Pegar dengue pela segunda vez pode ser ainda mais perigoso; entenda

Em pouco mais de um mês do ano de 2025, Goiás registrou duas mortes provocas pela dengue, doença transmitida pelo aedes aegypti. Já os casos confirmados da doença no estado já passam de 8,3 mil, conforme o painel de indicadores da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO). E é justamente uma segunda infecção do indivíduo que mais preocupa especialistas e autoridades em saúde.

A dengue é transmitida por quatro sorotipos de um mesmo vírus. Em boa parte dos casos, a doença não têm sintomas, ou quando aparecem, são leves e passageiros e que passam em até 15 dias, graças aos anticorpos produzidos pelo organismo humano. Vale destacar que os anticorpos e as células de defesa protegem contra infecções futuras por aquele sorotipo específico que provocou a enfermidade. No entanto, o indivíduo continua vulnerável aos outros três tipos do vírus.

Conforme o Instituto Butantan, de São Paulo, a chance de desenvolver a forma grave da doença aumenta consideravelmente quando a pessoa é infectada pela segunda vez. O instituto menciona que décadas de pesquisa mostraram que um dos motivos desse risco potencializado é o próprio sistema imune.

“Durante a reinfecção, os anticorpos específicos para o sorotipo antigo até reconhecem e se ligam ao novo tipo, mas muitas vezes não são capazes de neutralizá-lo. Com isso, acabam fazendo o oposto, ajudando o vírus a entrar nas células e se replicar”, destaca um artigo divulgado pelo Butantan.

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Anuja Matthew, especialista em dengue e revisora científica do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), ressalta no artigo em questão que os “anticorpos que não neutralizam podem, na verdade, piorar o quadro da dengue”. “O mesmo ocorre com as células T: as células T de memória formadas na primeira infecção são reativadas na segunda e produzem uma resposta muito mais robusta, mas muitas vezes não conseguem matar as células infectadas. Isso pode contribuir para que o indivíduo fique mais doente”, detalha.

Contudo, vale trazer que a gravidade da doença não depende apenas da imunidade adquirida anteriormente, mas também da própria genética do vírus. Segundo o Instituto Butantan, uma meta-análise feita por pesquisadores da Malásia e divulgada na revista PLOS One revelou que os tipos DENV-2 e DENV-3 na América Latina apresentaram maior porcentagem de casos graves em reinfecções. No sudeste da Ásia, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 mostraram maior risco de causar doença grave na segunda infecção.

Ainda de acordo com Anuja Mathew, existem outros diversos fatores que podem fazer uma pessoa ficar mais doente que outra, como fatores genéticos, comorbidades e questões nutricionais. “Não existe uma única resposta e as razões podem variar de indivíduo para indivíduo”, menciona, acrescentando que, em um país endêmico como o Brasil, onde as pessoas estão constantemente expostas, “a chance de ter uma doença grave aumenta”, conclui.

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