Prisão por engano e afogamento: veja ponto a ponto de como bebê morreu após ficar sozinho com irmãos depois de pai ser levado pela polícia


Justiça determinou que o Governo de Goiás indenize a família de Miguel Tyler Pereira Gualberto em R$ 500 mil. Pai do menino diz que dinheiro vai ajudar família a ter recursos para lidar com a perda do bebê. Família deve ser indenizada em R$ 500 mil por morte de bebê
O pequeno Miguel Tyler Pereira Gualberto, de 1 ano, morreu afogado na piscina de casa após o pai dele ser preso por engano e o menino acabar ficando sozinho em casa com os irmãos de 3 e 6 anos. Na ocasião, Jonas Pereira Gualberto, pai do bebê, cuidava dos filhos e acabou sendo levado à delegacia pela Polícia Militar. Abaixo, o g1 explica o caso ponto a ponto; confira.
O caso aconteceu em Planaltina, cidade goiana que fica no Entorno do Distrito Federal. Uma decisão da Justiça de Goiás em segunda instância determinou que o Governo de Goiás indenize a família de Miguel em R$ 500 mil. Em nota ao g1, a Procuradoria Geral do Estado (PGE-GO) informou que está ciente da decisão e que adotará as medidas necessárias para o cumprimento da sentença.
Veja ponto a ponto do caso:
Prisão por engano
Morte de Miguel
Assassinato
Indenização de R$ 500 mil
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Miguel Tyler Pereira Gualberto morreu afogado em piscina em Planaltina, Goiás
Reprodução/TV Anhanguera
1. Prisão por engano:
O caso aconteceu em 2020. De acordo com a família, Jonas Pereira Gualberto estava com os três filhos em casa quando foi preso pela Polícia Militar (PM) suspeito de roubo: Miguel, de 1 ano, e outras duas crianças de 3 e 6 anos. Na ocasião, ele informou que a esposa tinha ido ao supermercado.
“Meus meninos estavam no quarto, assistindo [TV] no começo da casa. No momento que saí no portão para pegar a vassoura, eles [policias] já me algemaram e falaram que eu estava preso”, disse.
No entanto, ao chegar na delegacia, a testemunha do roubo não o reconheceu, e o homem foi levado de volta para casa. Ele soube do afogamento do filho ainda no caminho de volta.
2. Morte de Miguel:
Piscina onde Miguel Tayler Pereira Gualberto morreu, em Planaltina, Goiás
Reprodução/TV Anhanguera
Com a prisão de Jonas Pereira Gualberto, as três crianças acabaram ficando sozinhas na casa da família. Nesse meio tempo, Miguel Tyler Pereira Gualberto se afogou na piscina. Ele chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu e morreu no dia 3 de julho de 2020. Agora ele teria 6 anos de idade.
A esposa de Jonas e mãe da criança, Raifra da Silva, contou que tentou salvar o filho ao voltar para casa.
“Eu pulei dentro da piscina, peguei pelos pés dele, coloquei nos meus braços, sai com ele desesperada correndo até o portão da área de casa. Uma dor terrível, parece que o chão desabou. O mundo para mim acabou. Agora só quero que isso não fique impune”, desabafou na época do acidente.
3. Assassinato:
De acordo com as investigações, apesar de Miguel ter se afogado na piscina, o caso se tratou de um assassinato. A polícia explicou que o primo da vítima, um jovem de 26 anos, foi quem provocou a morte do menino depois de uma briga familiar.
A polícia explicou que o jovem foi até a casa do bebê buscar uma moto a pedido de familiares, depois que o tio, pai da criança, foi preso. Chegando ao local, conforme a Polícia Civil, ele ficou sozinho com o menino e as outras duas crianças. Em seguida, foi embora antes de a família encontrar o bebê morto dentro da piscina.
“Esse jovem levou uma surra do tio, que era o pai do bebê, semanas antes de a criança se afogar. Durante a reprodução simulada, nós constatamos que ele foi o último adulto a ver a criança com vida e praticou o crime para se vingar do tio”, contou o delegado Humberto Soares.
De acordo com o delegado, durante o depoimento, o investigado apresentou versões diferentes do fato. Na última justificativa, o jovem afirmou, segundo o investigador, que deixou o bebê no corredor que dá acesso à piscina, mas negou que tenha o jogado na água.
“Esse bebê tinha algumas deficiências na coordenação motora, o que o impedia de chegar sozinho até a piscina, subir os degraus que estavam na borda e pular na água. Com isso, concluímos que esse jovem ou jogou a criança, na pior hipótese, ou a colocou em perigo e não impediu que o pior acontecesse”, explicou.
Segundo o delegado informou na época, um pedido de prisão preventiva chegou a ser feito ao Judiciário, mas ele foi negado. Portanto, o indiciado respondia ao processo em liberdade.
O g1 não conseguiu contato com a defesa do jovem para que pudesse se posicionar sobre o caso.
4. Indenização de R$ 500 mil:
Uma decisão da Justiça de Goiás emitida em outubro de 2024, mas que só veio a público em fevereiro deste ano, determinou que a família deve ser indenizada pelo Governo de Goiás em R$ 500 mil. Anteriormente, o estado recorreu da decisão, mas ela foi mantida em segunda instância.
A Justiça estabeleceu que o estado pague a indenização por danos morais porque considerou que “o evento danoso [a morte do bebê] decorreu da ação ou omissão do agente público”.
À TV Anhanguera, a PM informou que a investigação interna realizada na época do acidente concluiu que os policiais envolvidos não tiveram responsabilidade sobre a fatalidade.
Para o pai de Miguel, Jonas Gualberto, a indenização é uma forma de a família ter recursos para lidar com o abalo que a perda do bebê causou a todos.
“Eu acho que nunca vai ter justiça, porque aconteceu de uma criança morrer inocente, sem ter culpa de nada. Eu sei que nada vai trazer ele de volta, mas, pelo menos, vamos ter uma condição de dar uma vida melhor para os irmãos dele”, afirmou o pai do bebê à TV Anhanguera.
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