pai sempre foi um amante de veraneio, ele gostava muito de praia”, revive. O pai de Aloysio era Joaquim Nery, uma das figuras relevantes na organização do bairro.“Quando conhecemos Guarajuba, já éramos jovens adultos. E meu pai, encantado, resolveu comprar um lote, na condição de que todos os filhos ajudassem na construção da casa, que ele faria com seis quartos para que pudessem todos usar, ao mesmo tempo. Então, nós assim fizemos”, lembra.A casa foi construída em tempo recorde e virou uma paixão dos filhos. Do início dos anos 1980 para cá, já são cinco imóveis da família. Hoje, as reuniões familiares contam com mais de 40 pessoas em Guarajuba. O sentimento é de orgulho pela história e de dever cumprido: “Vimos todo o processo de formalização e organização dos espaços, e aí houve uma contribuição muito forte de João Fonseca e de um grupo de pessoas que ele mantinha em torno dele, dentre elas, meu pai, Joaquim Nery. Os fundadores de Guarajuba foram essenciais porque eles organizaram os espaços”, analisa.

Joaquim Nery e a esposa, Lygia: união em torno de Guarajuba

|  Foto: Divulgação

Um visionárioE quem foi o tão citado João Fonseca? “Um visionário”, concluem. É creditada a ele a ‘liga’ que uniu e reuniu tantos nomes importantes para o crescimento de Guarajuba. A paisagista Vitória Chacur, 72 anos, é viúva de Fonseca e acompanhou ao seu lado a realização do sonho de uma vida. “Eu morava com João em Salvador, com quatro filhos pequenos. Começamos a passear na Estrada do Coco e descobrimos que Guarajuba era uma das melhores praias”. O casal foi um dos primeiros a comprar um lote na extensão que iria se tornar o bairro. “A primeira intenção nossa foi dar segurança e lazer aos nossos filhos”, diz.“Nessa época, João percebeu que precisava fazer um condomínio. Para quê? Para poder ter vigilância, ser uma área mais protegida, porque as famílias estavam trazendo filhos, e ele queria uma área com mais segurança”, recorda. Foi também nesse período que João Fonseca contribuiu, através das suas relações, para o início do povoamento do bairro. “Começaram vir pessoas de Feira de Santana, que eram colegas da faculdade. Ele trouxe o irmão dele de Jacobina, trouxe colegas de lá, várias pessoas”, conta Vitória.O engenheiro agrônomo sergipano João Fonseca morreu em outubro de 2024, aos 85 anos. Em sua casa em Guarajuba, ao lado da família, descansou e passou o legado para os filhos e netos. Em outras famílias, o carinho e a união pelo bairro também continuam e deve ser mantidos pelas próximas gerações.

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