Entenda o que é o “Café Fake” e por que tem se espalhado nos supermercados

Recentemente, um novo produto tem gerado polêmica nas redes sociais: o “café fake”. Este pó, que promete ser uma bebida à base de café, é vendido em embalagens que imitam os tradicionais cafés. No entanto, a realidade é bem diferente: trata-se de uma mistura de café com impurezas, que não possui a autorização da Anvisa para a venda. Em um cenário de inflação crescente, essa prática se torna um reflexo alarmante de uma tendência de mercado em expansão.

O diretor da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Celírio Inácio da Silva, explica que o verdadeiro café é um monoproduto, extraído diretamente do grão. O que sobra após o processo de beneficiamento, no entanto, são resíduos que não devem ser consumidos. A popularidade do “café fake”, com seu preço atrativo de R$ 13,99 por meio quilo, contrasta fortemente com os preços do café genuíno, que podem ultrapassar R$ 30.

Essa situação não se limita ao café. O aumento dos preços de alimentos básicos tem levado muitos consumidores a optar por alternativas mais baratas, mesmo que estas não ofereçam a mesma qualidade. Produtos como creme culinário e óleos compostos têm aparecido cada vez mais nas prateleiras, confundindo os consumidores e desafiando sua capacidade de discernir o que estão realmente comprando.

Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que os brasileiros optassem por produtos similares mais baratos como uma estratégia para lidar com a inflação. Essa proposta reflete uma realidade amarga para muitas famílias, que, diante da alta nos preços, se veem forçadas a substituir itens de qualidade superior por versões inferiores. Segundo Luciana Medeiros, da PwC, essa dinâmica é comum entre consumidores com orçamento mais limitado.

A indústria alimentícia, por sua vez, tem se adaptado a essa demanda. O soro de leite, um subproduto que antes era descartado, agora é utilizado em uma variedade de produtos lácteos. Embora esses produtos possam ser mais acessíveis, eles frequentemente têm uma composição nutricional inferior e podem conter aditivos prejudiciais à saúde.

A confusão gerada por embalagens semelhantes é uma preocupação crescente. Mariana Ribeiro, nutricionista do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), observa que muitos consumidores só percebem que compraram um produto inferior após a compra. Isso destaca a importância de uma rotulagem clara e honesta, que permita aos consumidores fazer escolhas informadas.

A indústria alimentícia em crise

Com o aumento da inflação e a elevação constante dos preços dos alimentos, a indústria alimentícia tem se reinventado, oferecendo produtos que imitam os tradicionais, mas com qualidade reduzida. O “café fake” é um exemplo emblemático desse fenômeno, sendo uma mistura de café com impurezas, camuflada em embalagens que enganam o consumidor.

A alta no preço do café, que já atingiu 39,6% em 2024, tem forçado muitos a buscar alternativas mais baratas. Juntamente com o “café fake”, produtos como cremes culinários e óleos compostos têm se tornado comuns nas prateleiras dos supermercados, criando uma confusão generalizada entre os consumidores sobre a qualidade real dos itens.

A indústria tem explorado subprodutos, como o soro de leite, para criar uma gama de novos produtos lácteos que, embora sejam mais baratos, muitas vezes carecem de nutrientes essenciais. Essa abordagem reflete uma resposta à crescente demanda por alimentos “saudáveis”, mas que nem sempre são tão benéficos quanto se promovem.

O soro do leite, caracterizado por sua coloração amarelada, é o líquido que sobra na coagulação do leite durante a produção de queijo | Foto: istockphoto

A rotulagem é um elemento crucial nesse contexto. A falta de clareza pode levar a erros de consumo, com muitos comprando produtos que não correspondem às suas expectativas. Para resolver esse problema, é fundamental que os consumidores se tornem mais críticos em relação ao que estão comprando, analisando cuidadosamente os rótulos.

O caso do “café fake” alerta para a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa na indústria alimentícia. A Abic enfatiza que apenas produtos devidamente autorizados devem estar disponíveis no mercado, garantindo a segurança do consumidor. Portanto, a conscientização e a exigência de transparência são essenciais, especialmente em tempos de crise, quando a qualidade dos alimentos pode ser sacrificada em nome da economia.

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