Menino de 2 anos chegou “sozinho” em Auschwitz e foi assassinado pelos nazistas

Liderados por Adolf Hitler e Heinrich Himmler, os nazistas da Alemanha assassinaram, em campos de extermínio e de concentração, cerca de 6 milhões de judeus. Trata-se de um dos crimes mais brutais do século 20. Planejava-se a extinção de um povo. Em Auschwitz, Treblinka e Sobibor, para citar apenas três centrais do genocídio, foram mortos milhões de judeus, ciganos, testemunhas de Jeová. Negar o Holocausto — fato altamente comprovado — é um segundo crime.

As histórias de Auschwitz estão entre as mais dolorosas de todos os tempos. Na edição de 23 de janeiro, Jesús García Calero, do jornal espanhol “Abc”, conta uma história do mais letal campo de extermínio, ao lado de Treblinka. Diz respeito à família Frenkel-Horonczyk.

Em 1940, o casal judeu Nissan Frenkel e Esther Horonczyk Frenkel decidiram trocar a Polônia pela capital francesa, Paris. Abriram uma alfaiataria, que logo se revelou bem-sucedida.

Para o azar do casal Nissan e Esther Frenkel, e da família desta, os nazistas alemães invadiram Paris, em 1940, e começaram a perseguir os judeus.

Quase toda a família foi levada para centros de detenção e de trânsito, como os de Drancy e Pithiviers.

Richard Frenkel: assassinado pelos nazistas da Alemanha em Auschwitz | Foto: Reprodução

Da família Horonczyk que decidira morar em Paris salvaram-se apenas Leah (irmã de Esther), Raphael (filho de Leah) e Solomon (marido de Leah). Os demais foram assassinados pelos nazistas nos campos de extermínio.

Escapando de Pithiviers, Solomon e sua família refugiaram-se num pequeno povoado, na França.

Entretanto, Nissan Frenkel não conseguiu escapar. O pai de Richard — um menino de pouco mais de 2 anos — e marido de Esther foi deportado para Beaune-la-Rolande e, daí, em junho de 1942, para Auschwitz.

No campo de Auschwitz, em 1942, Nissan Frenkel e dois cunhados foram assassinados pelos nazistas.

Os nazistas prenderam Esther e o garotinho Richard em julho de 1942. Uma prima de Richard, Fanny Korman, de 6 anos, avisou a família Horonczyk.

O avô de Richard, Shimon, pediu para ser preso no lugar do neto. Os nazistas só o “atenderam” em parte, ou seja, não libertaram o menino de 2 anos e prenderam o idoso.

Levado para Pithiviers e Drancy, Shimon Horonczyk foi deportado para Sobibor, na Polônia, onde foi morto pelos nazistas.

Bilhete que Esther Horonczyk Frenkel escreveu com a intenção de salvar seu bebê de 2 anos, Richard Frenkel, em 1942 — há 82 anos | Foto: Arquivo do Yad Vashem

Esther e Richard Frenkel foram levados para Pithiviers. Em 7 de agosto de 1942, a mãe do menino foi transportada, de trem, para Auschwitz.

Richard ficou em Pithiviers, ao lado de 800 crianças. Os pais deles haviam sido enviados para as câmaras de gás dos campos de extermínio localizados na Polônia.

Mesmo abalada, Esther teve a iniciativa de escrever e jogar um bilhete lancinante para fora do trem. Escrita a lápis, a mensagem é um pedido para que salvem não a si, e sim o menino Richard. O papel está arquivado no Yad Vashem, em Israel.

A pequena carta de Esther diz: “Meus queridos, ontem, no último minuto, me chamaram para o transporte. Me obrigaram a subir no trem. E não sei o que aconteceu com meu Richard. Todavia, ele está em Pithiviers. Salvem meu menino, meu bebê inocente! Como estará chorando. Nosso sofrimento não é nada. Salvem meu Richard, meu pequeno querido! Eu não posso escrever. Meu Richard, minha vida, está longe, e ninguém está protegendo o meu pequeno de 2 anos. Morrer, depressa, oh, menino meu! Devolvam-me o meu Richard. Esther”.

Auschwitz: neste campo de extermínio foram assassinadas milhares de judeus | Foto: Reprodução

Nada mais triste do que a mensagem de Esther ao mundo, mas ninguém, naquele momento, tinha condições de salvar o menino (que, se vivo, faria 85 anos em 2025). O repórter do “Abc” nota que a carta de Esther é caótica. Mas como ser diferente naquelas circunstâncias?

No dia 15 de agosto de 1942, Richard Frenkel foi levado de Pithiviers para Drancy. Estava junto com outras crianças, sem a proteção de nenhum familiar.

Em 10 de setembro de 1942, Richard Frenkel foi colocado num trem com destino a Auschwitz. Estava junto com mil pessoas. Entre elas 171 crianças.

Richard Frenkel chegou em Auschwitz sozinho, ou seja, sem o apoio de nenhum parente. Dos mil indivíduos que chegaram com ele, apenas 380 sobreviveram, ao menos de imediato, porque foram selecionadas como escravizados. Os demais foram levados diretamente para a câmara de gás. O menino de 2 anos, sem saber e entender o que estava acontecendo, entre eles.

(Em 2025, há uma nova onda conservadora na Alemanha, o país que gestou duas guerras mundiais no século 20. Espera-se que a sociedade civil e política alemã consiga contê-la. É preciso condenar igualmente o redivivo antissemitismo.)

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