Romário Policarpo: “Caiado é o melhor nome da direita para disputar uma eleição contra a máquina do Executivo federal”

Natural de Novo Gama, Distrito Federal, o GCM Romário Policarpo (PRD), de 37 anos, está em seu quarto mandato como presidente da Câmara Municipal de Goiânia – o único a atingir tal feito. Ele se mudou para a capital ainda criança, estabelecendo-se na cidade e tornando-se depois um dos políticos mais proeminentes da região. Policarpo foi reeleito nas eleições do ano passado, sendo o terceiro parlamentar mais votado da capital, com 11,4 mil votos.

É membro da Guarda Civil Metropolitana – instituição na qual usufrui de bastante prestígio -, formado em Gestão de Segurança Pública e já presidiu o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Goiânia (SindiGoiânia) e a Associação dos Servidores da Guarda Civil Metropolitana de Goiânia (ASGMG). Foi eleito vereador pela primeira vez no ano de 2016, com quase 3,2 mil votos.

Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção, Romário Policarpo traça um panorama sobre o primeiro mês da gestão de Sandro Mabel, nome o qual ele ajudou a eleger para a Prefeitura de Goiânia, fala sobre seus projetos políticos para o futuro e destaca o nome do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, como sendo, segundo ele, o mais fortalecido para disputar as eleições presidenciais no ano que vem no espectro da direita contra o que chamou de “máquina do Executivo”.

Para Policarpo, Mabel tem buscado entender a cidade para tomar as melhores decisões

O presidente da Câmara Municipal de Goiânia, que, inclusive, participou da campanha do atual prefeito Sandro Mabel, acredita que ele objetiva atingir uma compreensão de Goiânia tanto operacional, quanto administrativamente. O que, para o parlamentar, é essencial.

Euler França de Belém – Como o senhor avalia o primeiro mês de gestão de Sandro Mabel? Que nota daria?

Acho que não cabe a mim dar nota a ninguém, mas se você me pede uma avaliação, ela é positiva Ele está tentando enfrentar os problemas da cidade, tem tentado resolvê-los e tentado entender como a cidade funciona, não só do ponto de vista operacional, também administrativamente. Que, inclusive, acho que tenha sido onde a última gestão teve um pouco de dificuldade.

Não me refiro nem ao prefeito, mas aos secretários. A alta rotatividade de secretários na última gestão. Um secretário assumia a pasta, e quando estava entendendo o funcionamento da parte administrativa do município, já estava sendo trocado.

Portanto, vejo a gestão do Sandro Mabel com bons olhos. Mas é difícil dar uma nota, não dou nota pra ninguém.

Euler França de Belém – E a gestão de Rogério Cruz. Foi realmente ruim?

Tudo é o tempo. Não há que se dizer que ela foi boa ou foi ruim. A gestão teve muitos problemas, e alguns latentes, outros evidentes. Teve a crise na Saúde, o problema do lixo. São graves problemas. Mas é claro que toda gestão deixa uma marca. Talvez o Rogério Cruz tenha deixado uma marca positiva em relação aos servidores públicos do Município, que tiveram suas carreiras revisadas.

Porém, no balanço geral da cidade, não há como dizer que foi uma grande gestão, pois como sempre digo, que quem dá a resposta se a gestão foi boa, ou não, é a urna. E a cidade entendeu que não foi.

É claro que não é possível demonizar uma gestão inteira. Há pessoas que encontram pontos positivos.

Euler França de Belém – Corre uma informação de que surgiu um certo ruído, atrito, entre os vereadores e o prefeito Sandro Mabel. Isso é procede ou é invenção?

Não procede. O Sandro Mabel continua atendendo aos vereadores, e os vereadores continuam desempenhando seu papel. Contudo, há uma diferença de tratamento. O Rogério é diferente do Sandro, como o Iris era diferente do Rogério, e diferente do Paulo Garcia. Cada prefeito tem sua característica.

Existe, talvez, uma demora um pouco maior para entender como é o ritmo de trabalho do Sandro, mas não vejo problemas com a Câmara. Até porque, não deu nem tempo para isso, as sessões do Legislativo foram retomadas recentemente. Mas tenho visto que do ponto de vista operacional, aquilo que tem sido pedido, tem sido atendido. Logo, não vejo essa apontada crise.

Ton Paulo – No entanto, uma informação que circula é que haveria uma certa animosidade entre os vereadores por conta da postura do prefeito de delimitar questões como as indicações políticas dos parlamentares. Por exemplo, a cada um coube cerca de R$ 30 mil em indicações. O senhor acha que não existe esse clima, que tem sido apontado?

Indicação política não foi inventada neste governo. Ela acontece desde que o Brasil se tornou República. Isso é antigo e não vai deixar de existir agora. Não vejo que há esse clima de animosidade. Como eu disse, é uma questão de costume.

Temos que nos acostumar a entender como é o prefeito novo. É ele o detentor da caneta do Executivo. Aquele vereador que não se adequar àquilo que o Executivo pensa, obviamente não ficará na base do prefeito. Mas, nesse momento, não vejo crise.

Romário Policarpo, presidente da Câmara Municipal de Goiânia, em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Euler França de Belém – Como o senhor avalia as medidas iniciais da gestão tomadas na área da Saúde?

É um pouco difícil avaliar no primeiro momento, porque acabamos de sair de uma intervenção do Estado na Saúde, determinada pela Justiça. Então, ainda não conseguimos entender quais são as ações que o prefeito Sandro Mabel tem feito. Acho que, talvez, o problema mais gritante que ele enfrentou até o momento foi a falta de atendimento para crianças nas unidades de saúde. Ele conseguiu colocar o atendimento pediátrico nas unidades de atendimento 24 horas.

Sandro Mabel foi capaz de regionalizar o atendimento pediátrico, e talvez isso já tenha mostrado um pouco da marca do que ele deseja: ele deseja que haja todos os níveis de atendimento em todos os locais da cidade. Contudo, ainda é muito cedo para dizer atitudes como essa, de fato, vão culminar em êxito.

Temos outros graves problemas na saúde, que abrangem a parte financeira. Pelo que tenho visto, o prefeito tem tentado entender, por exemplo, a dimensão dos contratos em vigor na Prefeitura e revisá-los, a relação hoje da prefeitura com as Organizações Sociais [OSs], principalmente com a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas, a Fundahc, que gere as maternidades. Ele tem revisado os contratos para entender se havia pagamentos equivocados, porque não se pagava, qual a origem dos problemas.

Euler França de Belém – O senhor e a Câmara também têm acompanhado os problemas e ações na Educação?

Sim. O prefeito promoveu uma medida de contratação de vagas [envolvendo convênio com a iniciativa privada], e eu costumo dizer que a população não quer saber se o colégio é público ou é particular, a forma como a Prefeitura está pagando, ela quer saber que o filho está na escola, e de forma gratuita.

Do ponto de vista da educação, foi um grande acerto do prefeito. A fila para uma vaga na educação infantil reduziu bastante. Nessa área, conseguimos ver um avanço mais imediato, pois a criança que estava fora da escola, agora já conseguiu uma vaga.

Fabrício Vera – O prefeito Sandro Mabel mandou retirar da pauta do Legislativo todos os projetos do Executivo da gestão anterior, na intenção de enviar novos projetos. Já há alguma tratativa a respeito desses novos?

Não sei responder a essa pergunta. O prefeito não conversou comigo nem para retirar projetos e nem para enviá-los novamente.

Ton Paulo – O senhor foi um articulador essencial para o apoio dos servidores públicos municipais à candidatura do prefeito Mabel no ano passado. Porém, devido à situação fiscal crítica da Prefeitura de Goiânia, o prefeito tem operado uma série de cortes em várias categorias de servidores. Como o senhor avalia, hoje, a relação entre o prefeito e os servidores?

Como dito, o prefeito tem tentado entender o funcionamento da máquina administrativa, tentando entender o tamanho dessa máquina. É claro que sempre vou pregar o respeito aos trabalhadores municipais. Costumo dizer que os políticos passam, os servidores ficam, mas a gente tem que entender qual é o cenário que Sandro Mabel quer desenhar para o serviço público.

Quem está agora, por exemplo, trabalhando na chuva são os servidores efetivos. Estão tampando buracos, na Defesa Civil, trabalhando para evitar que a cidade entre um colapso maior. Há os servidores das unidades de saúde, que trabalham diuturnamente para que o atendimento seja normalizado. E o próprio servidor que trabalha muito não quer saber de servidor ocioso, porque ele também é prejudicado por isso.

O servidor que é de bem, aquele que trabalha, que se dedica à Prefeitura, quer que esse outro tipo servidor, o ocioso, seja expurgado. O que o prefeito tem demonstrado é que ele respeita muito o servidor, mas que não vai aceitar o tipo danoso, que não trabalha, assim como nós também não podemos aceitar.

Fui presidente do sindicato [dos servidores municipais de Goiânia] por muito tempo. Sempre defenderei o trabalhador, mas defenderei aquele que executa seu trabalho de forma correta. O servidor público votou no prefeito Sandro, a grande maioria votou no prefeito, participei muito disso. E confiamos que haverá diálogo. O prefeito Sandro Mabel tem demonstrado abertura para o diálogo, o que eu acho muito importante.

É óbvio que haverá coisas com as quais não vamos concordar, e isso é natural.

Fabrício Vera – Um vereador fez uso recente da tribuna na Câmara e disse que a Guarda Civil Metropolitana, a GCM, força de segurança à qual o senhor mesmo é ligado, está sobrecarregada com atribuições de agentes de trânsito. O senhor vê essa sobrecarga? O que pode ser feito a respeito?

A GCM precisa urgentemente de um concurso público. O último concurso foi o realizado em 2005. Em 2006, 2008, chegamos a ter 3 mil agentes da Guarda Civil. Hoje, contamos com menos de 1,3 mil homens. Para se ter uma ideia, tenho 37 anos e sou o agente mais novo da GCM.

O que é necessário nesse momento é a efetivação de um concurso, que inclusive já está autorizado pela Prefeitura de Goiânia. E precisa acontecer de forma urgente. Precisamos da ampliação efetiva dos quadros da instituição.

Ton Paulo, Fabrício Vera e Euler França entrevistam Romário Policarpo | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Ton Paulo – Mas o senhor não acha que, se houver aprovação no decreto de calamidade financeira do Município, vai haver uma dificuldade de levar esse concurso adiante?

Acredito que sim. Mas talvez esse decreto não seja aprovado. Mas mesmo se for, a calamidade decretada não vai durar até o fim do governo.

Antecipar eleição da Mesa Diretora caberá aos vereadores, diz Policarpo

Romário Policarpo afirma que as discussões sobre uma antecipação da eleição da Mesa Diretora da Câmara cabem aos parlamentares. Para ele, no entanto, o debate quanto a essa possibilidade é “natural”.

Fabrício Vera – Há rumores na Câmara de que pode acontecer a antecipação da eleição da Mesa Diretora para o próximo biênio. Isso procede? Como o senhor avalia isso, tendo em visto que teremos eleições estaduais, e federais, no ano que vem?

A Câmara Municipal vive discussões diretas que cabem a ela, e a eleição da próxima Mesa Diretora é uma dessas. É natural que se discuta a minha sucessão, até porque não serei mais candidato a presidente da Câmara. É natural que essas discussões se iniciem agora.

Só fui presidente da Câmara na primeira vez porque, assim que terminou a primeira eleição, comecei a trabalhar na minha, senão não teria virado presidente.

Mas quanto à Mesa Diretora, quando a maioria entender que é o momento de fazer uma nova eleição, ela será feita. Independentemente se será antecipada, posterior à eleição, de ser no final do ano que vem. Quando a maioria definir, assim como eu sempre fiz na Casa, farei aquilo que for definido.

Ton Paulo – Antes mesmo do início da atual legislatura, a Câmara Municipal de Goiânia foi alvo de algumas críticas por parte da sociedade, devido à criação de mais um benefício para os vereadores, que é o auxílio-representação, custeado com o duodécimo. Como o senhor avalia essas críticas?

Acho que todas as críticas que surgem têm que ser absorvidas, e são naturais. É normal as pessoas falarem sobre o auxílio. Mas é algo que, por exemplo, existe no Tribunal de Justiça, que existe no Ministério Público, que existe na Assembleia Legislativa e em vários locais, inclusive no próprio Poder Executivo. Quando você atua além das suas funções, obviamente você recebe por isso.

Hoje, existe uma tentativa de criminalizar a política, como se tudo que a política fizesse fosse extremamente equivocado. Mas os próprios tribunais de contas, que inclusive controlam as contas e os gastos, também, do Poder Legislativo, também têm adicional de representação.

Entendemos o motivo que as pessoas às vezes fazem esse questionamento, mas prefiro debater as economias que foram feitas. Somos a gestão que mais devolveu dinheiro até hoje na história da Câmara Municipal para os cofres públicos. Não estamos falando em pegar mais dinheiro da Prefeitura, pelo contrário.  Chega na casa de 70 milhões de reais que foram devolvidos ao longo desses anos.

Poderíamos debater, por exemplo, quando decidimos não construir um prédio de mais de 100 milhões reais e fizemos uma obra de 6 milhões, que foi a ampliação do atual prédio da Câmara. Foi uma economia de quase 110 milhões de reais.

Ton Paulo – Um dos marcos da última legislatura foi alta rotatividade de vereadores. Pela sequência de decisões judiciais, tivemos muitas cassações de chapas, vereadores saindo e entrando. O senhor acha que essas situações deverão se repetir?

Você pode estender essa situação não só para a Câmara de Goiânia, mas para o cenário nacional. Acredito que isso será uma rotina nos próximos anos, seja um câmbio de vereadores ou de deputados estaduais, deputados federais, senadores. É um debate que, inclusive, o Congresso precisa enfrentar o mais rápido possível.

Ton Paulo – Qual a avaliação que o senhor faz do seu partido, o PRD, nas últimas eleições, e como ele deve se posicionar no próximo pleito, de 2026?

Essa questão estadual fica à critério da nossa presidente Magda Mofatto. No cenário nacional, inclusive, devemos receber a visita do presidente nacional [Ovasco Resende] aqui no dia 12 de fevereiro. Ele deve visitar o Jorcelino Braga, e talvez possa tratar de cenário nacional.

Romário Policarpo, presidente da Câmara Municipal de Goiânia, em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

E aqui em Goiânia, penso que a avaliação é muito positiva. Nós ficamos novamente entre os cinco partidos mais votados da cidade, à frente de muitos partidos muito maiores que o nosso. Nosso partido sempre tem tido desempenhos favoráveis, mesmo quando não tinha parlamentares.

Projeto político de Policarpo deve mirar Assembleia Legislativa

Ainda sem martelo batido, o presidente da Câmara Municipal avalia disputar o posto de deputado estadual. Mas de uma coisa tem certeza: não se candidatará novamente ao cargo de vereador.

Ton Paulo – E qual é o projeto político do senhor para o futuro?

A expectativa é de ser candidato na próxima eleição, talvez numa vaga de deputado estadual. Mas acho que ainda é um pouco prematuro. O que eu posso afirmar é que eu não serei mais candidato a vereador.

Euler França de Belém – Passará por uma parceria com o presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto?

O deputado estadual Bruno Peixoto e eu fazemos parte do mesmo grupo político. Ele tem sido um dos grandes aliados, um dos grandes parceiros que tenho na política. Acredito que o Bruno tem um futuro, inclusive, extremamente promissor aqui em Goiás. E quero cada dia mais estar perto dele, que é um amigo meu pessoal.

Eu já disse isso em algumas outras entrevistas, que, ao contrário de muitos, a política é um local também onde eu fiz boas amizades. Tenho muito alinhamento com o presidente Bruno e, com certeza, ele e eu estaremos no mesmo projeto, como nós estivemos recentemente, no projeto do prefeito Sandro.

Algumas pessoas, às vezes, não entendem que o Bruno lançou o pai dele, Tião Peixoto, candidato a vereador, mas tudo entre ele e eu é extremamente bem conversado, bem articulado. O Bruno é um dos grandes articuladores da política do nosso Estado. Vai ter um papel muito forte na eleição do vice-governador Daniel Vilela para o governo do Estado, que também será o nosso projeto: colocar o Daniel novamente à frente do governo.

Então, pode ter certeza que eu vou estar junto do Bruno sempre.

Ton Paulo – E o senhor deve seguir no PRD?

Provavelmente sim, ainda é cedo para dizer. Eu preciso entender onde o PRD ficará nas eleições para o governo de Goiás. Se o PRD optar, talvez, por não caminhar com o Daniel, talvez não seja o local adequado pra mim, porque eu vou caminhar com o Daniel Vilela para o governo.

Ton Paulo – E qual seria o novo partido ideal para o senhor?

Não sei, ainda é muito cedo para falar sobre isso. Já disse ao governador Ronaldo Caiado que vou conversar com ele sobre esse assunto. Quero a opinião dele, a orientação dele. Confesso que recebi convites de vários partidos, do próprio União Brasil, mas acho que ainda é um pouco cedo, ainda preciso entender onde o meu partido vai estar, como ele vai se encaixar nas próximas eleições, para que eu tome a melhor medida possível.

Ton Paulo – Como o senhor vê a informação que circula sobre a possibilidade de uma composição entre PL e MDB em Goiás para o ano que vem, com vistas ao projeto do Daniel? O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista, que não se oporia.

Acredito que são duas partes da mesma moeda. São dois partidos, nesse momento, que se encontram na direita. Seria a união das forças da direita.

Talvez, se essa aliança tivesse ocorrido, por exemplo, em Goiânia, a eleição no ano passado teria sido resolvida de uma forma muito menos traumática. Eu, particularmente, vejo com bons olhos tudo aquilo que vem para agregar no projeto de fazer com que o Daniel se torne governador novamente. Para a gente é benéfico. Acho que seria uma eleição muito mais tranquila se tivermos essas forças do Estado reunidas.

E penso que o Daniel está tratando isso muito de perto, junto com o governador Ronaldo Caiado. Acredito que ele tenha conversas quase que diárias sobre o assunto, e eu não tenho dúvida nenhuma de que eles tomaram a melhor decisão possível para a continuidade do governo de Ronaldo Caiado, agora com as mãos do Daniel.

Segundo Romário Policarpo, o nome de Ronaldo Caiado é o mais viável dentro da direita para concorrer ao Palácio do Planalto

O presidente da Câmara Municipal de Goiânia também destaca que estará com Gracinha Caiado em uma possível corrida ao Senado.

Euler França de Belém – E quanto ao projeto do governador Ronaldo Caiado para a presidência da República, o que o senhor acha?

Será, talvez, um dos grandes prazeres ter o primeiro presidente goiano da República. O governador tem essa vontade, e nesse momento, acho que a população começa também a ter essa vontade. Precisa, obviamente, ser mais conhecido no país. Mas o governador tem credenciais que podem levá-lo a atingir esse local que ele almeja, e que o povo goiano também.

Penso que a segurança pública, que hoje é o grande problema do país, é o maior cartão de visitas do nosso estado. Um estado que estava extremamente violento e que, nesse momento, apresenta os melhores números de segurança pública do país.

Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

O governador tem experiência política e, principalmente, tem caráter. Com certeza ele terá meu apoio irrestrito. O melhor nome da direita, hoje, para disputar uma eleição contra a máquina do Executivo federal é o do governador Ronaldo Caiado. Ele é respeitado, inclusive, pelos governadores que têm a mesma linha da direita defendida pelo presidente Bolsonaro.

Há uma indisponibilidade no momento do Bolsonaro em ser candidato, e não vejo o Tarcísio de Freitas com tanta vontade em ser candidato também. O que há de ser discutir hoje é o nome de Ronaldo Caiado.

Ton Paulo – O senhor acha que a Comissão Especial de Inquérito, a chamada CEI da Saúde, pode prosperar na Câmara?

Todo início de gestão é pautado por uma quantidade enorme de CEIs. A única coisa que eu nunca vi foi alguma dando em alguma coisa. Eu, particularmente, todas as vezes que fiz as minhas críticas e as minhas denúncias, inclusive do próprio governo passado, as apurei e levei aos órgãos de controle.

A CEI é um mecanismo que a Câmara Municipal tem, é uma ferramenta que tem que ser bem utilizada e pode ajudar muito a cidade. Eu deixo a critério dos vereadores. Particularmente, estou com uma opinião muito neutra a respeito disso. Acho que quem está ali na Casa, quem é detentor do seu mandato, cada um tem que saber o que é melhor.

Fabrício Vera – O senhor gravou, recentemente, um vídeo com o prefeito Sandro Mabel que destacou um projeto de lei do senhor que adequa a lei nacional para imóveis abandonados para serem utilizados como moradia popular. Como está essa questão?

A cidade entende que o projeto é bom, e o importante é ele ser aprovado. Entendo que é um avanço para a cidade. Temos áreas, inclusive, abandonadas, muitas delas você não sabe mais nem quem é o dono, não consegue mais nem localizá-lo.

Estamos criando um mecanismo para que esses prédios se tornem habitação de interesse social. É uma possibilidade de trazer aquela pessoa de baixa renda para morar em locais mais centralizados e tornar espaços vazios, como temos em Goiânia, em bons espaços de atendimento à população.

Precisamos da ocupação desses locais. Não podemos deixar prédios, como alguns que temos em Goiânia, devendo impostos há mais de 20 anos, completamente abandonados e que servem para a insegurança da cidade.

Fabrício Vera – Mas existe algum plano para acelerar esse processo de parceria com os proprietários dos imóveis para a ocupação desses vazios urbanos?

Meu projeto é justamente pra acelerar esse processo. Em prazos curtos, fazer as notificações. Mas o que falta em Goiânia são projetos de médio e longo prazo. Quem chegar à Prefeitura de Goiânia pensando no projeto que vai iniciar e terminar no mandato dele, tem um mandato que já nasceu fracassado.

O que precisamos é de projetos de médio e longo prazo que, num futuro próximo, vão refletir na cidade. Uma cidade do tamanho de Goiânia não pode ter projetos apenas para os próximos seis meses, um ano, dois, quatro, cinco. É preciso pensar na cidade para os próximos dez, vinte anos.

Provavelmente, nenhum imóvel desses abandonados, que serão entregues novamente ao Poder Público para a construção de moradias populares.

Romário Policarpo, presidente da Câmara Municipal de Goiânia, em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Euler França de Belém – Como está o Projeto Centraliza, voltado para a revitalização do Centro de Goiânia?

Está um pouco parado, porque a Prefeitura entende que ele pode ser ainda melhor aprimorado em muitos pontos. E eu também entendo. Acho que o projeto precisa ser melhor elaborado, melhor discutido.

Uma das coisas que, inclusive, eu defendo para o Centro da cidade é a reocupação dele. Hoje, não é mais preciso, como há 20 anos, sair do seu bairro para ir até o Centro da cidade para resolver seus problemas. Existem centros de compras espalhados por toda a cidade, existem bancos, prédios administrativos públicos espalhados por toda a cidade.

Portanto, se você quer primeiro revitalizar, você precisa, primeiro, reabitar o Centro. Uma das discussões que tenho levado muito à Prefeitura de Goiânia em relação ao Centro da cidade é que, para que essas adequações funcionem, as isenções precisam ser, de forma inicial, voltadas à moradia.

Ton Paulo – Voltando à política, podemos dizer que as articulações para 2026 já está acontecendo. Um dos nomes mais cotados para disputar o Senado no ano que vem é o da primeira-dama Gracinha Caiado. Qual a visão do senhor sobre essa possibilidade? É um bom nome?

É um excelente nome. É, inclusive, minha candidata definida. Já disse isso a ela muito antes da minha eleição para vereador, que ela seria minha candidata. Até pelo trabalho como na área social. Gracinha foi uma das primeiras-damas de maior destaque que nosso estado teve nos últimos anos.

Gracinha Caiado não se omitiu da política goiana, ela viveu de fato as crises que o Estado teve, enfrentou isso junto do governador, demonstrou liderança política na eleição do prefeito Sandro Mabel. Tenho certeza que ela ganhará as eleições, porque vamos trabalhar muito por isso. Haverá empenho de todo mundo.

Fabrício Vera – A questão do aterro sanitário de Goiânia tem sido alvo de planos e controvérsias. Ano passado, um vereador ingressou com uma ação na Justiça para suspender a licitação do aterro por apontadas irregularidades. Neste ano, o novo prefeito, Sandro Mabel, também abordou a questão e adiantou que deve construir um novo aterro. Qual a posição da Câmara, e como a Casa pode entrar nessa questão?

A Câmara Municipal fez o seu papel à época, na Comissão de Meio Ambiente, que era presidida pelo vereador Kleybe Moraes, responsável pela ação na Justiça, e deve fazer novamente agora com a vereadora Kátia, que é a atual presidente da Comissão de Meio Ambiente.

Acredito que nosso papel é o de fiscalizar e entender, de fato, qual é a decisão que o Executivo vai tomar em relação ao aterro sanitário. O Executivo tem uma ideia, o Ministério Público também tem as suas ideias e é preciso chegar a um denominador comum. Não cabe ao Poder Legislativo a decisão que será feita com a terra sanitária.

Cabe ao Poder Executivo e cabe a nós, após essa decisão ser tomada, fiscalizarmos. Esse é um problema que precisa ser solucionado, mas dentro das limitações orçamentárias do Município de Goiânia. Não podemos pegar, em uma crise financeira como a que a vivemos hoje no país, um aterro que custa 3, 4 milhões de reais e transformar em um 12 milhões da noite para o dia.

Tem que ser melhor avaliado, melhor estudado principalmente na questão da majoração dos preços.

Ton Paulo – Mencionamos a possibilidade da antecipação da eleição da Mesa Diretora. Sobre a gestão do senhor à frente da Câmara, qual o senhor considera que será seu legado?

Talvez, o grande legado foi ter novamente reaproximado a cidade da Câmara Municipal com os mecanismos que criamos, como o Canal Cidadania, a digitalização total dos arquivos da Câmara Municipal. Hoje, é possível ter acesso a um simples requerimento apresentado na Câmara pelo seu celular.

Hoje, você tem um canal de diálogo direto da população com a Câmara Municipal, em que é possível, inclusive, fazer reclamações. Criamos a Ouvidoria da Mulher, criamos a Ouvidoria de Combate a Crimes raciais. Trouxemos a população para entender, de fato, aquilo que a Câmara faz. Conseguimos modernizar tudo, hoje é tudo digital.

Fora a questão, obviamente, da economia. De fato, a Câmara de Goiânia economizou muito e entregou isso em obras para a cidade.

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