Sem desconto na conta de luz, IPCA subiria mais de 0,7%, estimam economistas

JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A desaceleração da inflação em janeiro foi fruto de um evento único e incomum: a distribuição de parte do lucro da Usina de Itaipu referente a 2023, a pedido do governo Lula.


Esse desconto na conta de luz levou o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) passar de 0,52% em dezembro para 0,16% em janeiro. Sem este alívio, o índice teria subido mais de 0,7%, calculam economistas.


Segundo o Itaú Unibanco, a distribuição do bônus de Itaipu teve um efeito negativo de 0,62 ponto percentual na categoria energia do IPCA. Sem essa deflação, o índice teria uma alta de 0,78% em janeiro, equivalente ao 0,16 ponto percentual somados ao 0,62 ponto percentual, calcula o banco.


Já Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, calcula que, sem o bônus, a inflação seria de 0,71% no mês passado.


No mesmo cálculo, Lucas Barbosa, economista da Az Quest, estima que o IPCA ficaria entre 0,75% e 0,8%.
Para os economistas, a avaliação é que a inflação segue pressionada e deve acelerar em fevereiro.


“Serviços ligados à mão de obra, mais relacionados com o ciclo econômico, seguem rodando em
patamar elevado, confirmando uma leitura qualitativa ainda ruim”, diz Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú.


Com o bônus, nos últimos 12 meses, a inflação acumulada é de 4,56%, ainda acima do teto da meta do Banco Central, de 4,5%, mas abaixo da expectativa de 4,58% do mercado.


Para a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, a leitura de janeiro segue demandando cautela do BC em termos de política monetária.


“A trajetória atual traçada pela inflação do país deve seguir demandando atuação firme por parte do Banco Central, mas sem alterações sobre o plano de voo traçado até aqui”, economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta.


A expectativa do mercado é que a Selic continue subindo e vá dos atuais 13,25% para 15% ao fim do ano. Para o IPCA, a previsão é de alta de 5,58% neste ano.

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