Médica tem rosto queimado gravemente após peeling feito por dentista de Goiânia, e vídeo viraliza

Um vídeo em que a médica Isadora Milhomem relata, e mostra, o estado em que ficou seu rosto após um procedimento de peeling AtaCroton teve quase 60 mil compartilhamentos no Instagram. Isso porque a tocantinense de 30 anos sofreu queimaduras de 2º grau e teve o rosto desfigurado após o procedimento realizado por uma dentista de Goiânia, e chegou a parar no hospital após apresentar “confusão mental” por conta, segundo ela, dos medicamentos passados. A médica, hoje, precisa usar uma máscara especial de compressão 24 horas por dia devido às sequelas do procedimento.

Uma vez que o nome da dentista e da clínica responsável pelo peeling não foram divulgados, a reportagem não conseguiu contato com a profissional. O espaço fica aberto para manifestação.

O procedimento em questão é considerado altamente agressivo e serve para promover a renovação celular do rosto. O produto utilizado é resultado da combinação do ácido tricloroacético (ATA) e do óleo de cróton.

No vídeo compartilhado em suas redes, Isadora revela que a empolgação deu lugar ao horror após os resultados do peeling. O procedimento teria sido realizado ainda em novembro do ano passado. Conforme Isadora mostra no vídeo, horas após a aplicação do produto, um inchaço tomou conta de seu rosto, seguido de uma profunda descamação e uma coloração amarronzada.

A médica relata que o suporte da clínica, que deveria ser diário, “não era eficaz”. “Mandei mensagem dia 19 [de novembro], e fui respondida no dia 25, seis dias depois”. Segundo ela, as respostas eram sempre tranquilizadoras, como “está excelente” e “conforme o esperado”.

Contudo, com o passar dos dias, já sem máscara do produto, o rosto de Isadora – que até então demonstrava sinais de melhora – voltou a ter alterações. “No dia 23 de dezembro, mandei mensagem e fotos relatando que meu rosto estava muito grosseiro e em aspecto de ‘casca de laranja’ e me disseram que era normal, fazia parte do processo”, afirma, acrescentando que a “todo tempo mandava mensagens desesperada, tentando entender” o aspecto de seu rosto.

Já no dia 23 de janeiro, Isadora Milhomem precisou ir ao hospital após apresentar confusão mental em decorrência, supostamente, a medicamentos que ela passou a tomar por indicação da clínica. “A cada dia que passava minha pele piorava”, diz a tocantinense no vídeo, mostrando o rosto completamente desfigurado e com cicatrizes. “A ponto de não conseguir abrir a boca completamente”.

Foi quando Isadora resolveu procurar outra profissional e recebeu a notícia de que precisaria usar uma máscara especial por seis meses, 24 horas por dia. Desesperada, e já usando a máscara, a mulher enviou mensagem, novamente, ao suporte da clínica que realizou o peeling e recebeu uma mensagem que dizia que “todo peeling de fenol e AtaCroton causam uma queimadura química de segundo grau” e que todos os casos eram assim, não somente o dela.

A médica termina o vídeo pedindo para que profissionais de dermatologia (que não é a área de Isadora) se manifestasse para confirmar se, realmente, a informação procedia. Em um comentário na postagem do vídeo, no entanto, uma dermatologista identificada Marina Queiroz rebate: “Não, não é assim mesmo! Em torno de 14 dias é o período mais crítico, onde a avaliação presencial é muito importante para avaliar qualquer cicatrização inadequada e, caso seja observado espessamento da pele, alteração de textura, nesse momento deve-se iniciar corticoide tópico várias vezes ao dia. Já tive vários casos de indícios de cicatriz, mas nenhuma paciente evoluiu com cicatriz. Ou seja, o acompanhamento de perto e conhecimento sobre a evolução e o processo de cicatrização é essencial. Cicatrização de peelings profundos é diferente e é necessário conhecimento e muita experiência”.

Ao g1 Tocantins, a dermatologista Yasmim Pugliesi explicou que problema não está no peeling, mas sim nas combinações de produtos. “O ácido tricloracetico é um produto utilizado há muitos anos dentro da dermatologia. O problema se encontra quando a gente começa a fazer combinações que não são conhecidas e não são estudadas e testadas cientificamente. Quando a gente começa a ter profissionais que não têm treinamento e habilidade para utilização desses produtos”, disse.

Veja o vídeo:

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